TEORIA DA
FORMATAÇÃO
DO CÉU
Itabuna, Bahia - Brasil
2012
Dal Castro
TEORIA DA
FORMATAÇÃO
DO CÉU
Copyright 2012, Dal Castro
Todos os direitos reservados ao
AUTOR.
Revisão
xxxx
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
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Ficha catalográfica :
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reprodução não-autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja total ou
parcial, constitui violação da lei
n 9.610/98.
AGRADECIMENTOS
Ao Grande Arquiteto do Universo, que nos
proveu de inteligência e inquietude para que não nos acomodássemos diante das
atrocidades e desvios de conduta de pessoas fracas, verdadeiros deficientes,
desse mundo em que vivemos. Assim, provocamos mudanças no planeta e no
universo.
Enquanto mentes ruins provocam mudanças
negativas, os de mentes brilhantes trazem para o nosso conforto, a água
potável,
o fogo, a roda, a máquina, o motor, os cartórios
e as leis, os ambientalistas, os cientistas, os médicos, eu e você, a
felicidade, o prazer, a paz e o amor. “O MEU MUITÍSSIMO OBRIGADO”.
DEDICATÓRIA
Aos homens e mulheres, que sonham com um
passado que não viveram. Tão misterioso e de difícil entendimento, e vivem num
momento real, transformando o que acreditam está errado em uma verdade correta
e concreta.
A minha filha, esposa, mãe, pai, irmãos,
tios e primos, por contribuírem pela construção de uma vida melhor, para si e
para o mundo.
PREFÁCIO
Ao ler este livro de Castro, você vai se
deparar com situações que poderá fazê-lo chorar e às vezes sorrir. Impossível
imaginar que o universo possa passar por transformações tão grandes, provocadas
pelo homem. Nesta obra criada por Castro, todos nós, leitores, deveremos ativar
um pensamento crítico relacionado aos danos que estamos fazendo ao meio
ambiente. A nossa imaginação deverá fazer uma viagem pelo universo, buscando no
passado e no presente mudanças que já presenciamos e vivemos no planeta. Rios
que secaram, animais que desapareceram, terras férteis que viraram verdadeiros
desertos. E sem a necessidade de viajarmos muito longe iremos perceber que
verdadeiras fortunas foram gastas para desenvolvimento da ciência em favor da
vida, entretanto foram transformados em venenos e bombas capazes de dizimar a
raça humana do planeta terra.
A história é ainda enriquecida com um
toque de ação e suspense. O autor, que também é personagem, se envolve em uma
trama que expõe sua própria vida em riscos. Há momentos em que não sabemos se
ele sobreviverá e há outros em que notamos que forças estranhas o defendem,
livrando-o da morte. Essas situações fazem com que o leitor embarque em
verdadeiras viagens pelo mundo da imaginação.
Quando li “Teoria da Formatação do Céu”
pela primeira vez, me surpreendi com pensamentos que jamais havia tido antes.
Sabia que a história era ficção, era fruto da imaginação do autor, porém,
levou-me a pensar no que estamos fazendo com o planeta. Fiquei pensando em qual
seria o nosso papel, qual o papel do governo, qual o dos cientistas, dos
ambientalistas, em fim, o que devemos fazer para evitar uma nova explosão, como
parar a destruição.
Davi Roberto
APRESENTAÇÃO
Estávamos na cidade de Caetité nos arrumando
para uma viagem a Bom Jesus da Lapa. Foi aí que falamos sobre o livro de poemas
que ele estava concluindo. Sempre que acessava a INTERNET, visitava sua página no
ORKUT para ler seus últimos poemas e acabava relendo todos novamente. Seus
poemas têm algo diferente, falam de um amor quase platônico e outros têm uma
ousadia branda e comportada. Na nossa viagem, prometemos um ao outro que
escreveríamos um livro que contasse um pouco da nossa história e falasse do
nosso avô. Adalci Almeida de Castro
ou Kastrolle - como o chamamos - sempre gostou de escrever, fazíamos parte de
um grupo de jovens da Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Itabuna. Juntos
escrevíamos textos, peças de teatro, nessa época chegamos a editar um jornal
que era distribuído entre amigos e familiares. Nós, seus leitores, há muito
esperávamos sermos contemplados com essa obra, que na verdade é um presente
para todos nós. Gostaria de citar aqui um de seus poemas, que me transporta
para um mundo filosófico de uma realidade quase sempre certa, porém nunca
definitiva, e me faz ficar com saudades de meu tempo de Estudante do Curso de
Filosofia da UESC:
RENDA-SE
NÃO HÁ NADA TÃO MAIS
QUE NÃO POSSA
SER UM POUCO MENOS
NÃO HÁ UM AMOR TÃO GRANDE
QUE POSSA SER ETERNO
NÃO HÁ UMA COISA TÃO CERTA
QUE POSSA SER DEFINITIVA
NÃO HÁ TRISTEZA TÃO FORTE
QUE NÃO SE RENDA A UMA
ALEGRIA.
A Teoria da Formatação do Céu mostra para
todos nós que a realidade da vida pode ser misturada com a ficção ou
simplesmente contada de forma criativa com muita imaginação.
WASHINGTON LUIZ DE ALMEIDA
Filósofo, Pós-Graduado em Gestão
Estratégica
Recursos Humanos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................15
O Primeiro Passo.............................................17
A VIAGEM.....................................................
21
A
SELEÇÃO................................................... 26
UMA MISSÃO ESPECIAL PARA VOCÊ......... 31
O GRANDE GOLPE.........................................33
UM PAPO INFORMA.....................................
37
MANECA ATUM............................................
41
PENA BRANCA.............................................
42
A REUNIÃO INICIAL....................................
45
O TELEFONEMA...........................................
49
ASSASSINO E COVARDE.................... ........54
ROCHEDO
E DO VELHO BUDISTA........... 59
CINCO MESES DEPOIS................................
64
A FESTA........................................................
65
O DIA SEGUINTE.........................................
68
A INVESTIGAÇÃO.......................................
73
UM PAPO COM O AUTOR...........................
77
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO............. 83
AOS AMIGOS E
FAMILIARES..................... 84
A COLETIVA................................................
87
RETORNO AO QUARTEL GENERAL......... 89
23 anos depois..............................................
89
INTRODUÇÃO
Segurava na mão um pequeno broto de
cacau, olhei para o céu e vi uma luz brilhando e vindo em minha direção, me
escondi atrás de uma árvore e aquela luz pousou sobre um pé de sapucaia, bem
próximo de onde eu havia me escondido. Rapidamente fui ver do que se tratava.
Era um raio que despencou lá de cima e espatifou-se cá embaixo. Tive medo, mas
controlei-me. Sentei-me ao chão e comecei a pensar nas coisas do céu, na lua,
nas estrelas, no sol. Foi daí que nasceu a idéia
de escrever essa história, e assim o fiz,
misturando a ficção com a realidade, o provável com o improvável, em fim a
verdade e o sonho.
O autor
TEORIA DA FORMATAÇÃO DO CÉU
O Primeiro Passo
Há 23 anos,
iniciei uma pesquisa científica, visando identificar qual a origem da formação
do CÉU.
O primeiro
passo seria formar uma equipe com interesse comprovado pelo assunto. Entendi
que necessitaria ter cautela na escolha destas pessoas, de uma coisa eu tinha
certeza, para formar uma equipe competente e experiente, teria que buscar
também fora dos limites do nosso continente. Decidir me preparar para uma longa
viagem, antes, porém, chamei Evandro para uma conversa, precisaria dele para
viajar antes de mim, assim quando chegasse, já encontraria algumas coisas
encaminhadas.
-Vou arrumar
minhas roupas. Ah! Empresta-me a sua mala, é que a minha rasgou, mãe colocou no
arame pra secar, fui pegar, puxei de uma só vez... resultado era arame farpado, ferrei a mala Kastrolle.
-Caramba! Não
consigo lembrar-me onde a coloquei. Hum! Ah! Lembrei. Tá na porta mala do carro esqueci quando
cheguei do Vinhático. Pegue a chave pendurada no prego da sala.
Vinhático era o
nome de uma das fazendas do meu avô, para chegar neste local tínhamos que ir de
carro por um ramal ou a cavalo, ficava distante da fazenda principal de nome
Santa Maria uma légua, que corresponde a 6 km. O vinhático, é uma Árvore, cuja
madeira é bastante usada para fabricação de móveis dos variados tipos, sofás,
camas, prateleiras, estantes, é usado também para fabricação de canoas e
edificação de casas, Na época em que o Brasil era Colônia de Portugal, foi
exportada para as finalidades citadas, sem nenhuma forma de controle. Considerada
Madeira de Lei, pela sua resistência e durabilidade. Seu nome científico é
“Plathymenia reticulata”, da família das “Leguminosae – Mimosoideae”, pode
alcançar até 12 metros, de flores brancas, dão um fruto em vagem de tom avermelhado
ou marrom, com aproximadamente 10 sementes.
A fazenda do meu avô levou esse nome “Vinhático”, por possuir muitas
desta árvore em toda a sua extensão, seja na parte onde ainda tinha mata nativa
ou na área onde havia cacau plantado. O plantio de cacau exige sombreamento e
por sobre as árvores de cacau são deixadas as árvores de porte maior,
geralmente, o Jequitibá, sapucaia, o vinhático e muitas outras. Nas áreas onde
não há mais árvores nativas, normalmente os fazendeiros plantam bananeiras para
dar sombreamento ao plantio de cacau.
-Não se preocupe,
arrumo tudo e vou ainda hoje para Itabuna e amanhã bem cedinho sigo para Ilhéus
de lá pego um voo para o Rio de Janeiro.
-No Rio
Calango, procure José Valmiro, filho de tia Josefa, ele é contador e
despachante, vai te ajudar com o Passaporte
o visto e o que mais for preciso até seu
embarque para a Europa, que provavelmente acontecerá daqui a uma semana se não
houver imprevistos. Nada de farra no Rio de Janeiro, lembre-se que está indo a
trabalho. Assim que eu resolver algumas
pendências sigo também e nos encontraremos na Europa.
Fiquei entre a fazenda, a cidade de Camacã e
Itabuna, durante alguns dias resolvi tudo que pude o que não consegui deixar
pronto fiz uma pequena relação e pedi ao primo Otto que as resolvessem para
mim, em seguida mandei que chamassem meus irmãos, Zeni, Deni, Dina, Diana,
Sandra, Andréia e Álvaro e meus pais, Hilda e Adonias e lhes expliquei, que
teria de ausentar-me por uns dias, mas
que logo estaria de volta. Dos irmãos, apenas um estava ausente, era Altair, o
mais velho dos homens, que se encontrava em Salvador, servindo a Aeronáutica. Comuniquei minha decisão a todos em detalhes,
lamentando o fato de meu irmão mais velho não está ali para me ajudar. Aos 17
anos inscreveu-se nas Forças Armadas, após 21 meses do ingresso tornou-se
Tenente. Com 1,85 m
de altura, magro, olhos castanhos claros, cabelos bem aparado e barbeado, muito
assediado pelas garotas que suspiram quando ele passa. Sempre muito calmo,
sorriso largo, entretanto, como oficial das Forças Armadas desenvolveu algumas
características próprias dos militares, mas a principal é a firmeza nas tomadas
de decisões e a imposição de respeito. Certa vez, perguntei por que quando nos
visitava ou saiamos juntos nunca usava o fardamento da Corporação, respondeu
que poderia ser alvo de bandidos que já sofreram alguma ação da policia e
desenvolvem desejo de vingança, para esses marginais, não importa se é Exército,
Aeronáutica, Marinha ou Policia Militar, estando de farda o risco é o mesmo e a
sede de vingança a mesma também. Relatou também que tratava-se principalmente
de zelar pela vida das pessoas com quem ele se relacionava ou estava em sua
companhia que acabariam sofrendo as consequências num eventual ataque a sua pessoa
quem o estivesse ao seu lado poderia ser atingido. Explicou que normalmente os
Militares em serviço, atuam em pares para não serem pegos de surpresa e quando
não estão em serviço, preferem ocultar a sua identidade profissional.
Apesar de saber que a farda dar status e
atrai as mulheres, mesmo assim, dizia: “é preferível não correr o risco. Evitar”.
Com essa postura madura e prudente, quem não o conhece não o identifica como um
Oficial da Aeronáutica, mas, o respeita pelo modo de agir e comportar-se.
Outro dia
estávamos numa mesa de bar na
cidade de Camacã, quando de repente, dois sujeitos, um baixinho gordo, vestindo
calça jeans e uma jaqueta preta, óculos de grau, o outro era alto e forte, bem
moreno e vestia-se igual ao baixinho, entretanto não usava óculos de grau, e
sim, um bem escuro. Ambos aparentavam uns 25 anos, aproximaram-se do balcão e
pediram um conhaque. Quando terminaram a bebida disseram ao dono que o conhaque
estava misturado com Metanol e não iriam pagar. O balconista, um garoto de 20 e
poucos anos, cabelos longos, moreno com corpo atlético e músculos amostra saiu
detrás do balcão atravessando o caminho dos dois maus pagadores, cercando-os. O
grandalhão fez um movimento chamando-o para briga. O garoto tentou surpreender o moço mais alto aplicando-lhe rapidamente um soco, porém
antes de atingi-lo, recebeu um chute por trás do baixinho de óculos de garrafa,
caindo ao chão sem forças para reagir. Eu e Altair que assistíamos à confusão
permanecemos sentados, porém quando o garoto recebeu o golpe por trás meu irmão
levantou-se e identificou-se como
Oficial, pedindo aos safados
bagunceiros que sentassem enquanto ele
telefonaria para a polícia vir buscá-los. O rapaz de bigode comprido e
apontando para cima, era o mais forte, pegou uma garrafa sobre a mesa ao lado e
partiu em direção de meu irmão tentando atingi-lo. Rapidamente ele abaixou-se
segurou a mão do valentão com excessiva força e o fez sentar-se. Sem pronunciar
mais uma palavra aos rapazes, virou-se com cautela, usou o orelhão do bar que
ficava próximo à porta. Dois minutos depois a polícia chegou, perguntou o que
havia acontecido. O garoto, já recuperado prestou esclarecimentos aos policiais. Os dois
arruaceiros foram algemados e colocados dentro da viatura policial e encaminhados
para delegacia. Fiquei pasmo com a calma e a rapidez com que Altair resolveu o
problema e ainda mais estarrecido com a autoridade que exerceu sobre os
bandidos fazendo-os esperarem pela policia sentados. Pedimos a nossa conta ao
garoto e já íamos saindo quando o menino aproximou-se e perguntou:
-O senhor deve ter aprendido a hipnotizar as
pessoas ou então é feiticeiro. Eu nunca tinha visto antes um negócio daqueles.
Os babacas ficaram sentados esperando a polícia chegar, nem tentaram fugir. Foi
demais mesmo. Obrigado por ter me ajudado. Meu pai é o dono do bar e está perto
de chegar, vocês não querem esperá-lo?
Meu irmão
agradeceu o convite e se despediu, dizendo:
-Garoto, você
foi muito corajoso enfrentando os dois rapazes ao mesmo tempo, entretanto,
tenha muito cuidado, nem sempre a força e os músculos resolvem uma questão,
seja prudente, eles poderiam está armados de arma de fogo.
Já havíamos presenciado outras cenas de
atuação do meu irmão, sempre notávamos que preferia usar a inteligência à
força.
Apesar da distância que existia entre a fazenda,
onde ficávamos e a base da Aeronáutica da Bahia, mais ou menos uns 600 km, ele
vinha nos visitar de 15 em 15 dias.
A
VIAGEM
Aprontei-me para minha viagem internacional e
como o avião tinha escala em Salvador combinamos que nos encontraríamos no
aeroporto.
Um dia antes
da minha retirada da Fazenda, a tardizinha, eu cacei uns gravetos de pau seco
de árvores caídas ao chão, fiz uma fogueira e por volta das 20 h, a boquinha da
noite ateei fogo. Sentamos ao redor da fogueira, uns no chão outros pegaram uns
bancos e começamos a prosear. Pai trouxe espeto e umas espigas de milho,
Everaldo também se achegou, enfiou num espeto uns berés, piabas, que havia
pescado no Rio das Traíras, rio que passa próximo da casa sede, logo abaixo, a
uns 100 m. de distância. Olhei do seu lado e percebi haver uma bacia lotada com
acaris, pitu, camarão calambau, curuca e duas ou três traíras. Todos sãos
peixes abundantes, dos rios que banham a fazenda, o Rio das Traíras e o Rio
água Preta, de todos os peixes o mais estranho e que acredito puco conhecido é
a Curuca, é um crustáceo, cuja Puã dianteira é dobrada e não tem o gancho para
segurar os alimentos como tem o camarão o pitu. Ficamos por horas a fio,
beliscando um peixinho torrado na brasa e comendo milho assado, para beber mãe
fez um suco de limão balão e um cafezinho da roça, cujo cheiro nos faz delirar
e passar a língua pelos lábios, quase que automaticamente, basta olhar uns para
us outros que notamos a língua circulando os lábios de cada um como num ritual.
Finalmente nos recolhemos as dependências da casa para adormecer num sono
gostoso e profundo.
No dia seguinte, mãos a obra! Levantei-me bem
cedo, a mala estava pronta. Tive que comprar outra, claro, pois Evandro viajou
com a minha, porem uma mala só não foi suficiente, aproveitei uma mochila de
Altair, não é que eu tivesse muitas roupas para levar, até me aconselharam a
levar poucas para aproveitar e fazer umas compras por La, a verdade é que na
bagagem levava alguns livros, caderno de anotações e coisas da fazenda para
comer, como: carne seca, frutas, tais como groselha, jambo ou Eugênia, como a
chamávamos na roça, laranja, banana nanica, e coco de licuri.
Saindo da
fazenda, passamos pela cidade de camacã, através de estradas de cascalho e
barro, cheias de buracos, são 14 km entre a fazenda e a cidade de Camacã. De
camacã ao entroncamento com a BR 101, são mais 15 km, mais ou menos, com estradas idênticas. Chegando ao
entroncamento, pegamos a BR 101, sentido
Itabuna, à esquerda, o sentido da direita levaria a Porto Seguro, São Paulo,
enfim regiões do sul e do sudeste, etc. viajei mais 80 km depois do ponto que
pegamos a 101. A BR 101, era asfaltas e estava em boas condições, até a cidade
de Itabuna, foram mais uns 90 min. De viagem, num Jeep, pertencente ao meu avô,
dirigido por meu pai, que embora preferisse dirigir o seu caminhão Mercedes
Benz velho, fabricado em 1966, adquirido com a ajuda financeira do meu avô. Em
Itabuna, almoçamos, na casa da família, no endereço da Rua do Prado, 72, no
bairro Conceição. Por volta das 13 h depois de deitar um pouco, continuamos
nossa viagem até a cidade de Ilhéus, cuja distância que separa uma cidade da
outra são 30 km aproximadamente. Em Itabuna há um Aeroporto, todavia, é
utilizado apenas para pouso e decolagem de aeronaves particulares de pequeno
porte. Seus usuários normalmente são
proprietários de grandes fazendas, ricos e políticos. Chegamos em Ilhéus, no Aeroporto, de Ilhéus a capital
Salvador são 446 km. Olhei para o relógio eram 15 h o horário do meu voo até a
cidade de Salvador seria as 15 h, aproveitei para me despedir de pai de Marcelo,
Katia, Emimare e Vanuza, que haviam aproveitado a viagem para dar uma passeada
e olhar o mar.
Com previsão
de chegada a Salvador em 40 minutos, incluindo decolagem e pouso. Encontrei-me
com Altair no saguão do aeroporto, ali mesmo sentamos e iniciamos uma longa
conversa, observei que ele estava bem à vontade, vestido de bermuda, óculos
escuros, camisa branca e jaqueta jeans, destas envelhecidas artificialmente
pelo fabricante, tinha uma tonalidade azul, bem clarinho causado pelo
envelhecimento artificial, calçava tênis cinza.
Concentramos nossa conversa na missão que
nosso avô me atribuiu, pedi alguns conselhos, dicas de hotéis, pessoas que
poderiam me ajudar no exterior. Por ser mais velho, possuía mais experiência do
que eu, além de ter viajado algumas vezes para a Europa. Estudou por 12 meses
no país de Gales, aproveitando um Intercâmbio oferecido pela escola que estudava.
Falamos também um pouco de garotas, entretanto neste assunto, sempre muito
discreto, procurou esquivar-se, preferiu falar-me apenas, que estava apaixonado
por uma garota de Camacã e que por enquanto estava na fase de conquista da
menina, mesmo assim, ainda conseguir lhe tirar algumas respostas, falou-me que
era morena, cabelos e olhos negros, magra, baixa, todavia, quando perguntei
pelo seu nome, ele foi logo mudando de assunto, pedindo que desse notícia de
nosso pai e de nossa mãe. Como estavam e coisa e tal.
Olhei para o relógio do aeroporto e percebi
que estava na hora do novo embarque. Agora eu iria pegar um novo vôo para a
Grécia com escala em São
Paulo e Nova Iorque, sem a necessidade de troca de aeronave.
Ao chegar à Europa,
berço da civilização, na Grécia - cidade de Atenas, encontrei-me com O Primo
Evandro que viajou três meses antes de mim, com a finalidade de pesquisar e
criar uma lista de nomes para facilitar a minha escolha quando chegasse o
momento de definição. E este era o momento, motivo pelo qual estava ali naquele
instante.
O primo muito
mulherengo foi logo me dizendo:
-Kastrinho,
aqui tem cada garota bonita moço. Estou encantado, cada uma mais bela do que a
outra, pelo que estou vendo vou voltar para lá casado.
-Êpa! Calma
rapaz, nós estamos aqui a trabalho, esqueceu foi?
-Por falar em
prazer, você lembra qual foi a última vez que nos divertimos de verdade com
mulheres?
-Olhe Evandro
lembro-me sim. Se não estou enganado, estávamos: Eu, você, Otto e Junior, em
Camacã, na Rua do Tapa. Lembra?
Caro leitor
amigo, O lugar conhecido como –Rua do Tapa, - era uma ruazinha bem estreita,
não era permitido passar carros, as casas eram simples, pintadas com tintas a
base de água, quando as pessoas se encostavam nas paredes saiam com as roupas
sujas da tinta de má qualidade que se soltava ao tocá-la. Quase todos os
estabelecimentos eram compostos por: Um salão de dança com um bar e diversos
quartos para que os homens pudessem aproveitar do lugar sem precisar sair.
Pagava-se pelo quarto e pela mulher. Além dos estabelecimentos completos com
salão de dança, existiam também casas só para o sexo, os homens escolhiam as
mulheres, após uma dança ou uma troca de olhares e saiam para essas casas,
compostas só de quartos de um lado e do outro com um corredor no meio.
Ficamos, eu e
Evandro lembrando os acontecimentos de uma das nossas visitas a aquele lugar.
Divertimos-nos bastante, posso garantir. Eu peguei uma moreninha e a levei para
um quarto apertado e escuro, que ela me indicou. Ao entrarmos, percebi, pelo
calor, que ali não tinha janelas, faltava um ventilador. O calor era
demasiadamente forte. Apesar do escuro, observei quase tudo: Debaixo da cama,
uma bacia para a mulher lavar as partes íntimas depois da sessão de sexo. Ao
lado, um pequeno berço de madeira escorado com tijolos, dentro, um recém
nascido, que parecia estar com fome, pois chorava muito, calculo que o bebê
deveria ter apenas uns 05 meses. Para completar o ambiente, totalmente
desagradável e desapropriado ao amor ou mesmo ao sexo, ouvia-se um som alto que
vinha da boate que ficava do lado da casa, ralhando, chiando, causando um
barulho infernal, que incomodava demais, tirando-me a concentração. A moça foi
logo tirando as roupas se deitando e abrindo as pernas e me chamando para aproveitar
que ela tinha pressa e precisava atender outros clientes. A morena tinha uns 18 anos com cara de 30, baixa, magra, não
era feia não, mas estava muito maltratada, os peitos caídos, cabelos crespos,
despenteados. De agradável, apenas o perfume, usava uma colônia de um aroma
suave e gostoso.
Olhei para a
moça deitada em posição de combate e lhe falei que infelizmente não dava para
continuar, pois o meu bichinho, diante de tanta perturbação no ambiente não se
levantou. A garota tentou fazer um carinho, mas foi em vão. Por fim, a mulher
embraveceu e disse que eu só saia dali se pagasse pelo menos à metade. Paguei.
Paguei e sair correndo daquele quarto feio e escuro sem conseguir o que
pretendia. Logo depois encontrei Evandro todo feliz da vida, sorrindo para
todos os lados, dizendo que havia encontrado a mulher de sua vida e estava
apaixonado. O próximo a chegar foi Otto, com cara de zangado, disse que estava no quarto quando alguém bateu a porta,
era o cafetão da mulher. Um sujeito com cara de mal com uma arma a amostra na
cintura, empurrou a porta e entrou. Otto
foi logo se despedindo, apesar de não ter feito o que tinha ido fazer,
entretanto, achou conveniente ir embora a fim de evitar problemas. O moço, não satisfeito, botou a mão no seu
ombro, olhou para a camisa dele mandou que a tirasse:
-Camisa
bonita, garoto!
-Obrigado.
-Dê ela para
mim, estou precisando de uma blusa dessas para a festa de amanhã.
Otto é magro,
cabelos curtos, olhos negros, estatura mediana, praticou 03 anos de judô na
academia de Makalé em
Itabuna. Sempre muito calmo, mas ninguém mexe com ele não,
quando perde a paciência, sai de debaixo.
-Porque não
vem tomar?
O aproveitador
de mulheres, cafetão safado, foi logo levando as mãos à cintura para puxar a
arma, porém antes de sacá-la, Otto disse que deu um golpe com os pés em seu
saco, imobilizando-o, tomou o revólver do sujeito, amarrou suas mãos com o
lençol da cama. Mandou a mulher deitar-se, fez amor. Pagou, jogando o dinheiro
em cima da cama, saiu do lugar com cara de bravo e cuspindo fogo.
-Olhe
Evandro, vamos voltar ao trabalhar que é melhor depois agente lembra dessas
loucuras que fizemos.
-Fala sério
Kastrolle, você fica é com vergonha por ter sido o único que não conseguiu.
-É sim, quer
dizer não. Não, não tem nada a ver. Vamos logo o que você conseguiu nestes dias
aqui?
-está
aqui comigo uma lista com 18 nomes, todos com as características solicitadas.
A
SELEÇÃO
Iniciamos
então, o processo de escolha analisando um por um, pesquisando tudo que
podíamos descobrir. Os que de alguma forma não se enquadravam íamos riscando. O
local que estávamos era aconchegante, um hotel no alto de uma encosta com vista
para o mar, construído com pedras e as paredes recobertas com milhares de
pedrinhas retiradas do fundo do mar. Passamos alguns dias pesquisando, fazendo
visitas, entrevistando pessoas, acessando Internet em fim, concluímos.
Solicitei o Evandro que voltasse ao Brasil e
fui à busca dos selecionados. Recrutei o
físico de renome Maneca Atum; na Ásia encontrei o astrônomo conhecido como
Cabeça de Rochedo; na América Central,
um Índio chamado Pena Branca, nascido no México e finalmente um brasileiro
astronauta chamado de Cinqüenta e Um por ter
Idéias controvertidas.
Nossa reunião inicial foi na fazenda Santa
Maria, onde nasci próximo da cidade de
Camacã, ali seria nosso Quartel General.
Já passavam
das 11 horas, do dia 30 de janeiro de 1986, até então, na sala, eu e o Maneca
Atum. O Dr. Atum, como passei a chamá-lo, nasceu na cidade de Pireus, e ainda
criança foi morar em Atenas, era um menino diferente, enquanto as crianças da
mesma idade iam brincar, ele fabricava barcos e os vendia para ajudar nas despesas
de casa. Morava só com a sua mãe, seu pai desapareceu pouco antes do seu nascimento.
Havia saído para pescar e segundo pescadores, deixou o barco a nado ao avistar
uma sereia, e nunca mais souberam do seu paradeiro. Alguns dizem que foi
enfeitiçado por ela. Casou-se e vivem no
fundo do mar.
O menino, fabricante
de barcos, havia preparado um especialmente para o seu uso, as laterais eram
ornamentadas com conchas e búzios. Nos finais de semana colocava o barco no mar
e saia com mais dois amigos para pescar. A isca era um espelho que apontavam
para as águas cristalinas do mar e os peixes atraídos por suas próprias imagens
se aproximavam e os pequenos pescadores atiravam uma estaca de ponta no bicho.
Numa dessas pescarias o Pequeno Panagiotys, seu nome verdadeiro, içou um peixe
enorme e todos que viram diziam que era um Dourado e o menino dizia que se
tratava de um Atum. “É um ATUM! Minha mãe me falou que atum é assim, dessa cor”
e todos riam e desse dia em diante passaram
a chamá-lo de Maneca Atum. Maneca, porque havia um pescador velho do lugar que
pescava Atum, conhecido por todos por Maneca Atunzeiro.
O
Dr. Atum, tinha cabelos rentes com o couro cabeludo, bem curtinho, olhos
claros, magro e alto, 1,95 m
de altura.
Além
de pescar e fazer seus próprios barquinhos para pescaria, Panajiotys adorava
estudar matemática e física. Entretanto o que mais gostava de fazer era olhar
para o céu e passar horas ali admirando e contando estrelas.
Por isso o céu
passou a ser seu objeto de estudo, aos sete anos de idade, conhecia todas as
estrelas pelo nome, sua localização, sua intensidade de iluminar e calculava à
distância entre uma e outra. Sabia da história dos planetas. O céu era sua
fixação, se não tivesse levado o apelido de Atum, com certeza seria chamado “o
homem do céu, o homem das estrelas ou alguma coisa parecida”.
Já passavam
das 11h30min e a equipe estava quase completa, restando apenas, o índio Pena
Branca, que decidiu vir do México a cavalo e ainda não havia chegado.
Resolvemos
iniciar a nossa reunião sem a presença do mesmo. Assim, comecei o meu discurso:
-Senhores,
Como já antecipei para vocês, ao
convidá-los, e fiz isso pessoalmente, o nosso objetivo aqui será... hem! O que?
Que...
...Que barulho é esse? Vocês estão ouvindo?
Potok potok potok potok. Parece um cavalo a galope.
Saímos à varanda
para observarmos o motivo do barulho. A casa, agora, nosso quartel general,
tinha 04 quartos ,
duas salas, uma cozinha, um escritório, onde estávamos reunidos e uma grande
varanda em volta. A
varanda e o assoalho eram de madeira e as paredes de barro prensado, construída
pelo meu avô, Manoel David de Castro, no ano de 1920, localizada entre a cidade
de Camacã e Eunápolis, em meio a árvores e plantação de cacau, onde os pássaros
cantavam e os pequenos animais silvestres rondavam. Passei ali grande parte da
minha infância, juntamente com a minha mãe Hilda, meus 08 irmãos. Tinha o
hábito de deitar ao solo e olhar para o céu contemplando tamanha beleza e
ficava ali admirado com tantas luzes que iluminavam à noite. Numa dessas
noites, vi um movimento estranho no céu. Lembro-me muito bem, eu tinha apenas
08 anos de idade, havia uma estrela e a sua luz ficava visível e de repente sumia,
como se apagasse e acendesse. Logo desapareceu.
Chamei
meu avô que estava por perto conversando com Mara e Oliveira, seus filhos mais novos,
e lhe contei o que vi. Sentou-se ao meu
lado e disse que certa vez, em um sonho, um anjo lhe revelou que um dia, todas
as estrelas irão apagar e tudo virará cinza.
Essa
história ficou rondando minha cabeça por muitos anos e para minha surpresa, na
do meu avô também.
-Meu querido
neto, há algum tempo atrás te contei uma visão que tive em meu sonho.
- Jamais
esqueci aquela nossa conversa, meu vô.
-Filho, tenho
notado o amor que dedica as coisas da natureza, o respeito que tem pelas
pessoas e especialmente pelo que vê lá em cima (falou e apontou para o céu).
-É verdade, fico
perplexo com tantas maravilhas, tantas luzes que brilham no espaço celestial,
fico aqui horas e horas contemplando tudo isso... E quando saio daqui, pego
alguns livros na biblioteca do senhor e vou ler tentando ver se descubro algum
escritor que conte uma história diferente, que contraponha as existentes, pois,
acho que a contada pelos livros não é a verdade, não é realmente o que
aconteceu. Percebo meu avô, que há algo estranho lá em cima.
-Meu neto, eu
pensei bastante sobre o assunto e tenho uma missão especial para você, disponho
de um valor que vou destinar para provar cientificamente a verdade sobre a
formação das estrelas no céu. A visão que tive no meu sonho foi uma mensagem
enviada por Deus. Quero que pesquise o assunto não importa quanto vai custar,
daremos um jeito para pagar.
Tivemos essa
conversa em julho do ano de 1984 e daquele em diante não fiz outra coisa senão
tratar do assunto. Comecei preparando o escritório na casa da fazenda, pois ali
entendemos que seria o lugar mais adequado para pesquisarmos, havia espaço e a
natureza haveria de ajudar.
O GRANDE GOLPE
Quando
tudo estava pronto e já estávamos discutindo sobre a equipe que montaríamos,
veio o grande golpe. Na manhã do dia 03 de julho de 1985, os pássaros deram o
primeiro aviso. Um beija flor, entrou na sala pela janela, como era de costume,
porém neste dia foi diferente; como se quisesse avisar, voou, voou e parou no
ar. Cantou um canto triste. Pousou no ombro do meu avô e com o bico o beijou por
várias vezes repetidamente. A impressão que tive é que transmitia algo em seu
ouvido a cada beijo.
No mesmo
instante, lá fora, observamos diversas espécies de aves, pousados sobre o
balaustre da casa, entoando em coro outro canto triste, como fosse uma
despedida. Algo inexplicável e indescritível acontecia naquele instante. O
canto, pelo tom, parecia demonstrar uma imensa tristeza, se vocês já ouviram
aquela música que fala do Menino da Porteira, vão entender a dor e a tristeza
que um canto é capaz de transmitir. A natureza chorava e eu, inexplicavelmente
também, comecei a chorar. Era tudo muito bonito, porém triste demais... Não sei
explicar, mas um vento frio passou e arrepiei-me...
Era
um presságio, naquele mesmo dia sombrio as 08h00min meu avô faleceu.
Ao entardecer,
ali mesmo no cemitério da fazenda, ele foi enterrado acompanhado por outra
manifestação dos pássaros, que voavam sobre o caixão e do alto jogavam pétalas
de rosas que carregavam nos bicos. Uma chuva bem leve molhava nossos rostos como
se a natureza toda chorasse naquele instante, todos os presentes ficaram
emocionados e choraram juntos. Lá no alto do céu, os pássaros continuavam
fazendo revoada - de um lado para o outro, formando nuvens. Eram de todas as
espécies: canários, curiós, pica paus, bem ti vis, andorinhas... O comando era
de um beija flor que voava na frente como um maestro regendo a orquestra.
Não sei
explicar a relação que meu avô tinha com os animais, apenas, nos dizia que
deveríamos ter carinho e não cometer nenhuma violência com os bichinhos. Assim
poderíamos obter a confiança deles e que se obtivermos essa confiança, jamais
seriamos atacados por um animal feroz ou peçonhento. “O que faz os bichos
atacarem as pessoas é o medo que eles sentem delas. Pela sua perversidade,
entretanto, se tem confiança em você, não vai ter medo e não vai te atacar. Não
se esqueçam disso”.
Minha cabeça
estava confusa, lembrava-me de muitas coisas e momentos aos quais vivi com meu
avô. E foi ai que me lembrei de um fato interessante. Há uma semana atrás, ele
havia me chamado para acompanhá-lo até ao banco. Lá me mostrou documentos de
uma empresa que havia registrado com o nome de “A VERDADE DITA EM UM SONHO.” Abrimos
uma conta corrente, e eu fiquei como procurador. Ele efetuou um depósito na
conta e disse: “ Filho, conforme o orçamento inicial que fizemos esse valor
será suficiente com sobras para a conclusão das nossas pesquisas”.
Somente
agora, aqui, no cemitério, ouvindo essa melodia entoada por um coral de
pássaros, que percebo a atitude que ele tomou. Certamente já previa o dia da
sua partida, foi por isso que preparou tudo antes de nos deixar. Naquele
instante prometi a mim mesmo que lutaria com todas as minhas forças para
continuar o projeto que havíamos iniciado.
O falecimento
do meu avô deixou-me mais decidido a perseguir aquele projeto e era por isso
que tinha deixado os amigos e o meu lazer um pouco de lado para me dedicar
exclusivamente às pesquisas.
Meu amigo
leitor, essa era a razão de estarmos
todos ali. ... Daquela varanda, víamos ansiosos a chegada de mais um obstinado,
resolvido a desvendar os mistérios sobre a existência das estrelas, dessa vez, o bravo índio veio montado em seu cavalo branco que se aproximava
a galope. Desmontou e foi dizendo “Bom dia,
desculpem-me pelo atraso”, respondemos em inglês, como havíamos
combinado que seria a nossa língua comum “Good morning my friend.”
Decidimos
que seria melhor aguardar o Pena Branca descansar um pouco para reiniciarmos a
reunião. Antes, porém, nos contou sobre sua viagem, disse que viajava há 60
dias. Observamos que o seu cavalo, Cara Pintada, como era chamado, estava com
boa aparência e parecia descansado. Explicou-nos que viajava um dia e
descansava outro e que não viajava no sol quente, que trazia consigo uma cabana
compacta contendo um material especial de sua invenção que refrescava e
massageava o animal, enquanto ele também descansava usando um serviço
semelhante para o ser humano, também de sua invenção.
Convidei
o índio Pena Branca para fazer parte da equipe porque fora vítima de chacotas
por ter apresentado em um programa nos Estados Unidos documentos que diziam que
as luzes que víamos nos céus, foram acesas por povos antigos. Não lhe deram nem
chance de explicar, retiraram-no do ar imediatamente...
Trataram-lhe como louco.
Fiquei
interessado no que ele falou e decidi visitá-lo nos Estados Unidos. O nosso encontro
foi amistoso, mas se mostrou muito desconfiado, aos poucos fui ganhando a sua
confiança e passou a mostrou documentos
antigos contendo rabiscos, desenhos que passamos a decifrar juntos. Retornei em
seguida ao Brasil, pois tinha outros assuntos urgentes a tratar.
UM PAPO INFORMAL
Embora
não quiséssemos perder tempo. Resolvemos bater um papo informal, contar
histórias que aconteceu conosco e que de
certa forma mudaram nosso conceito de vida, nossa visão de mundo ou
simplesmente ficaram na nossa memória por alguma razão especial.
Pois
bem, vou contar para vocês uma dessas, só que não aconteceu comigo, ouvi da
minha mãe. Contou ela, caro leitor que certo dia estava em casa, esta mesma
casa em que estamos aqui reunidos e de repente, chega Manoel David. Ele mesmo,
o meu grande avó. Continuei e dei umas risadas, RSRSRSRS. O responsável por
estarmos aqui nesta empreitada, a mais difícil das nossas vidas, creio eu. Já aos
80 anos de idade, pessoa serena, destas que devemos ter como exemplo. Nascido
em Pernambuco, na cidade de Alagoinha, próximo à cidade de Pesqueira, saiu de
lá bem jovem com destino a Bahia. Em Salvador, soube que havia um navio pegando
passageiro para o sul do estado. Embarcou neste navio e na cidade de Canavieiras,
desembarcou.
Lá, em
terra firme, ficou sabendo que uns tropeiros estavam saindo para um lugar
chamado Camacã. Onde estavam precisando de homens para trabalhar na lavoura,
logo se juntou a uma comitiva rumo a Camacã.
Adentrou a
mata densa na companhia tinha os tropeiros e suas mulas. Tiveram cuidado no
percurso, pois ali ainda existiam índios bravos que preparavam emboscadas e
atacavam as comitivas que por ali passavam, invadindo o seu espaço sagrado,
suas terras..
Em Camacã, conseguiu trabalho na lavoura de Cacau. Conheceu uma linda jovem
e encantou-se por ela, ficou por ali até conseguir a simpatia do pai da moça e
a pediu em
casamento. Construiu sua própria casa, a qual é o nosso
Quartel General agora, tendo passado por algumas reformas, porém, conserva
alguns cômodos da antiga construção.
A
jovem com quem ele se engraçou, Dona Altalina, também gostou do rapaz
pernambucano, casaram-se, viveram juntos até que o Poderoso Arquiteto do
Universo os levou. Primeiro ele e depois ela. Tiveram 08 filhos: Meu pai Adonias, que teve nove filhos; Tia Daisy teve uma filha chamada Karla; Tia Dete com seis filhos o mais velho
Everaldo, depois Ednaldo, Evandro, Rosane, Kátia, êta pessoa maravilhosa, é
adorada por todos, e o caçula Marcelo; Celina
que teve: O Junior, o Otto, a Tânia e a caçula Cíntia; e Tia Mara com Tadeu e Cássia; O
Gilberto trouxe para meu avô as seguintes netas: Poliana e Luana; já o Tony trouxe Tainã, Dérbson e Tati. A
Tati, desde pequena foi morar com Mara que a criou como sua filha verdadeira; e
por fim o caçula Oliveira, que
colocou no mundo pessoas maravilhosas a Daiana, o Tiago e o Danilo. Ao todo
foram 30 netos.
Sim... Mas vamos voltar a história do meu avó.
Ele retornava da Água Preta, foi observar como estava o cacau e cortar brotos dos
pés como era de costume fazê-lo. Ao volta ouviu alguém cantarolando, conheceu a
voz do seu cunhado Fabrício que estava passando do lado do cemitério. Pensou: “se está cantarolando é porque está
com medo, pois, não costuma ficar cantando por aí. Vou preparar uma para ele.”
Começou falar com a voz trêmula: “E s p e r a q u e v
o u t e p e g a r, e s p e
r a q u e v o u t
e p e g a r... O Fabrício,
ainda meninão, 15 anos de idade, tinha cabelos louros, olhos claros, já
formando um pequeno bigode e raros pêlos na barba, já ensaiando mudança de voz,
saiu em disparada com um facão na mão, tremendo de medo e pedindo socorro. Meu
avô percebendo o desespero do rapaz com o facão na mão preocupou-se. Ele poderia
cair e se machucar. Então, resolveu desfazer a brincadeira e gritou: “Ô
Fabrício sou eu, pára moço que sou eu. Sou eu Fabrício” quanto mais ele dizia
sou eu, mas Fabrício corria.
Em casa contou a proeza a todos
que não paravam de rir. Tio Fabrício enraivecido partiu em direção dele com o
facão na mão, todavia foi impedido por alguns primos que se encontravam ali.
Depois desse episódio vovó que
era homem sensato, decidiu nunca mais brincar com ninguém assim e depois que
tio Fabrício se acalmou foi a ele e
desculpou-se, claro, deu um tempo para ele esfriar a cabeça.
Maneca
Atum também contou a sua história. Disse que em uma das suas pescarias,
encontrava-se no seu barco, ele e mais dois amigos, dessa vez navegavam mais distante da costa, em alto
mar, ouviram um barulho, olharam, e quase morreram de susto, estavam diante de
um tubarão de uns 05
metros . “O bicho era um monstro”, disse. Desesperados
começaram a rezar e o tubarão ficou dando voltas no barco como se fosse um
ritual para dar o bote final, pelo tamanho do peixe, até o barco caberia na sua
boca. Quando parecia que o tubarão iria comê-los vivos com barco e tudo, Maneca
Atum teve uma idéia, como seu método de pescaria era com um espelho. Pegou
aquele espelho preso a uma moldura de madeira de mais ou menos 1,50 m apontou para o bicho
que já vinha de boca aberta em sua direção. Ao ver o seu reflexo no espelho o
tubarão deu uma freada brusca, fazendo um movimento nas águas que gerou uma
forte onda levando o pequeno barco para longe. O tubarão coitado, assustado com
a sua imagem no espelho desapareceu nas profundezas do mar e nunca mais foi
visto.
Todos
nós estávamos ansiosos para ouvir a história de Pena Branca, que já tinha ensaiado
contar, mas preferimos esperar o Dr. Atum concluir a sua que estava muito
interessante.
Finalmente
passamos a ouvir Pena Branca, era o mais velho da equipe, tinha cabelos longos
com uma pena presa, era uma figura saída dos
velhos filmes de farowest que
assistimos, aos 55 anos de idade, ainda tinha muita energia, com 1,75 m , braços fortes e uma
pele avermelhada como se tivesse tomado um dia inteiro de sol.
Contou-nos
que certa vez o feiticeiro de sua tribo
chamou-o e disse: “Você vai viver até 150 anos, com saúde e força, bala não te
acertará, flecha não te atingirá e animal malvado não te pisará”. Isso aconteceu
quando tinha apenas 05 anos.
Dois
anos depois, para seu povo um índio com essa idade, sete anos, já é um
guerreiro. Numa manhã estavam todos na
frente de suas ocas preparando-se para uma caçada, quando ouviram os pássaros
voarem assustados, animais pequenos em disparada para todos os lados e os
cavalos relinchando. Olhou nos olhos dos presentes na sala e disse: “Índio sabe
quando tem algo errado”.
O meu povo, do menino ao velho, todos,
perceberam o que estava prestes a acontecer e começaram a retirada. Os cavalos
foram rapidamente soltos, crianças subiram em árvores, os mais velhos
procuraram o abrigo mais próximo.
Pena Branca, emocionado, desta vez,
baixou o olhar e mesmo assim, percebemos algumas lágrimas
rolarem no seu rosto. Sem interromper a sua história, continuou, fazendo uma
observação:
“Amigos
caras pálidas, foi loucura, ainda lembro como se fosse agora. Ao perceber que
meu povo iria ser esmagado pela manada de búfalos que vinha em nossa direção,
lembrei-me do que o feiticeiro me falou: “Animal malvado não te pisará.” Saí
correndo e na frente existia uma clareira que os bichos podiam desviar e passar.
Prostei-me na entrada do acampamento,
balancei os braços segurando uns galhos de mato de um lado para o outro na
frente da manada, parecia que os meus 0,98 cm de altura tinha triplicado e eu
tinha virado um gigante impedindo a passagens dos animais, levando-os a tomarem
outro rumo. A manada pegou o desvio pela clareira paralela ao acampamento e
desapareceu, restando apenas o barulho que em poucos minutos foi se dissipando.
Por instantes fez-se um silêncio profundo, era como se uma nova vida surgira.
Do alto de uma árvore um pássaro ensaiou um solo, em seguida, ouviu-se muitos
sons diferentes parecia uma orquestra executando Wolfgang Amadeus Mozart
.
Sei
que para vocês foi loucura acreditar no feiticeiro da minha tribo, mas naquele
momento, apesar de ainda ser uma criança, alguma coisa dentro de mim, dizia: “vá
salve a todos, só você tem esse poder”. Entendi que não havia outra saída.
Assim, aprendi que a verdade não está no que se diz, mas no que se acredita, a
força não está nas mãos, está na mente.
É
justamente por acreditar nesses
mistérios que também resolvi aceitar o seu convite, meu amigo Kastrolle.
È por isso que estou aqui!
“disse”.
Após
escutarmos atentos, a experiência vivida pelo recém-chegado, O Índio Pena
Branca, falei:
-Amigos já é
tarde e precisamos dormir um pouco, amanhã reiniciaremos os trabalhos. Tenham
todos uma boa noite.
A REUNIÃO INICIAL
Acordei,
dei uma espreguiçada (alongada) esticando os braços e pernas, logo, saltei da
cama. Fui imediatamente ao banheiro, tinha em mente apenas um pensamento: “Precisava
ser rápido, pois não queria atrasar a reunião”. Estranhei o fato de não ver
nenhum deles fazendo o mesmo, a casa não era tão grande assim e certamente nos
encontraríamos numa passagem ou outra pela sala, encontraria banheiro ocupado
coisas desse tipo. Olhei para a mesa e vi que o café estava na mesa, mas notei
que pessoas já haviam tomado o café. Pensei: “Tenho que me apressar realmente”.
O
cuscuz de tapioca com leite de coco tava uma delicia, provei ainda um pedaço de
fruta pão com manteiga, um café bem quentinho preparado ali mesmo na roça,
torrado na torradeira e fogão a lenha. A torradeira era feita de uma lata vazia
de alumínio de 20 litros que serve de embalagem do gás de cozinha, (Querosene).
A lata era partida ao meio e virava uma torradeira utilizada para a torrefação
de café, somente para o consumo da
família. O fruta pão que eu acabara de saborear, é um fruto arredondado, seu
tamanho e formato são parecidos com o do melão. Satisfeito, levantei-me olhando
para o relógio mais uma vez, rapidamente fiz minha higiene bucal e me dirigir a
sala de reunião.
Entrei na sala de reunião e vi que todos já
estavam sentados, dei bom dia e perguntei-lhes se tiveram uma boa noite, como a
resposta foi positiva, fui direto ao assunto.
-
Bem, amigos, a razão de estarmos aqui todos já conhece, vamos inicialmente
falar o que pensa cada um de vocês do assunto.
-Cinqüenta
e Um começaremos por você, esteve perto dos astros recentemente, fale do que
viu por lá e o que espera dos nossos estudos.
- Bem senhores,
- Cinqüenta e Um, não se esqueça que
nós teremos que falar em inglês, será melhor pra todos entenderem.
-Ok! É força do hábito.
-Sorry!
-Well my friends.
Foi no dia 1º de outubro de
1958 que ocorreu a abertura oficial da Administração Nacional da Aeronáutica e
Espaço dos Estados Unidos (NASA), iniciou-se naquele momento uma rica
história de conquistas cientificas e tecnológicas relacionadas à ciência
espacial, às aplicações espaciais, à aeronáutica e ao vôo espacial humano.
Criada como resultado da crise de confiança do Sputnik, a NASA herdou a
Comissão Consultiva Nacional para a Aeronáutica (NACA) além de outras
organizações governamentais, e quase que imediatamente começou a trabalhar em
opções para vôo espacial humano. O primeiro programa de alto nível da NASA foi
o Projeto Mercúrio, um esforço para descobrir se os seres humanos poderiam
sobreviver no espaço. Em seguida, veio o Projeto Gêmini, que firmou o sucesso
do Projeto Mercúrio e usou uma nave espacial construída para dois astronautas.
Os esforços da NASA para vôo espacial humano chegaram então até a Lua com o
Projeto Apollo, e em 1969 a
missão Apollo 11 pela primeira vez colocou seres humanos na superfície lunar.
Depois dos Projetos de Teste das estações espaciais Slylab e Apollo-Soyuz
durante a década de 70, os esforços da NASA novamente continuaram em 1981
através do programa de Ônibus Espacial (Shuttle) que até hoje ajudam a construir
a Estação Espacial Internacional.
Foi exatamente nessa expedição
espacial de 1981 que a NASA me convidou para participar como integrante da
equipe de astronautas, para nós, brasileiros foi um orgulho muito grande, pois
até então os Estados Unidos não havia colocado nenhum estrangeiro em programa
de vôo espacial. A nossa missão na espaçonave era estudar durante dois meses o
planeta júpiter.
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Como sabemos o
motivo que nos traz aqui não é falar sobre a minha missão ao Júpiter, isto não
é relevante, vou direto ao assunto que nos interessa – “AS ESTRELAS”. Meus
amigos, cada vez que passávamos perto de uma, verificava o sistema que indicava
a temperatura externa da nave, foi aí que percebi haver algo estranho, cada uma
tinha uma temperatura distinta, usei um microscópio e passei a observa-las esqueci
de tudo e me fixei somente nas estrelas.
A espaçonave era dotada de um sistema
antitérmico e de um material capaz de resistir a diferentes tipos de
temperatura. Fiquei curioso por que acontecia aquilo e me desliguei da
verdadeira missão a que fui e fiquei investigando as estrelas.
Elas
pareciam umas tochas de fogo iluminando tudo por perto. Anotei, observei
tamanho, cor, localização, quais vão acabar primeiro, quantos anos possuem, as
que pegaram fogo depois por formação de desligamento, a trajetória tomada. Tudo
que foi possível eu anotei. Gostaria de falar de uma em especial, aquela que
nós, brasileiros, chamamos de Cruzeiro do Sul. Elas têm uma pigmentação
diferentes umas das outras, e a intensidade da luz também se distingue das
demais, como se fossem fogueiras feitas com madeiras diferentes, onde uma tem
uma cor e a outra, outra. Não quero deixar ninguém assustado, mas a minha teoria é um pouco louca. Para
começar são labaredas, são brasas pegando fogo, pequenas faíscas soltam de
quando em vez e caem na terra. Elas ficam numa distância de 50 milhas umas das
outras, posso afirmar que vi um verdadeiro incêndio no céu.
O
Cinqüenta e Um expôs sua aventura no espaço, mostrou documentos, imagens e
anotações, passamos dias ali analisando tudo. Havia intervalos apenas para o
café, o almoço e o jantar.
Nossa
rotina era sempre a mesma: levantávamos as 07h00min, tomávamos o café da manhã,
iniciávamos os trabalhos às 08h00min horas, parávamos para almoçar as 12h00min,
reiniciávamos às 13,30 horas e encerrávamos às 18h00min horas. Já fazia 06
meses desde o dia que começamos os estudos, analisando documentos, calculando Sem
descartar nenhuma hipótese, nem possibilidades.
Meus irmãos,
meus primos, amigos já estavam perdendo a paciência comigo, não jogava mais
bola, nem ia a festas, era trabalho o tempo todo. Somente nos domingos saia um
pouco para me distrair, mas voltava cedo para não cansar. Na verdade, estava
obstinado, queria rapidamente obter os resultados finais.
E além do mais
existia um problema - o financeiro - os componentes
da equipe estavam ali a meu serviço, necessitavam de dinheiro para manterem
suas famílias. Nesses últimos meses houve uma superprodução de cacau na África,
precisamente na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau. Para se ter
uma boa produção de cacau é necessário que no período de floração seja de
chuvas abundantes, porem sem exagero para não causar geada, daí na Costa do
Marfim houve um período perfeito com chuvas aliado a um clima favorável, sem
sol exagerado nem chuvas prolongadas, o clima ameno, e o cacau veio com gosto,
frutos sadios e em quantidade. Com a grande safra veio a queda nos preços. O
Brasil, segundo produtor do mundo, sofreu também com a queda dos preços que é
determinado pela bolsa de Nova York, aliado a isto, enquanto na Costa do Marfim a natureza contribuiu
harmonicamente para super produção aqui no Brasil, foi o contrário ,uma estiagem
prolongada se lançou na região nos dois últimos
anos, afetando de maneira significativa a produção da fazenda. A verdade é que
não passávamos por um bom momento econômico e tive que desviar algum dinheiro
da pesquisa para pagar despesas da fazenda.
Analisamos
a situação e decidimos interromper os trabalhos por um período. Liberamos todos
para tirarem um mês de férias.
Ficamos
na fazenda, apenas eu e Pena Branca, que não quis montar em seu cavalo e
retornar devido à distância. Cabeça de Rochedo e Dr. Atum viajaram para os seus
países de origem. Cinqüenta e Um viajou
para São Paulo. Combinamos a data de retorno para o dia 30 de setembro.
Aos
20 de setembro, recebi um telefonema da Ásia, era Cabeça de Rochedo.
O Rochedo como
passamos a chamá-lo, era um sujeito branquelo, esguio, bem magro e alto, tinha
cabelos louros, olhos claros, e a cabeça... A cabeça era estupidamente grande,
talvez por isso, fosse detentor de uma
inteligência que só os gênios possuíam. Poliglota, fala fluentemente 08
idiomas, 51 anos, nasceu na Mongólia. Aos
20 anos foi estudar no Japão. Sua mãe conseguiu do governo da Mongólia uma
bolsa de Estudos e não deixou o filho perder essa oportunidade. Ele ponderou um
pouco, mas acabou aceitando, não iria desapontá-la. Sabia que seria o fim das aventuras
no gelo das montanhas. Subiu ao monte Everest umas 30 vezes, só para ver as estrelas
de perto, dizia sempre que nada na vida deixava-o tão excitado quanto à
sensação de atingir o cume daquela montanha. O incrível é que à noite, quando
olhava para o chão congelado via o reflexo das estrelas fazendo o gelo brilhar
por toda parte. Um prazer indescritível.
Embora,
muitos imaginassem que ele ganhou o nome de Cabeça de Rochedo por ter a cabeça
grande, todos estavam enganados. O apelido surgiu depois de uma viajem à
Espanha.
Encontrava-se sentado à praça de touros Las
Ventas, em Madri, distraído olhando admirando a Arena “Plaza de Touros Las Ventas” com sua beleza
imponente e arquitetura estilo árabe com tijolos aparentes, arcos geminados com
azulejos decorados pintados à mão capacidade para 23.000 espectadores. Era um dia especial pela beleza do lugar, pelo
seu estado de espírito. A sua felicidade era parente, para culminar com a sua
alegria esperava sentado a chegada de uma grande amiga de colégio. O que não
contava era com o que esta por acontecer, ouviu gritarias:
-Sai daí
corre, sai, sai, se manda...!
Quando se
virou para o lado de onde ouvia os gritos de aviso das pessoas em pânico, de
repente, percebeu que um touro vinha em sua direção. O momento exigia uma
decisão rápida, não dispunha de tempo para correr nem para se abrigar. Não
contou conversa, protegeu o corpo e apontou à cabeça para o touro, fechou os
olhos, fincou os pés no chão e esperou a pancada, cabeça com cabeça. O impacto
foi tão forte que o animal caiu ao chão desfalecido, lançado a mais de 05 metros de distância. Ele,
de olhos fechados, ao abrir, ainda meio tonto, pegou o chapéu que havia caído
deu uma arrumada desamassando-o, sacudiu a poeira batendo-o contra a perna e a
mão, recolocou-o na cabeça e saiu rápido ao encontro da sua amiga que apareceu
em meio a multidão. As pessoas não acreditaram no que viram e diziam uns aos
outros: “Ele tem cabeça de pedra, o homem é uma rocha.”
Desse dia em
diante passaram a chamá-lo de Cabeça de Rochedo.
-Alô,
fala meu amigo, que houve, deu saudades da Mata Atlântica, do cacau ou das
frutas tropicais?
- Também amigo, mas a minha
ligação é por outro motivo kastrolle, é que encontrei um Chinês que quer lhe
falar.
- Ele fala inglês?
- Não. Vou colocar no viva voz e
vou traduzindo para você.
- Ok, pode começar.
- Bom dia Sr. Kastrolle, soube de
suas experiências e pesquisas aí no
Brasil. Tenho 125 anos de idade, nasci em outro século, conheci meu bisavô, que
morreu aos 151 anos, e ele me mostrou no
porão uns documentos escritos em uma língua que desconheço, tem também,
rabiscos e desenhos de derrubadas de milhares de árvores, mas nem eu e nem meu
bisavô soubemos decifrar o que estava escrito no papel.
-Senhor, o senhor ainda possui
estes documentos?
-Possuo sim, claro!.
-Podemos estudá-los?
- sim, sim, claro seu Kastrolle.
Só faço uma exigência.
- Pois não, pode dizer.
-Quero juntar-me a vocês aí no
Brasil, ir com Cabeça de Rochedo.
Inclusive ele me falou das dificuldades financeiras pelas quais estão passando,
que seu avô deixou recursos suficientes para as pesquisas, mas houve problemas
com a fazenda, falou de uma praga que quase dizimou a plantação de cacau, a tal de “vassoura de bruxa”, não é isso?
Olha, eu me comprometo a ajudar, tenho umas economias e posso contribuir também
financeiramente com a pesquisa, não é muito, mas minhas despesas e as de Cabeça
de Rochedo eu pago sem problemas.
-Senhor, acha que agüenta, a
viagem é longa e o senhor tem idade avançada?
-O que tenho para dar de
contribuição para a humanidade vale mais do que minha vida senhor Kastrolle. De
qualquer maneira não fique preocupado, tenho 125 anos, mas pretendo chegar aos
150.
- Ok, estaremos esperando, de
agora em diante já faz parte da equipe.
-Alô Rochedo! Tá me ouvindo?
por favor, acompanhe o homem reúnam tudo que
ele tiver para nos mostrar e traga para nós.
Sentei-me
perto do fogão para esquentar e fiquei pensando como seria o velho budista e o
que traria para nos mostrar. Estando por horas ali na beira do fogo, cochilei e
dormir, até que Zeni me acordou:
-Mano vai dormir na cama, as
muriçocas vão te acabar aí, rapaz, vem para cama.
Apesar
de não ter anoitecido ainda, os mosquitos estavam pegando pesado. Aceitei a
sugestão da minha irmã e fui tirar uma soneca no quarto. Acordei mais tarde e
fomos jogar futebol, num campo que fica pertinho da sede. Os primos quase não
acreditaram, quando cheguei ao campo acompanhado de Pena Branca. Disseram-me:
“Saiu da toca?”
Respondi:
-Mas tem um detalhe!
-Qual é?
-Só jogo se Índio Pena Branca jogar.
O riso foi geral, Pedrão, Zé
Paulo, Pêu, Jair, Maxwell, Boró Laércio e Cláudio de Adustina, o time quase
todo, perguntou fazendo resenha:
- Kastrolle, será se ele sabe se
a bola é quadrada?
-Vamos ver.
O jogo teve início e Pena Branca
ficou no meu time, combinei que ele ficaria parado na banheira (no impedimento)
para não fazer muito esforço devido a sua idade, eu tocaria a bola e ele
chutaria para gol. Aos 15 min do
primeiro tempo, fiz um lançamento de longa distância, Pena Branca matou a bola
no peito e chutou de primeira, antes da bola cair, foi um golaço. Logo depois
do gol Pena Branca pediu para sair, estava fora de forma e muito cansado.
Poucos minutos antes de irmos para o campo, havíamos falado sobre a trajetória
de Pelé e seu ato de coragem e inteligência ao abandonar a carreira no momento
de alta, quando todos ainda o aplaudiam. Acho que foi por isso que decidiu sair
do jogo logo depois que fez o Gol. É certo que não havia muitos espectadores
por ali, mas assistiam o baba a primas, Telma, Sonia, Rosa, Dulce, Emimare,
Vanuza, Lena, Nalvinha e Cica. Alguns primos pequenos e os tios: Fabricio e
Zezão, ambos, irmãos da minha vó. O tio Zezão não jogava futebol, devido sua
idade avançada, mas não perdia um espetáculo, todos dias ia para o campo, seja
para assistir ou às vezes\ apitava o jogo, era o árbitro da partido. Aquilo
para ele, era uma alegria. Lembro-me de um episódio, certa vez, estava
acontecendo um torneio no campo do km 09 e ficaram na final o time da nossa
família e o time da sede (km 09) . adivinha quem foi escolhido para apitar a
final: “tio Zezão” auxiliado pelo
bandeirinha, primo Everaldo. Houve protestos por o arbitro e o bandeirinha
serem parentes dos jogadores do time visitante, mas ficou só por aí mesmo. Na
verdade ninguém queria se ariscar a apitar esta partida, pois na última rodada
do torneio, tanto o juiz como os dois bandeirinhas tinham saído fugido do campo
por anular um gol do time do KM 14, o
time dos Oliveiras e diga-se de passagem anulou corretamente, pois haviam dois
jogadores em situação de impedimento. Portanto para este jogo só havia
disponível o Arbitro Zezão e apenas um bandeirinha, o Everaldo, este que
prefere narar o jogo a bandeirar.
Começou
a partida, o jogo estava quente, estavam no campo atuando como titulares:
Altair, Ednaldo, Pedrão, Boró, Zé Paulo, Netão, Gilberto, Oliveira e Gavião,
Juarez e Ademir. Os 03 últimos jogadores citados eram filhos do árbitro tio
Zezão. Imaginem a confusão. Quanto a mim, Evandro, Junior e Oto, éramos
impedidos de jogar neste time, alegavam que ainda não aguentávamos porrada.
E o jogo
seguiu calmo, mas, aos 40 minutos do
segundo tempo a partida ainda empatada
em zero a zero, tudo indicando que iria para prorrogação e provavelmente, seria
decidido em pênaltis, aconteceu o inesperado, um jogador de nome Nilson Guerreiro, então com
35 anos de idade, jogador do time local, recebe a bola esticada pelo quarto
zagueiro na lateral esquerda, e parte com velocidade extrema, deixa dois zagueiros para trás e chuta no canto esquerdo, a bola foi cair no anglo, sem
chances para o goleiro Gavião. 1x0, faltando apenas 4 minutos para acabar o
jogo. O arbitro ainda olhou para o bandeira Everaldo, na esperança que este,
suspendesse a bandeira indicando impedimento, mas isso não aconteceu, pois o
atacante pegou a bola antes da marca do meio campo e partiu em contra ataque
passando ainda por dois adversários. Não dava para anular o gol. O auxiliar do
juiz, o jovem bandeirinha Everaldo, ainda pensou na possibilidade de levantar a
bandeira e marcar impedimento, mas isso seria um risco muito grande, ele
poderia sair dali debaixo de porrada pela torcida local. Não, ele não iria
anular o gol, não tinha como fazê-lo para o desespero do time e da torcida dos
Oliveiras, ali presente.
Os minutos
finais foram dramáticos, o tio Zezão não se conformava com aquela situação e
preparou uma surpresa para tentar mudar
o escore do jogo. Jamais esqueci o que o árbitro fez. O time dos Oliveiras,
composto pelos meus tios e primos foi ao ataque. Oliveira recebeu a bola de
Altair, tocou para Ednaldo que passou por três adversários e tocou na frente
para Ademir, que lançou Jair deixando-o cara a cara com o gol, mas na hora de
chutar tropeçou num buraco e caiu, sendo pressionado pelo zagueiro José, o juiz
prontamente apita e marca penalidade máxima. Foi um pega para capar danado. A
reclamação do time adversário foi geral, a torcida invadiu o campo, com
intenção de parar o jogo, mas logo tudo voltou ao normal. Ademir segurou a bola
e se adiantou, dizendo que era ele que iria bater o pênalti. Daí aumentou a
confusão, quando ele correu para chutar o goleiro nem se mexeu na área e Ademir
chutou a bola acima do travessão. O juiz mandou repetir a cobrança, alegando
que o goleiro havia saído do gol. O atacante se prepara para fazer outra
cobrança. Bate e perde outra vêz, chutando para fora. Tio acintosamente manda
repetir mais uma vez, alegando agora, que houve invasão dos zagueiros antes do
chute. E creiam o pênalti foi repetido e mais uma vez Ademir desperdiçou o
pênalti, jogando a bola para fora. O tio desta vez resolveu considerar válido o
chute e acabou o jogo 1x0 para o time local.
Eu nunca
esqueço aquele momento em que tio olhou, balançou a cabeça e certamente mesmo
sem falar percebemos que pensou: “não tem jeito não, eu desisto”.
UM ASSASSINO E COVARDE
Após um dia de aventuras e cansado pela correria do
futebol, fui para cama mais cedo, nem
fiquei para assistir o Jornal como de costume, entretanto antes de adormecer
ouvi alguém me chamar:
-Kastrolle, Kastrolle, posso
entrar, tenho que lhe falar é importante?
-Quem é?
-É a Tati.
-Entra Tati, venha cá deita aqui
do meu lado. Você parece preocupada?
-É o seguinte, estou chegando de
Itabuna agora e Tio Almeida está com problemas na padaria, acho melhor você ir
para lá para ver o que está acontecendo.
-Está bem não estava nos meus
planos sair daqui agora não, mas irei.
Tati, é a
Tatiana, filha de tio Tôni e que desde muito pequena foi morar com tia Mara que
a criou como filha. Ficamos ali, jogando conversa fora até um pouco mais, olhei
para o relógio e percebi que já era bastante tarde da noite. Adormeci e só
acordei no dia seguinte, nem vi quando Tati saiu do quarto, lembro-me que
estávamos conversando e só, apaguei. No café da manhã, avisei a todos que
passaria o dia em Itabuna, mas que deveriam continuar os trabalhos. Pedi a Toni
a Toyota usada para o transporte das coisas da roça. Saímos às 10h00min,
eu, Evandro, Pedrão filho de tio
Fabrício e da tia Laura. Tati resolveu ficar na fazenda e retornar na próxima
segunda feira.
Chegando a
Itabuna, fui procurar imediatamente por tio Almeida. Tio Almeida era irmão da
minha mãe. Ele veio do Norte da Bahia, da cidade de Adustina, pouco depois da
vinda de minha mãe, aqui no sul, fixou morada e conheceu a irmã do meu pai
Celina, se apaixonaram e casaram. Tiveram os meus primos irmãos: Washington
Luiz, José Almeida Junior, Tânia e mais tarde a pequena Cintia. Tio, após o
casamento resolveu mudar-se com a família para São Paulo, onde virou
empresário, dono de Balneários, fábrica de baterias. Depois de alguns anos
resolveu retornar para o Sul da Bahia, assim vendeu tudo e deixou São Paulo com
Celina e os três guris, a Cíntia nasceu após o seu retorno a Bahia. Em Itabuna,
tio colocou uma oficina de funilaria nos padrões, até então desconhecidos na
cidade de Itabuna, com estufas e sistemas de computadores para determinar a cor
original do veículo e outras que até eu mesmo desconheço. Um belo dia me
convidou para uma conversa e depois disso vendeu a oficina para montarmos uma
padaria. Eu não tinha nenhuma experiência como empresário, havia trabalhado em
um escritório de contabilidade da família Kruschevsky em Itabuna, pedi demissão
e com a indenização montamos a padaria em sociedade. Dias depois que a inauguramos, meu avô me
pediu para ficar com ele na fazenda, entreguei a administração para tio e
viajei para ficar com vovô por um período.
Checando o que a Tati me falou,
fui ter com ele:
-Tio que está acontecendo por
aqui? Tia Celina pediu a Tati para ir me
chamar para conversar com o senhor, estive com ela, me falou que as finanças não vão bem, não tem levado
dinheiro para casa, que chega tarde e
sai na madrugada Olha tio se a padaria não está dando retorno é melhor vender e
partir para outra. Percebo também uma expressão de cansaço e preocupação no seu
rosto. Porque não me conta o que está acontecendo realmente por aqui, Vai. Abre
o jogo!
Olhei diretamente nos seus olhos na esperança
que ele sentisse que poderia confiar em mim, seu sobrinho e desabafasse. Aquele homem alto, cabelos ralos, um pouco
calvo, olhos azuis do tipo que as mulheres se encantam e por isso tia Celina
tinha um ciúme danado do garotão, digo quarentão. Chamava-me carinhosamente pelo apelido de
Dafi, finalmente começou a falar:
-Dafi, realmente as coisas por
aqui não estão bem, Celina tem razão, não estamos conseguindo pagar as máquinas
financiadas, o dinheiro que entra é o suficiente somente para pagar a Kinha,
Bernadete e os padeiros. Os impostos estão atrasados, o estoque de farinha de
trigo está no final, para piorar a situação, ontem o oficial de justiça esteve
aqui e me fez assinar uns papéis dando um prazo de 10 dias para efetuar o
pagamento das duplicatas ou então irão dar busca e apreensão nas máquinas.
Meu
tio, só não me contou o verdadeiro motivo da sua preocupação. Duas casas, após
a padaria, do mesmo lado, morava uma senhora desequilibrada que adorava fazer
escândalos na rua. Um vizinho que me alertou com todos os detalhes. Contou que
dois dias antes, a maluca havia saído à rua dizendo que a padaria estava
jogando fumaça na sua casa e que não conseguia dormir, que quando seu marido
chegasse iria contar a ele e o mesmo tomaria providências.
Comentei:
- E você que mora uma casa antes
da dela entra fumaça?
-Não, não entra não, ela é doida cara, eu moro bem pertinho não
tem fumaça nenhuma.
-O marido dela está aí?
-Não, ele é polícia rodoviário
federal só chega no final de semana.
Passei a tarde toda na padaria,
combinei com tio Almeida que falaríamos com aquele homem. Já eram 19h00min
horas me encontrava no balcão da padaria orientando a funcionária sobre alguns
procedimentos, quando ouvi um barulho e uma voz que disse: “VOU TE MATAR”. Em
seguida ouvi tiros. Percebi o que estava acontecendo e desesperado peguei uma
lasca de pau que estava na porta da padaria, usávamos para lenha. Meu tio já
estava caído ao chão, dei uma paulada na cabeça do assassino, que ainda com a
arma na mão cambaleou, meio tonto e apontou a arma para mim. Neste momento o
filho do sujeito atravessou na minha frente para impedir que eu desse outra
paulada na cabeça daquele bandido com insígnia de policial. Com o menino na
minha frente apontando a arma em minha direção, o homem disparou, se o tivesse
feito talvez eu tivesse morrido também naquele momento. O pânico tomou conta de
mim e eu só pensava em abater aquele sujeito, retornei ao interior da padaria,
peguei um facão, mas era tarde o bandido havia fugido. Uma vizinha entrou
rapidamente, gritando para que eu pegasse o carro e o levasse ao hospital.
Na
porta havia uma Brasília velha, usada para levar pães aos pontos de venda, colocamos
tio no carro e saímos em disparada, percebi que a Brasília velha estava quase
sem freios, mesmo assim não parei, no Pronto Socorro, logo, recebi a informação
que era tarde demais, os ferimentos eram mortais: no peito e na cabeça. O miserável
além de bandido era um covarde, matou o meu tio a sangue frio, sem lhe dar a
mínima chance de defesa.
Fiquei
descontrolado sem saber o que fazer, chorei por um bom tempo. Como não havia
mais nada a ser feito no Hospital, os médicos liberam o corpo do meu tio e
acompanhado de uma viatura policial o levamos para o IML. Ao chegar no complexo policial, onde fica
o Instituto Médico Legal. Sentei num canto no chão, a dor cortava o meu peito, voltei
a chorar intensamente... Como contar a tia Celina e aos primos Junior e Otto
que estavam em casa paparicando a irmãzinha Cíntia recém nascida, agora, órfã
de pai. Esqueci totalmente da pesquisa, dos compromissos que deixara na fazenda e só pensava em vingança.
Era muito ligado ao meu tio e o amava como a
um pai, tínhamos uma relação de amigo.
Lembro-me de quando peguei um carro de meu pai
e fomos viajar pelo interior da Bahia vendendo livros, agora meu tio estava ali,
morto por um bandido. Voltei para casa me deram um remédio para dormir.
Cinco
dias depois, fui à delegacia prestar depoimento, fiquei sabendo que o animal
tinha o nome de Getúlio Renout, soube também, que tinha fugido para não pegar
flagrante e se apresentou logo depois. O delegado pediu que me tranqüilizasse
pois foi aberto um processo e que ele pagaria pelo crime que cometeu. Mesmo
assim comprei uma arma escondido de todos e passei alguns dias passando por
postos da policia rodoviária federal no intuito de achar o bandido vestido de
policia. Soube que o assassino estava em um posto perto de Feira de Santana. Fui
lá, mas não o encontrei.
Voltei
para fazenda. O índio Pena Branca convenceu-me a deixar as coisas por conta da
justiça. Ainda chorava muito, mas aos pouco fui me acalmando e aceitando os
conselhos dos amigos.
O
tempo foi passando, finalmente no dia 29
de setembro retornamos ao trabalho.
A CHEGADA DE ROCHEDO E DO VELHO BUDISTA
À noite
chegava de mansinho, o céu avermelhado, estrelas brilhando de todos os
tamanhos. Sentados, eu, Pena Branca, Cinqüenta e Um, jogando conversa fora. Percebemos um movimento lá fora, fomos verificar o que
estava acontecendo. O Rochedo e o velho budista
chinês, acabavam de chegar, nós os recebemos e os ajudamos com as bagagens.
- Amigo. Disse o Rochedo
- Este é o meu mestre, o meu guru, pode
chamá-lo de Lão Tze Tung.
-Hi! My name’s Tung.
O velho Tung,
muito inteligente, já ensaiava algumas palavras em inglês e foi cumprimentando
os presentes. Fui apresentando todos ao visitante.
Enquanto, falava
o Cabeça de Rochedo ia ajudando-o a entender, traduzindo algumas palavras para
o chinês, outras ele já conhecia, trazia
um livro consigo e passava o tempo todo lendo-o.
Pedi que nos
recolhêssemos; o dia seguinte seria de muito trabalho.
Na manhã
seguinte, como a equipe já estava completa e todos já haviam tomado banho e
aproveitado para comer alguma coisa da roça, fomos direto para o trabalho. No
escritório, pedimos ao Sr. Tung que nos contasse sua história.
“Nasci numa
cidade chinesa chamada Beijing, não fiz muitas coisas na vida não, apesar dos
meus 125 anos. Nunca viajei de avião, mas gostei. Sempre fui muito religioso e
acompanhei os ensinamentos dos meus ancestrais, especificamente os meus
tataravôs com quem vivi um pouco da
minha infância, com o falecimento deles, fui morar com meus bisavós. Meus pais
e meus avós foram mortos por um ataque de abelhas venenosas. Elas entraram em
casa e todos que estavam foram mortos em
poucas horas.
Bom,
confesso-lhes que já pratiquei a religião dos primeiros chineses, “politeísta”,
cultua as divindades da natureza e os antepassados.
No século VI a.C. , os ensinamentos de Lão-Tse,
baseados no “tão” foram transformados em religião e teve muitos seguidores. O
Budismo começou a ser difundido no século I a.C. e como todo ser humano passa
por evolução. Hoje, sou um chinês Budista moderno. Os chineses têm o hábito de
guardar tudo que possa servir de documentos para os séculos seguintes, ou seja,
acumulam pilhas de documentos escondidos em porões ou em cômodos fechados e foi
assim que descobrir os documentos que aqui lhes apresento.
Ele falava com
uma voz trêmula, porém segura, falava em chinês e era traduzido por Cabeça de Rochedo, ao tempo que
gravávamos tudo, sem escapar nada.
Examinamos
todos os documentos. Eram desenhos cunhados em pedras, ferramentas de madeira,
gravuras e uma escrita estranha feita em um papel grosso de casca de madeira
seca e prensada.
Todo
o material estava bem conservado, sua qualidade era impressionante. Os
documentos passaram de mãos em mãos, cada um de nos, olhava-os com bastante
cuidado todos os detalhes, entretanto não conseguíamos entender a linguagem escrita. Não demorou muito para concluirmos
que dependeríamos da ajuda de outras pessoas ou profissionais. Não tínhamos outra
escolha senão viajar em busca de alguém capaz de fazer a leitura de tais
documentos. Enviamos um representante da
equipe para cada continente. Fiz um pedido especial a Álvaro. Solicitei que
visitasse o Papa João Paulo II, pois certa vez, em uma entrevista a um jornal
Italiano, quando lhe perguntaram quantos idiomas falava, respondeu que falava e
lia poucos idiomas, mas o que mais gostava de fazer era decifrar linguagens
desconhecidas, ficava horas consultando o abundante acervo de documentos
históricos do Vaticano. Nossos amigos viajaram e não pouparam esforços, onde
houvesse a mínima chance lá eles estariam. Álvaro foi o último a partir,
entretanto quando seu avião pousou no Aeroporto Internacional da Itália recebeu
uma ligação de Cabeça de Rochedo para encontrá-lo no Japão, pois finalmente
soube de um velho esquimó na região de Erlain, Mongólia. O mesmo telefonema foi
feito para todos os outros que se encontravam
em pontos diferentes do planeta.
Chegamos no Japão, eu, Álvaro, Rochedo e Pena
Branca. Conforme combinamos ficamos à espera dos demais. A Pena Branca
atribuímos a tarefa de proteger os documentos originais que levávamos conosco.
Brincamos com ele informando que dessa vez, não poderia ir a cavalo.
Dali
partimos todos para a Mongólia, onde encontramos com um velho monge. O velho
usava barbas cumpridas, roupas grossas para proteger-se do frio, fez um sinal
amistoso e nos convidou para entrar, tinha a voz rouca e trêmula, mas muito
simpático e de sorriso farto, nos mandou sentar e sentou-se também. Ficamos ali
sentados ao chão coberto por cobertores por mais de duas horas. Ele examinava
os documentos com muita atenção. Não o interrompíamos para não desconcentrá-lo.
Finalmente pegou um papel e uma caneta e começou a escrever. À medida que
decifrava ia escrevendo. Ao terminar pediu que tomássemos cuidado por
tratar-se de informações que poderiam trazer perigo para a humanidade. Não
entendemos o que ele quis dizer, pois nossa intenção era justamente o
contrário.
Estávamos com
pressa, agradecemos, oferecemos dinheiro e ele recusou. Ouvimos um barulho nos
fundos da casa, estranhamos, pois imaginávamos que estivesse sozinho.
Perguntamos se havia alguém mais com ele, respondeu que morava com o seu filho.
Fiquei curioso de como fez a tradução da linguagem contida nos documentos sem
maiores dificuldades, já que tentamos tantos pesquisadores, profissionais e não
tivemos êxito. Disse que seus ancestrais usavam aquela linguagem, por isso
conhecia o significado de cada traço, linha e ponto presentes ali.
-Gente! Vamos
lá, nosso destino agora é Brasil.
Agora sim! Satisfeitos com o resultado da viagem. Podemos
juntar o depoimento de Cinqüenta e Um, os documentos de Pena Branca, os do
Chinês e tudo mais que descobrimos e está fechada nossa teoria.
De
volta ao Brasil, nossa missão será elaborar um relatório completo de tudo
que descobrimos. Faremos uma coletiva
com a impressa do mundo todo e lhes mostraremos o que descobrimos.
CINCO MESES DEPOIS
Foram cinco meses de trabalho árduo e
finalmente os trabalhos foram concluídos.
Cabeça de Rochedo sugeriu que uma festa
seria apropriada para o momento. Sua
idéia teve 100% de aprovação e logo começaram os preparativos, uma comissão
ficou responsável pelos convidados outra pelos comes e bebes. Definiu-se também que no dia seguinte à festa,
iríamos apresentar o relatório aos amigos, parentes, seriam os primeiros a
saberem sobre o resultado da pesquisa.
A
FESTA
A casa estava muito movimentada, era o dia
da festa e já passava do meio dia, praticamente todos já se encontravam na
fazenda, exceção de alguns retardatários. No convite informamos que o horário
de início seria às 19 horas, mas pedimos a todos que chegassem antes do horário
marcado.
Exatamente
no horário previsto uma pequena banda musical começou a tocar e daí por diante
foi só farra. Não faltaram cervejas,
vinhos, whiskys e refrigerantes. À medida que a festa avançava na noite a
bebida ia pegando e o povo se agitava no salão. A timidez ia perdendo espaço
para a alegria e a descontração. Eu rodava de um lado para o outro à procura de
uma prima que chegara de Salvador, fazia tempos que não a via. Lá estava ela totalmente linda, dançando como
uma boneca tinha olhos castanhos, cabelos longos, magrinha, quando me viu deu
um sorriso, meu corpo deu uma tremedeira quase desmaiei de emoção. Sabem amigos,
aquele frio que dá na gente. É muito difícil de explicar, a gente fica sem voz,
os olhos brilham, a boca seca, dá um arrepio, parece que o chão se abre e você
cai dento. Não é verdade? A principio não tive coragem de chamá-la para
dançar, preferir aguardar foi quando, Otto e Gilmara, Silbene e Paulo, Neto e Vanuza, mãe e
pai, tios e tias primos, improvisaram uma quadrilha, dessas de festejos juninos, aproveitei a oportunidade
formei par com ela e a levei para um canto da sala, lhe dei um abraço
apaixonado, fechei os olhos e a beijei, quando abrir os olhos, ainda sobre o
efeito da emoção e de uma sensação jamais sentida por mim, fiquei assustado e envergonhado, pois todos
estavam parados e começaram a bater palmas para mim. O meu tio, pai da garota,
mostrou-me o sinto que carregava na cintura, me encarou com cara de quem está
muito bravo, mas quando percebeu que fiquei vermelho e nervoso, sorriu e fez um
sinal de positivo com o polegar, retribuir o sinal, dei uma respirada e o resto
da noite foi só alegria. A moçada
começou a ficar com fome e partiu para os petiscos e salgados. Para aumentar ainda mais o
ânimo dos festeiros, mandamos assar uma leitoa, preparada especialmente por
dona Lourdes de Tijura e Dalva de
Valdo, as duas, fizeram questão, dizendo
que se tratava de um prato tradicional de Caculé. Marcelo Borges, Gilmar, Bidói
e suas respectivas esposas, Lívia, Rosângela e Ana, também estavam participando
da farra e trouxeram de Iguaí uma novilha para o churrasco. Todos dançavam,
pulavam e gritavam, parecia torcida organizada depois de ganhar um título:
-viva o Céu, e viva as estrelas!
-viva!
- viva Kastrolle, Pena Branca e viva
Cabeça de Rochedo!
-Viva!
Os
festeiros saiam gritando nome por nome...
-e Cinqüenta e Um!
-Viva! Viva!
Tijura
fez amizade com todos, sua animação era contagiante, sempre do lado dos novos
amigos estrangeiros para fazer resenha gritava:
-Trás uma 51 para nós aí gente!
Passava da meia noite e a banda parou de tocar, os últimos a deixar o
salão foi Tijura e o Índio Pena Branca que animados ainda arriscavam tomar uma
Tequila Especial que Pena trouxe do México, feita por ele mesmo, dizendo que
foi seu avô que o ensinou, explicou que a verdadeira Tequila é feita de uma
planta mexicana chamada Agave Azul, bastante encontrada no Estado de Jalisco.
Eu ainda estava acordado e ouvi a explicação de Pena, levantei e tomei um gole
da bebida com uma rodela de lima. Realmente deliciosa e forte, fui ficando por
ali com eles, tomamos juntos mais uns quatro goles e os três já estávamos de
fogo. Pena começou fazer uma dança diferente, rodando e cantando uma música
estranha, começamos a acompanhar ele, mesmo sem saber o que significava aquela
coisa. Fiquei tentando entender algumas palavras que pronunciava: Paz, fogo,
guerra não, paz, fogo, bala, tiro, confusão, guerra não, vitória, vitória. Ao
final caímos bêbados ao chão. Um vento e uma chuva forte caíram de repente,
acordamos assustados no meio do terreiro e fomos tomar banho para dormir.
O DIA SEGUINTE
De
pé e pensativo, recordava momentos felizes da noite passada, em especial os
beijos, os abraços e até mesmo o gesto simples do meu tio que com um simples
sinal percebi que aprovava o meu namoro com a sua filha e isso me deu coragem e
me fez pensar no futuro, em casamento, em família, em filhos. Quanto a
Tequila preferi esquecer, apenas lembrava do ritual da dança de Pena e das palavras
que me intrigavam, parecia que estava rezando, pedindo paz ou para nos livrar
de algo que iria acontecer.
Parei de pensar nos acontecimentos de ontem,
voltei ao presente. Na sala de reuniões, observava a face de todos, via
ansiedade estampada em seus rostos, mas acima de tudo notei que a minha satisfação
em está ali com todos, estava sendo compartilhada. Fitei-os mais uma vez um por
um, agradeci a Deus em silêncio, sem proferir uma palavra se quer, agradeci, por
mim e por eles.
Em seguida lhes comuniquei:
-Olá amigos, família,
Concluímos os trabalhos, agradeço a todos
vocês pelo sucesso da nossa pesquisa que com certeza, fará o mundo ficar
estarrecido e perplexo diante do que apresentaremos. Todos ficarão sabendo como
este planeta foi um dia e o que o fez mudar. Importante dizer que sabendo do
que fizemos no passado, poderemos ter mais cuidado no presente para garantirmos
o futuro do nosso planeta, por conseguinte o nosso.
Proferia o meu discurso e olhava nos olhos
de cada um, via a felicidade estampada em suas faces, entretanto notava-se a
grande expectativa pelo que iríamos relatar.
O
Dr. Atum, aplicado e perfeccionista refez o relatório diversas vezes, sempre
achava algo que podia ser melhorado e retificava uma coisa ou outra. Era um
líder nato e gostava das coisas perfeitas, descobrir isso desde o momento que o conheci, fui logo perguntando se
aceitava o cargo de coordenador do grupo e ele aceitou sem titubiar. Sim! Mas, existia
um outro motivo para o Dr. Atum está tão feliz assim, é que ele separou-se de
sua esposa há 03 anos, sem nunca mais ter ficado com nenhuma outra mulher e
agora caiu nas graças de uma baiana filha de um fazendeiro da região e estava
no maior amor, sorrindo com as paredes.
Todos
atentos e curiosos para ouvir o que tínhamos a dizer, permaneceram sentamos e
em silêncio, iríamos fazer agora, a leitura do relatório pela última vez antes
de apresentá-lo à imprensa e aos cientistas. Como eu estava um pouco afônico,
devido a gritaria na festa e a cerveja gelada, pedi a meu irmão Altair que o
fizesse para mim. Bom esclarecer que neste momento na sala para ouvir a
leitura estavam além de toda a equipe o meu pai Adonias, minha mãe Hilda, meu outro
irmão, o Álvaro, os primos, parceiros na pesquisa, Júnior, Washington, Evandro
e Ednaldo, minhas irmãs, sobrinhos, tios, entre eles o tio Oliveira e sua
esposa Mary Anny, alguns amigos convidados, o Paulo Furtado e Silbene, Cláudio
e Glória, Neto e a Vanuza, presentes também os amigos lá de Caculé, O Valdo e a
Dalva, Sonsom e Simone, Valdir Saraiva e
Carmem e Tijura e Dona Lourdes. A comitiva de Caculé havia chegado no dia que
antecedeu a festa. Ao chegarem, Tijura foi logo providenciando uma farofa de
ovo, dizendo:
-a viagem foi longa e nada melhor
para dar sustança do que uma farofinha de ovo, e vamos cair pra dentro meu povo.
Pedi
a Altair que iniciasse a leitura,
agradeci a ele por ter se deslocado de Salvador para este momento especial,
tendo sido necessário ter pedido folga ao Oficial superior, visto que aquela
semana estavam todos de prontidão na capital em decorrência da visita do
Presidente da República a capital Baiana. Quando o chefe de Estado do Brasil
vem à Bahia geralmente fica hospedado no Forte de Santo Antonio da Barra.
-Altair meu irmão, te agradeço de
coração por ter vindo!
-Estou feliz por você ter
concluído seu trabalho, e diga-se de passagem curioso como todos aqui, pois
ainda não sei o que está escrito aqui. É uma honra para mim. Meu irmão.
Obrigado!
Neste momento
ouviu-se um barulho de carros chegando em frente á casa da fazenda, e logo
percebemos que se tratava de jornalistas, que saiam em disparada e adentravam a
casa e já na sala tirando fotos para todo lado, filmando tudo que via pela
ferente, ficamos todos atordoados e logo o nosso grande líder pediu que
suspendéssemos os trabalhos até que podéssemos negociar com os repórteres o
momento certo da divulgação. Após muita conversa aos poucos os jornalistas
foram deixando o local, entretanto percebemos que havia rondando por ali um
rapaz de uns trinta e poucos anos, usava uma calça de couro e uma blusa folgada
de malha, óculos escuro, tentava disfarçar sua presença, mas todos notaram,
pois o sujeito era um pouco estranho, os cabelos eram lisos, castanhos, seus
olhos impossível descrevê-los por baixo daqueles óculos escuros, Pedi a Álvaro, e Otto que ficassem de olhos
bem abertos, achei que havia algo estranho no ar, poderia ser apenas um
prescentimento bobo, mas todo o cuidado é pouco, afinal, os documentos
originais que provariam os resultados da teoria estavam ali, no cofre do
escritório.
Pedi
a todos que deixassem a sala, me tranquei sozinho lá dentro e fiquei a pensar o
que poderia ter acontecido, como os repórteres souberam com antecedência, quem haveria contado,
e aquele sujeito quem seria, fiz muitas perguntas a mim mesmo, sem obter respostas.
Pensei, “deveremos ter cuidado de agora para frente, já estamos no final e não
poderemos vacilar”. Comecei então a vasculhar a sala por todos os cantos. Para
minha surpresa havia no escritório pelo menos 05 escutas, pequenos microfones e
câmaras que haviam implantados ali por dentro. Fiquei assustado e chamei a
todos.
Apresentei-lhes
o que havia descoberto, fiz as mesmas perguntas que respondi a mim mesmo quando
pensava sozinho, tipo: quem, quando e o porquê e lhes falei:
-Amigos e familiares, peço-lhes
que me desculpem, porém não será mais possível fazermos a leitura do relatório
nesta sala, a partir de agora tudo que se relacionar a este projeto será guardado
em cofre e vigiado 24 horas por dia.
Em seguida, chamei para uma conversa
particular os advogados da família Dr. José Almeida Junior e Gilberto Castro, o primeiro meu primo e o segundo, meu
tio, um dos filhos do grandioso Manoel David, meu avô.
-Meu tio e meu primo, passo a
vocês uma tarefa difícil, mas acredito muito na capacidade que tens. Vocês
terão à missão de descobrir o que está havendo por aqui.
Retornei à sala de reuniões, e dirigindo-me
aos presentes lhes falei:
- Pessoal, a situação no momento
é muito grave, teremos que descobrir realmente o que houve aqui e para isso
será necessário tomarmos algumas providências, de início fica cancelada a
apresentação do relatório para esta data, ficando em aberto o novo dia, por
medida de segurança. Os convidados poderão ficar hospedados aqui mesmo, na casa
da fazenda e aqueles que não poderem permanecer, informaremos posteriormente por telefone o
dia exato, pois faço questão da presença de todos vocês aqui. Obrigado.
A INVESTIGAÇÃO
Por onde vamos
começar JR, perguntava Gilberto, sem
saber por onde começar, afinal eram advogados
e não detetives. Concluíram que iriam começar fazendo perguntas aos moradores
da fazenda, trabalhadores, fazendeiros vizinhos, qualquer pessoa que pudesse
nos dá informações. E assim o fizeram. Os primeiros resultados positivos vieram
de um roçador de cacau, apaixonado por uma moça chamada Maria. Ele disse que a
Maria havia estado com um rapaz com as características descritas.Vieram ter
comigo e lembrei da moça da qual falavam, não dava para esquecê-la. Tratava-se
de uma morena de olhos verdes e cabelos longos. Maria era linda e todos se
encantavam pela menina, tinha apenas 17 anos de idade, sua boca carnuda de
lábios largos e um corpo estrutural, tipo violão, deixava todos do lugar
boquiabertos, sem falar do jeito de andar, a moça possuía uma bunda,
desculpem-me meus leitores pelo uso da palavra, mas deixava qualquer homem
tonto, sua voz era doce e as palavras saiam de sua boca como se fossem mel e
cada um de nós quando a ouvia lambia os próprios lábios como se imaginássemos
está passando a língua nos lábios dela.
E
os investigadores, quer dizer advogados, foram procurá-la:
-Ma... Ma... Maria você por acaso
não viu por aí um sujeito estranho de óculos escuros e...?
Perguntou
Junior a Maria gaguejando, pois a moça deixava qualquer um embaraçado e Maria
respondeu.
-Hum! Ah! Aquele do carrão
importado e com sotaque diferente, acho que ele é de outro país, não entendia
muito bem o que falava. Vi sim, ele me...
... Ah! Deixa para lá.
Junior,
agora, um pouco mais seguro, pediu a Maria que continuasse, por tratar-se de
uma coisa muito importante, é coisa de vida ou morte. O Gilberto que também
acompanhava tudo,
solicitou à
moça ratificando a importância do assunto.
-Não Maria, é muito importante
precisamos conversar, me conta tudo que ele te disse.
-tá bom, vou contar, mas só o que
eu entendi tá.
Eles anotaram
tudo que ela disse e perceberam a necessidade de viajarem a Salvador para
aprofundarem nas investigações, pois se o rapaz era um estrangeiro teriam de
ter com a Policia Federal. Convidaram
Altair para ir com eles, por ser Oficial do Exército, poderia facilitar
um pouco nas investigações. Estando na capital baiana, na delegacia da Polícia
Federal, apresentaram-se e foram direto ao assunto, indagando sobre o moço que
estavam investigando. A Maria havia passado para eles, detalhes da identidade
do rapaz, pois ele havia deixado cair seu Passaporte e ela tinha boa memória e
gravou tudo. Sabia seu nome, o país de onde vinha. Chamava-se Michel e era americano
da cidade de Nova York, tinha chegado ao Brasil, havia 05 dias e estava aqui a
trabalho. Com os dados em mãos a polícia descobriu que se tratava de um ex- funcionário
da CIA e que fora demitido por vender informações secretas aos Russos, tendo
sido preso, mas fugiu antes da condenação. Está sendo procurado por todas as
polícias do mundo, inclusive a brasileira, é excelente em matéria de disfarces
e aqui no Brasil já levou o nome de Camaleão. Os federais brasileiros
prometeram que fariam de tudo para prendê-lo e extraditarem-no.
Os
investigadores deram o caso como encerrado e voltaram ao quartel general.
Concluindo que o espião deveria está ali buscando informações para vender, só
não sabia a quem, mas o que importava é que deveríamos ficar vigilantes e que a
polícia federal iria está por perto. Nesta noite, tive um sonho, onde meu avô
sentou-se na cabeceira da minha cama e soprou ao meu ouvido dizendo que já sabíamos
o que queríamos, mas que havia pessoas interessadas em apagar nossas memórias e
por muito dinheiro acender as suas, tomando para si as descobertas. E ainda antes
de sair voando com uma tocha de fogo em mãos disse-me: “Essa tarde não vista a
mesma roupa que usar pela manhã”. Disse e repetiu “não vista, não vista a
mesma” e o som da voz branda e suave foi ficando mais distante se foi.
No dia
seguinte acordei e como de costume tomei um banho frio de chuveiro, sentamos à
mesa para o café da manhã, eu e todos do grupo, falamos de tudo, demos risadas,
mas havia algo pesado no ar, não conseguia me desligar dos últimos
acontecimentos, principalmente do sonho e da recomendação que me foi dada pelo
meu avô, da troca da roupa. Mais tarde sair na varanda, dei voltas pela
fazenda, usava uma calça jean’s e uma camisa gola pólo verde e sol estava muito
forte resolvi colocar óculos para proteger dos raios solares. Eu e o Dr. Atum
fomos até o rio água preta, faltavam ainda dois dias para a reunião, na qual
faríamos a leitura do relatório despistando os repórteres, esta data foi
modificada várias vezes para termos maior segurança e evitarmos o assédio
prematuro da impressa.
UM PAPO COM O AUTOR
Ah! Leitores
amigos meu, já estou quase no final da história e quase não falei de mim. Sou Kastrolle, meu nome de registro é Adalci
almeida de Castro, não me perguntem porque esse nome, acho nem meu pai que o escolheu sabe o porquê.
Sou personagem, narrador e autor da
história, tenho 1,68 m
de altura, olhos, castanhos claros, a
trama ocorre nos anos 80, mas estou escrevendo em 2007, para ser mais preciso
em julho de 2007, agora já tenho cabelos grisalhos, sou casado com Semírames
Cristina, tenho uma filha que a chamamos por Laiana, moramos atualmente no oriente de Caculé. Sou bancário,
estudei Economia na UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz; atualmente
estudo Gestão de Empresas pela FACINTER.
Bom, agora chega de falar de mim e vamos
voltar a história que contava.
Ao meio dia
retornamos a casa e fomos almoçar, após o almoço fui descansar, deitei um
pouco, fechei os olhos e sentir um frio estranho no quarto, abrir os olhos e um
beija flor entrou pela janela, fez um canto alternando para baixo e para alto,
em seguida se aproximou de mim e beijou-me com o bico. Agradeci o aviso, como
se soubera o que queria me contar levantei imediatamente, fui ao guarda roupas peguei
uma calça azul, uma camiseta branca, que ganhei de minha mãe, na frente tinha
uma frase que dizia “HOJE É O MEU DIA”.
Amigos
leitores, eu tinha certeza, assim como aconteceu com o meu avô, ia acontecer
comigo, primeiro meu avô veio me dizer no sonho que tive, depois o beija flor,
me beijando do mesmo jeito que o beijou naquele dia. Só não entendia uma coisa,
o canto que o beija flor fez, não foi aquele canto triste daquele dia e porque
o meu avô me mandou trocar de roupas. E a coincidência a camiseta que peguei
tinha escrito “HOJE É O MEU DIA” fiquei trêmulo, apreensivo e nervoso com tudo.
Procurei o Índio
Pena Branca, que só toma banho em rio de água corrente e o convidei para ir ao
rio tomarmos banho conversar e nadarmos um pouco, ele topou, no rio nadamos
bastante conversamos, trocamos idéias, contei para ele o que aconteceu, ele me pediu,
dizendo:
-não se descuide meu filho, faça
como foi pedido.
Ao terminarmos o banho me vesti com as novas
roupas que havia pegado no guarda roupas e saímos de volta para casa. Fazia
muito silêncio e nem os animais nem os pássaros se manifestavam. Sentir algo
estranho no ar. Do rio que tomamos banho para a casa eram uns 500 metros por dentro do
mato e do cacau. Ficamos a jogar conversa fora, andando bem devagar, já havia
até me esquecido do sonho, do beija flor, sentamos um pouco a beira do caminho
e ficamos admirando um pé de sapucaia. Comecei a lhe falar um pouco daquela
magnífica obra da natureza, que parece mais ter sido projetada e plantada em meio a floresta servindo de
abrigo e alimento para animais. Os seus frutos nascem dentro de uma cabaça,
esta, tem um tampo voltado para baixo e ao amadurecer ele se desprende e cai ao
chão, é comum também, os morcegos durante a noite voarem até o alto destas
árvores para se alimentarem da parte do fruto que fica grudado no coco dentro
das cabaças, eles conseguem retirar do interior delas, já abertas, frutos que ainda não se
desprenderam e voam com o fruto preso no bico e após sugarem o alimento os joga
embaixo de outras árvores. A Sapucaia, é característica da floresta pluvial
atlântica, ocorrendo desde o Ceará até o Rio de Janeiro, freqüentemente são
nativas, especialmente aqui
no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo.
Encontrada também, em estado nativo, na região amazônica. Em alguns casos, na
alta floresta, a árvore apresenta a magnitude da natureza que a gerou,
alcançando mais de30 metros de altura. Ficamos ali, por mais um
tempo, falando da sapucaia e de outras árvores nativas da região. Pena ouvia
com atenção, visto ser um amante da natureza também.
no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo.
Encontrada também, em estado nativo, na região amazônica. Em alguns casos, na
alta floresta, a árvore apresenta a magnitude da natureza que a gerou,
alcançando mais de
No rio, onde
havíamos nos banhado, um homem apareceu a nossa procura era o bandido
internacional, o espião Michel. Levou uma topada numa raiz do pé de jaca nas
margens do rio e caiu dentro da água molhando toda a sua roupa. Ele estava ali
para cumprir a sua missão tirar a minha vida, mas, chegou tarde, nós já
havíamos longe dali. Agora todo molhado e com frio tinha falhado
temporariamente de cumprir a sua missão,
vendo que havia roupas deixada sobre as pedras no rio, aproveitou e as vestiu,
eram as minhas roupas, as mesmas que passei toda a manhã vestido e que esqueci
de levá-las de volta, após o banho.
Os
investigadores advogados falharam numa coisa muito importante, não haviam
descoberto que o assassino safado, bandido internacional não estava sozinho na
empreitada. Havia por perto um comparsa
e este, passou toda a manhã daquele dia a espreita, esperando a
oportunidade certa para tirar a minha vida e receber o dinheiro que lhe haviam
prometido.
Quando
percebeu o moço de jean’s e gola pólo verde, óculos escuros, vindo do rio , não
pensou duas vezes, puxou a arma e atirou por diversas vezes, matando seu
próprio companheiro que vestia as minhas roupas, aquelas que o atirador viu que
eu as vestia pela manhã. Ao percebermos o que aconteceu o Índio Pena Branca me protegeu
e tirou seu arco e flecha que levava nas costas por onde quer que fosse e
atirou contra o pistoleiro que foi ferido no ombro e caiu se contorcendo em
dores.
Ajoelhei-me
ao chão agradeci ao Grande Arquiteto do Universo, a meu avô, e ao beija flor,
chorei muito e decidi que agora era a hora. Passei uma lista de telefones para
Kátia e Álvaro e pedi que ligassem para todos que haviam viajado, pois esse era
o momento. Três horas depois, todos já haviam chegado, então, convidei-os a todos
para se dirigirem ao armazém de cacau, que ficava a 30 metros da casa sede, sua construção era
sólida, paredes de tijolos, assoalho e portas de madeira. Improvisamos no local,
cadeiras, sofás, microfone e uma mesa bem grande para ficarmos á vontade. Sobre
á mesa uma jarra com água e biscoitos.
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO AOS AMIGOS E FAMILIARES
-Altair, pode começar a leitura,
por favor.
-Boa tarde, senhoras e senhores,
Quero que saibam que o que vou
ler vai ser uma surpresa para mim, pois não vi este material antes, sei também,
será uma surpresa para muitos aqui, exceção dos que compunha a equipe kastrolle
do projeto denominado –TOERIA DA FORMATACÃO DO CÉU. Financiada e projetada pelo
Sr. Manoel David de Castro, meu avô, um homem sonhador e inspirado nos Deuses.
Então vamos lá:
A pesquisa
teve início no ano de 1.984,
a partir de uma conversa entre Kastrolle e o seu avô.
O senhor Manoel David de Castro
propôs ao seu neto Kastrolle, que pesquisasse sobre a origem das estrelas no
céu.
Após estudo de diversos nomes
foram escolhidos para integrar a equipe: o senhor Panagiotys Tammy Lindemark,
formado em física, e em engenharia química pela Universidade de Harvad, Dr. Atum; O Índio Pena Branca, nascido no
México, sua graduação, foi a vida que lhe deu. O Sr. Pakyolo Kikamato,
astronômo formado pela Universidade de Tóquio Gakugei do Japão, com mestrado na Universidade de
Gakushuin, Gakushuin University. 学習院大学,
Gakushūin Daigaku é uma instituição educacional situada no bairro de Toshima, em Tóquio. Foi
estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial como uma filial da Corporação da
Escola Gakushuin,
a sucessora privatizada da original Escola de Pares do Reino, que tinha sido
criada na Era
Meiji para educar filhos da Nobreza Japonesa.
O astronauta
brasileiro Ednaldo Pina Marçal, formado em Tecnologia Espacial
pela Universidade de São Paulo–USP, com
graduação pela Universidade da Virginia. Conheceu ainda na Virginia um colega
funcionário da NASA e através dele conseguiu uma especialização para tornar-se
o astronauta brasileiro, ficou ali por 05 anos; Adalci Almeida de Castro, o
Kastrolle e o velho Chinês Lão Tze Tung.
Após
estudarmos e analisarmos documentos por diversos meses, concluímos que todas as
estrelas que existem no céu, foram originadas por uma grande explosão que houve
na terra no ano de 1830 a .C.
Possuímos
documentos que comprovam tudo que passaremos a relatar.
No ano de 1.830 a. C. a
noite era totalmente tenra e uma escuridão densa tomava conta da terra,
não havia luz, o céu era totalmente
escuro e não se via a lua, coberta pela fumaça emitida pelas imensas fogueiras
feitas pelos povos para se protegerem de animais selvagens e do forte frio com
as temperaturas que giravam em torno de 15 gráus abaixo de zero. Todos os dias homens
e mulheres usavam seus esforços para
derrubar grandes quantidades de árvores, juntavam umas sobre as outras, fazendo
fogueiras gigantescas. Ocorre que com tempo, florestas inteiras foram dizimadas
e viravam desertos. Os desertos hoje, cobrem quase 32 milhões de km2 da
superfície terrestre. Só o deserto do Saara tem uma área com cerca de 2,6
milhões sendo a maior região de deserto do mundo. Os Desertos apresentam
localização muito variada e caracterizam-se por uma vegetação muito esparsa e
mesmo depois de milhares de anos sua vegetação não muda face às condições
climáticas que foram também modificadas com o desmatamento. Possui solo árido e
a pluviosidade baixa e irregular, abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia
o calor é forte e a noite a temperatura cai rapidamente, a vegetação característica
do lugar tem ciclo de vida curta. Os nossos documentos provam que toda essa
região desértica foi provocada pelas derrubadas de árvores.
A
explosão foi provocada porque naquela época já existiam pessoas que se
preocupavam com o desmatamento, eram chamados de “OS TERRÍVEIS PROTETORES DE
ÁRVORES” e todos os dias faziam protestos e movimentos contra o desmatamento,
mas sempre acabava em lutas corporais e às vezes em grandes guerras, com muitas
mortes.
Numa destas noites de fogueiras um grupo de manifestantes
haviam descoberto um gás que se colocado em um ambiente fechado sem existência
de oxigênio e com a pressão do calor explodia, deram o nome aquilo de “boom”, hoje, sabemos que o nome
verdadeiro é “bomba”. Colocaram este
objeto por baixo da montanha de madeira e quando atearam fogo na montanha, meia
hora depois, houve uma explosão jamais
vista no planeta. Milhares de pessoas morreram com a explosão, durante muitos
anos caia no solo tochas de fogo provocando incêndios em casas, florestas e tudo que passava no seu
caminho. Por muito tempo as pessoas se esconderam embaixo de pedras e cavernas.
Quando saíram tiveram uma surpresa a noite estava clara, iluminada por pequenas
luzes em pontos diversos do céu e a estes pontos deram o nome de: “ESTRELAS”.
Pedi a palavra a Altair e disse-lhes:
-Caríssimos senhores,
Tudo que expomos aqui está
comprovado nestes documentos e relatórios que faremos cópias e ficarão à
disposição de todos vocês a partir de amanhã. A coletiva com a imprensa e a
Comunidade Científica Mundial será daqui a mais dois dias, já providenciei convites para autoridades do governo,
entidades, imprensa e pedi aos jornais
que divulguem o evento
A COLETIVA
Chegou o
grande dia da reunião e a coletiva foi marcada para as 15 horas no armazém,
mesmo local que apresentamos o relatório à família e aos amigos.
Faltando 20
minutos para a apresentação fui ao escritório pegar os documentos e para minha
surpresa o cofre havia sido arrombado e os documentos roubados. Entrei em
parafuso, vi o mundo rodar, sentir uma dor forte e cair desmaiado, rapidamente chamaram
a médica Djeane, morava na fazenda vizinha e era prima, me examinou, colocou um
líquido com cheiro de éter próximo do meu nariz que me fez recuperar os
sentidos, fui voltando aos poucos. Nos instantes iniciais da minha recuperação,
vi o filme da minha vida passando em minha cabeça, momentos da minha infância,
como minha primeira bicicleta, a comprei
de meu primo Menez, morava Camacã, o pagamento seria a perder de vista, mas
tive que devolvê-la na semana seguinte, pois não havia pedido autorização de
meus pais para compra-la, fiquei decepcionado, passaram ainda, naquele momento,
cenas de uma criança infeliz, com lembranças tristes que carrego comigo e nunca, jamais, serão
revelados por mim. Após esse instante de instabilidade emocional, voltei à
lucidez e pedi a Ednaldo e a Evandro que reunisse o Staff imediatamente,
precisava tomar decisões desagradáveis que não estavam programadas.
Ednaldo
e Evandro eram irmãos e filhos de tia Dete,
umas das filhas Meu avô, eles sempre estavam por perto e dispostos a ajudar
quando precisávamos.
Ainda meio tonto com os últimos
acontecimentos, observei que todos os integrantes da equipe estavam presentes,
então comuniquei oficialmente o que houvera ocorrido, declarei o encerramento
dos trabalhos e pedi que voltassem para casa, não havia mais nada a fazer por
ali. Solicitei também, que cancelassem a coletiva e chamassem a polícia.
RETORNO AO QUARTEL GENERAL
23 anos depois
Caia
uma chuva tenra, era mês de setembro, iríamos permanecer ali por uma semana,
fazíamos isso desde a adolescência, passávamos o ano todo uns em Itabuna,
outros em Camacã, José Almeida Junior e Washington em São Paulo , eram os que moravam mais longe, mas
mesmo assim, em dezembro ficávamos de férias das escolas e retornávamos à
fazenda, seja para brincar, seja para reunir a família, sempre estávamos ali. Naquela
manhã , desde as sete horas, despencava
do céu uma tempestade e fazia um barulho forte, parecia um dilúvio e que o
mundo ia acabar, era mês de setembro do ano de 2007.
Havíamos ali,
desta vez, não para brincar como antigamente, nem para passar as férias, mas,
para discutirmos problemas da própria fazenda que já não produzia nem para suas
despesas de manutenção. Com o sol forte dos últimos anos e a praga chamada
vassoura de bruxa, 90% dos pés de cacau já haviam morrido.
Embora, o
motivo pelo qual, estávamos todos ali era o de buscar soluções para fazer a
fazenda produzir para cobrir suas próprias despesas o assunto que não saia da
cabeça de todos era o do roubo dos documentos e provas da pesquisa. Um primo
chegou a comentar que passávamos por dificuldades porque eu havia gasto todo o
dinheiro que meu avô deixou nessa maldita pesquisa com nome de Teoria da Formatação
do Céu. Fiquei irritadíssimo com o comentário desagradável, mas passei em
branco e fiz de conta não ter ouvido.
E mesmo sem
ninguém perguntar em tom expresso, apenas em pensamento, a pergunta que todos
queriam fazer era:
E a investigação policial, qual o
resultado?
Resolvi falar:
-a
verdade é que a polícia depois de 02 anos de investigação sem resultados
positivos, arquivou o processo, mas há uma notícia, em um pequeno jornal
japonês, dizendo que o filho de um velho sábio monge esquimó, famoso por decifrar enigmas e
escritos antigos, estava hospedado no hotel Tóquio Central Pálace da ilha chamada
Kyuushuu. O jornal informava que um homem de pouca idade estava comprando ilhas
do arquipélago e que aquilo era inaceitável, os japoneses não poderiam aceitar
vender suas ilhas dessa forma, não se sabe o que o comprador pretende fazer
quando adquiri-las. “Isso é muito perigoso e o governo tem de interferir”-dizia
o autor da notícia. A reportagem chamou a atenção do FBI quando o jornal
informou que se tratava do filho de um velho esquimó da Mongólia e que o garoto
enriqueceu quando vendeu documentos antigos para um milionário excêntrico,
conhecido na Ásia como o dono do arquipélago japonês.
O Japão é um
arquipélago. Está localizado ao longo da costa oriental do continente asiático,
formado por 4 ilhas principais: Hokkaidou, Honshuu, Shikoku e Kyuushuu, além de
milhares de pequenas ilhas, a maior é a
Honshuu, onde fica a atual capital, Tóquio.
-O filho do monge esquimó estava interessado
em comprar uma das pequenas ilhas que fica perto da capital.
Fiquei sabendo
logo depois que o FBI descobriu. É que quando eles arquivaram o processo eu
paguei a um funcionário da área burocrática para me comunicar qualquer notícia que soubesse do
assunto, pois, é comum o FBI arquivar o processo para disfarçar e continuar as
investigações as escondidas.
Logo voltamos
o assunto ao que nos propomos para aquele momento ou seja, a fazenda.
Depois de
quatro horas de reunião, cansados, já era noite e ainda chovia, fomos jantar.
Após o jantar jogamos dominó e baralho até as duas da manhã, então fomos
dormir.
A chuva ainda
era densa e batia um vento muito forte, derrubava árvores e os animais se
agitavam no mato.
Recebi um
envelope do Serviço de Encomenda Expressa – SEDEX - internacional, remetido
pela Polícia especial do Japão- A Japan’s National Police Agency, abrir o
envelope e dentro dele estavam todos documentos roubados, foi um momento
especial de alegria. Quando o mensageiro entregou-me a encomenda, juro que tremi,
parecia saber o conteúdo daquele envelope. Como já estávamos na fazenda há mais
de 03 dias e chovia muito, havia caído um poste da rede elétrica e não havia
energia, os telefones não funcionavam e os computadores estavam desligados.
Estávamos literalmente isolados do mundo metropolitano e urbano e algumas
perguntas rondavam minha cabeça: como aquele SEDEX havia sido entregue? Como o
carteiro, mensageiro , sei lá, havia chegado ali? Não importava mais, o
importante é que eu estava com os documentos e todas as provas nas mãos. Olhei pela janela de vidro a minha frente e
percebi que a chuva continuava.
Ouvi uma
criança chorando lá fora na chuva era o filho do empregado, sair à porta, ainda
com o envelope nas mãos, vi a criança embaixo de um pé de jambo na frente da
casa, fui pegá-lo, ao me abaixar para segurar a criança, assustada e molhada, vi
um clarão e ouvi uma explosão, cair ao chão abraçado com o pequeno. Havia caído
sobre a árvore um raio a destruindo quase que inteiramente, causando um grande
incêndio no meio da noite, todos acordaram e foram ajudar a apagar o incêndio,
na agitação para salvar a vida do menino e a minha própria, nem percebi que o
envelope havia caído ao chão em meio ao incêndio e dele só restaram cinzas. A
criança que eu acabara de salvar das águas e do fogo ao mesmo tempo, agora nos
braços de sua mãe, correu, me abraçou e com lágrimas nos olhos me disse:
-Um homem de barba branca me
mandou sair de noite na chuva que ia cair uma estrela que era para eu ver e
dizer para o senhor que a brasa que caiu
na árvore foi ele quem deixou cair e que tudo que o fogo queimar é para sempre
e é para impedir que os homens ruins façam uma nova boom como a que explodiu a
montanha de árvores.
Já eram 05
horas da manhã e acordei assustado, sair correndo para fora da casa para ter
certeza que o pé de jambo estava ali. Ao perceber intacto, voltei e deitei
novamente. Fiquei imaginando e tentando entender aquele sonho estranho.
Ao levantar-me
fui ter com o visinho perguntei pelo seu filho e ele me disse que o menino, agora
estava deitado, mas, a pouco havia acordado meio assustado, com frio e
espirrando. O menino ouviu a minha voz e
veio correndo, me abraçou e me mostrou a foto de Jesus Cristo sobre a mesa,
apontou com o dedo e disse: “ Ó tio, foi aquele homem da foto que me pediu para
te dar um recado e um beijo”. Eu abracei aquela criança frágil e linda, sentir
ainda, seu corpo quente devido o calor do fogo, como havia no sonho, agradeci e lhe disse “já me deu o recado
filho, obrigado, só falta agora o beijo”. O garoto chegou bem perto do meu
ouvido e falou-me: não, não tio, ainda falta te dizer uma coisa, ele pediu para
não contar o sonho a ninguém.
Podem não
acreditar, meus leitores, mas, cair em depressão, e fiquei sei comer e sem
beber durante cinco dias, não me levantei da cama, saia apenas para fazer
algumas necessidades biológicas.
Recebia apenas uma visita todos os dias, a
prima Djeane, a me consultar e fazer suas recomendações, mas, não as cumpria,
motivo pelo qual já estava muito debilitado e quase morrendo. Até que aceitei
receber uma visita especial, o pequeno Davisinho, o menino do recado. Recebi
sua visita, pedi a todos que nos desse licença e começamos a conversar,
perguntei a ele qual seu verdadeiro nome, pois ainda não sabia. Ele me contou
que seu nome era Manoel David da Silva, que “Manoel David” era uma homenagem do
seu pai a meu avô e que “da Silva” era o
sobrenome do seu pai. Comecei a tentar
entender o que estava acontecendo. O garoto me disse: tio você tem que comer e
beber um pouco de água, se não se
levantar meu pai vai ficar sem emprego e a nossa fazenda Santa Maria precisa de
você tio.
Chamei minha
mãe pedi um copo com leite e me levantei e nunca mais permitir que alguém
tocasse no assunto dos tais documentos ou da pesquisa.
A chuva cessou
no dia seguinte, a rede elétrica foi reconstituída, onde havia fios quebrados foram
substituídos, o poste caído, foi reposto e a energia voltou. Liguei a
televisão, era horário do jornal, na manchete a notícia: Vulcão
japonês Sakurajima entra em erupção.
TÓQUIO, 8 jun (AFP) - O vulcão Sakurajima, situado no sul do
Japão, entrou em erupção na quarta-feira, expulsando nuvens de cinzas a mil
metros de altura e espalhando lavas por 5.000 metros , destruindo
tudo por onde passava, no curso das lavas estava a casa de um dos homens mais
ricos do mundo, o milionário excêntrico, Sr. Nagazaky tanaka, tudo que havia
dentro dela foi destruído pela fúria do vulcão. O milionário lamentou a perda
de documentos importantes que havia comprado de um mongolês e ainda não houvera
apresentado a humanidade.
Situado na ilha meridional de Kyushu, o Sakurajima, de1.117 metros , entrou
em erupção na última hora da tarde de quarta-feira, revelou a agência.
A erupção é a primeira que ocorre na parte leste do vulcão em 60 anos.
O Sakurajima, um dos vulcões mais ativos do Japão, tem atividade permanente em sua parte sul há meio século.
As autoridades consideram a atividade do Sakurajima algo normal, porém a injeção de lavas foi algo inédito e preocupante.
Situado na ilha meridional de Kyushu, o Sakurajima, de
A erupção é a primeira que ocorre na parte leste do vulcão em 60 anos.
O Sakurajima, um dos vulcões mais ativos do Japão, tem atividade permanente em sua parte sul há meio século.
As autoridades consideram a atividade do Sakurajima algo normal, porém a injeção de lavas foi algo inédito e preocupante.
Olhei para o alto do céu e pensei: “O poderoso
Deus fez o que tinha que fazer”.
Rezei uma prece, pedindo a Deus que diga
a meu avô lá no céu que aqui está tudo bem e agradeci por tudo.
Obrigado
meu Deus.
Fim.
Ass. Kastrolle.
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