quinta-feira, 3 de março de 2016

TEORIA DA FORMATAÇÃO DO CÉU (2ª ED.) O LIVRO









TEORIA DA
FORMATAÇÃO
DO CÉU










Itabuna, Bahia - Brasil
2012












Dal Castro
TEORIA DA
FORMATAÇÃO
DO CÉU










Copyright 2012, Dal Castro
Todos os direitos reservados ao
AUTOR.




Revisão
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Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)






Ficha catalográfica : xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx





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n 9.610/98.




AGRADECIMENTOS




Ao Grande Arquiteto do Universo, que nos proveu de inteligência e inquietude para que não nos acomodássemos diante das atrocidades e desvios de conduta de pessoas fracas, verdadeiros deficientes, desse mundo em que vivemos. Assim, provocamos mudanças no planeta e no universo.
Enquanto mentes ruins provocam mudanças negativas, os de mentes brilhantes trazem para o nosso conforto, a água potável,
o fogo, a roda, a máquina, o motor, os cartórios e as leis, os ambientalistas, os cientistas, os médicos, eu e você, a felicidade, o prazer, a paz e o amor. “O MEU MUITÍSSIMO OBRIGADO”.











DEDICATÓRIA




Aos homens e mulheres, que sonham com um passado que não viveram. Tão misterioso e de difícil entendimento, e vivem num momento real, transformando o que acreditam está errado em uma verdade correta e concreta.

A minha filha, esposa, mãe, pai, irmãos, tios e primos, por contribuírem pela construção de uma vida melhor, para si e para o mundo.













PREFÁCIO


Ao ler este livro de Castro, você vai se deparar com situações que poderá fazê-lo chorar e às vezes sorrir. Impossível imaginar que o universo possa passar por transformações tão grandes, provocadas pelo homem. Nesta obra criada por Castro, todos nós, leitores, deveremos ativar um pensamento crítico relacionado aos danos que estamos fazendo ao meio ambiente. A nossa imaginação deverá fazer uma viagem pelo universo, buscando no passado e no presente mudanças que já presenciamos e vivemos no planeta. Rios que secaram, animais que desapareceram, terras férteis que viraram verdadeiros desertos. E sem a necessidade de viajarmos muito longe iremos perceber que verdadeiras fortunas foram gastas para desenvolvimento da ciência em favor da vida, entretanto foram transformados em venenos e bombas capazes de dizimar a raça humana do planeta terra.
A história é ainda enriquecida com um toque de ação e suspense. O autor, que também é personagem, se envolve em uma trama que expõe sua própria vida em riscos. Há momentos em que não sabemos se ele sobreviverá e há outros em que notamos que forças estranhas o defendem, livrando-o da morte. Essas situações fazem com que o leitor embarque em verdadeiras viagens pelo mundo da imaginação.
Quando li “Teoria da Formatação do Céu” pela primeira vez, me surpreendi com pensamentos que jamais havia tido antes. Sabia que a história era ficção, era fruto da imaginação do autor, porém, levou-me a pensar no que estamos fazendo com o planeta. Fiquei pensando em qual seria o nosso papel, qual o papel do governo, qual o dos cientistas, dos ambientalistas, em fim, o que devemos fazer para evitar uma nova explosão, como parar a destruição.

Davi Roberto














APRESENTAÇÃO


Estávamos na cidade de Caetité nos arrumando para uma viagem a Bom Jesus da Lapa. Foi aí que falamos sobre o livro de poemas que ele estava concluindo. Sempre que acessava a INTERNET, visitava sua página no ORKUT para ler seus últimos poemas e acabava relendo todos novamente. Seus poemas têm algo diferente, falam de um amor quase platônico e outros têm uma ousadia branda e comportada. Na nossa viagem, prometemos um ao outro que escreveríamos um livro que contasse um pouco da nossa história e falasse do nosso avô. Adalci Almeida de Castro ou Kastrolle - como o chamamos - sempre gostou de escrever, fazíamos parte de um grupo de jovens da Igreja Nossa Senhora da Conceição, em Itabuna. Juntos escrevíamos textos, peças de teatro, nessa época chegamos a editar um jornal que era distribuído entre amigos e familiares. Nós, seus leitores, há muito esperávamos sermos contemplados com essa obra, que na verdade é um presente para todos nós. Gostaria de citar aqui um de seus poemas, que me transporta para um mundo filosófico de uma realidade quase sempre certa, porém nunca definitiva, e me faz ficar com saudades de meu tempo de Estudante do Curso de Filosofia da UESC:


RENDA-SE



NÃO HÁ NADA TÃO MAIS
QUE NÃO POSSA
SER UM POUCO MENOS
NÃO HÁ UM AMOR TÃO GRANDE
QUE POSSA SER ETERNO
NÃO HÁ UMA COISA TÃO CERTA
QUE POSSA SER DEFINITIVA
NÃO HÁ TRISTEZA TÃO FORTE
QUE NÃO SE RENDA A UMA
ALEGRIA.



A Teoria da Formatação do Céu mostra para todos nós que a realidade da vida pode ser misturada com a ficção ou simplesmente contada de forma criativa com muita imaginação.





WASHINGTON LUIZ DE ALMEIDA
Filósofo, Pós-Graduado em Gestão Estratégica
Recursos Humanos.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...............................................15
O Primeiro Passo.............................................17
A VIAGEM..................................................... 21
A SELEÇÃO................................................... 26
UMA MISSÃO ESPECIAL PARA VOCÊ......... 31
O GRANDE GOLPE.........................................33
UM PAPO INFORMA..................................... 37
MANECA ATUM............................................ 41
PENA BRANCA............................................. 42
A REUNIÃO INICIAL.................................... 45
O TELEFONEMA........................................... 49
ASSASSINO E COVARDE.................... ........54
 ROCHEDO E DO VELHO BUDISTA........... 59
CINCO MESES DEPOIS................................ 64
A FESTA........................................................ 65
O DIA SEGUINTE......................................... 68
A INVESTIGAÇÃO....................................... 73
UM PAPO COM O AUTOR........................... 77
APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO............. 83
AOS AMIGOS E FAMILIARES..................... 84
A COLETIVA................................................ 87
RETORNO AO QUARTEL GENERAL......... 89
23 anos depois.............................................. 89










INTRODUÇÃO



Segurava na mão um pequeno broto de cacau, olhei para o céu e vi uma luz brilhando e vindo em minha direção, me escondi atrás de uma árvore e aquela luz pousou sobre um pé de sapucaia, bem próximo de onde eu havia me escondido. Rapidamente fui ver do que se tratava. Era um raio que despencou lá de cima e espatifou-se cá embaixo. Tive medo, mas controlei-me. Sentei-me ao chão e comecei a pensar nas coisas do céu, na lua, nas estrelas, no sol. Foi daí que nasceu a idéia
de escrever essa história, e assim o fiz, misturando a ficção com a realidade, o provável com o improvável, em fim a verdade e o sonho.


O autor















TEORIA DA FORMATAÇÃO DO CÉU



O Primeiro Passo
  
Há 23 anos, iniciei uma pesquisa científica, visando identificar qual a origem da formação do CÉU.

O primeiro passo seria formar uma equipe com interesse comprovado pelo assunto. Entendi que necessitaria ter cautela na escolha destas pessoas, de uma coisa eu tinha certeza, para formar uma equipe competente e experiente, teria que buscar também fora dos limites do nosso continente. Decidir me preparar para uma longa viagem, antes, porém, chamei Evandro para uma conversa, precisaria dele para viajar antes de mim, assim quando chegasse, já encontraria algumas coisas encaminhadas.

-Vou arrumar minhas roupas. Ah! Empresta-me a sua mala, é que a minha rasgou, mãe colocou no arame pra secar, fui pegar, puxei de uma só vez...  resultado era arame farpado, ferrei a mala Kastrolle.

-Caramba! Não consigo lembrar-me onde a coloquei. Hum! Ah! Lembrei.  Tá na porta mala do carro esqueci quando cheguei do Vinhático. Pegue a chave pendurada no prego da sala.

Vinhático era o nome de uma das fazendas do meu avô, para chegar neste local tínhamos que ir de carro por um ramal ou a cavalo, ficava distante da fazenda principal de nome Santa Maria uma légua, que corresponde a 6 km. O vinhático, é uma Árvore, cuja madeira é bastante usada para fabricação de móveis dos variados tipos, sofás, camas, prateleiras, estantes, é usado também para fabricação de canoas e edificação de casas, Na época em que o Brasil era Colônia de Portugal, foi exportada para as finalidades citadas, sem nenhuma forma de controle. Considerada Madeira de Lei, pela sua resistência e durabilidade. Seu nome científico é “Plathymenia reticulata”, da família das “Leguminosae – Mimosoideae”, pode alcançar até 12 metros, de flores brancas, dão um fruto em vagem de tom avermelhado ou marrom, com aproximadamente 10 sementes.  A fazenda do meu avô levou esse nome “Vinhático”, por possuir muitas desta árvore em toda a sua extensão, seja na parte onde ainda tinha mata nativa ou na área onde havia cacau plantado. O plantio de cacau exige sombreamento e por sobre as árvores de cacau são deixadas as árvores de porte maior, geralmente, o Jequitibá, sapucaia, o vinhático e muitas outras. Nas áreas onde não há mais árvores nativas, normalmente os fazendeiros plantam bananeiras para dar sombreamento ao plantio de cacau.


-Não se preocupe, arrumo tudo e vou ainda hoje para Itabuna e amanhã bem cedinho sigo para Ilhéus de lá pego um voo para o Rio de Janeiro.

-No Rio Calango, procure José Valmiro, filho de tia Josefa, ele é contador e despachante, vai te ajudar  com o Passaporte o visto e  o que mais for preciso até seu embarque para a Europa, que provavelmente acontecerá daqui a uma semana se não houver imprevistos. Nada de farra no Rio de Janeiro, lembre-se que está indo a trabalho.  Assim que eu resolver algumas pendências sigo também e nos encontraremos na Europa.

 Fiquei entre a fazenda, a cidade de Camacã e Itabuna, durante alguns dias resolvi tudo que pude o que não consegui deixar pronto fiz uma pequena relação e pedi ao primo Otto que as resolvessem para mim, em seguida mandei que chamassem meus irmãos, Zeni, Deni, Dina, Diana, Sandra, Andréia e Álvaro e meus pais, Hilda e Adonias e lhes expliquei, que teria de ausentar-me  por uns dias, mas que logo estaria de volta. Dos irmãos, apenas um estava ausente, era Altair, o mais velho dos homens, que se encontrava em Salvador, servindo a Aeronáutica.  Comuniquei minha decisão a todos em detalhes, lamentando o fato de meu irmão mais velho não está ali para me ajudar. Aos 17 anos inscreveu-se nas Forças Armadas, após 21 meses do ingresso tornou-se Tenente. Com 1,85 m de altura, magro, olhos castanhos claros, cabelos bem aparado e barbeado, muito assediado pelas garotas que suspiram quando ele passa. Sempre muito calmo, sorriso largo, entretanto, como oficial das Forças Armadas desenvolveu algumas características próprias dos militares, mas a principal é a firmeza nas tomadas de decisões e a imposição de respeito. Certa vez, perguntei por que quando nos visitava ou saiamos juntos nunca usava o fardamento da Corporação, respondeu que poderia ser alvo de bandidos que já sofreram alguma ação da policia e desenvolvem desejo de vingança, para esses marginais, não importa se é Exército, Aeronáutica, Marinha ou Policia Militar, estando de farda o risco é o mesmo e a sede de vingança a mesma também. Relatou também que tratava-se principalmente de zelar pela vida das pessoas com quem ele se relacionava ou estava em sua companhia que acabariam sofrendo as consequências num eventual ataque a sua pessoa quem o estivesse ao seu lado poderia ser atingido. Explicou que normalmente os Militares em serviço, atuam em pares para não serem pegos de surpresa e quando não estão em serviço, preferem ocultar a sua identidade profissional.
   Apesar de saber que a farda dar status e atrai as mulheres, mesmo assim, dizia: “é preferível não correr o risco. Evitar”. Com essa postura madura e prudente, quem não o conhece não o identifica como um Oficial da Aeronáutica, mas, o respeita pelo modo de agir e comportar-se.

 Outro dia  estávamos  numa mesa de bar na cidade de Camacã, quando de repente, dois sujeitos, um baixinho gordo, vestindo calça jeans e uma jaqueta preta, óculos de grau, o outro era alto e forte, bem moreno e vestia-se igual ao baixinho, entretanto não usava óculos de grau, e sim, um bem escuro. Ambos aparentavam uns 25 anos, aproximaram-se do balcão e pediram um conhaque. Quando terminaram a bebida disseram ao dono que o conhaque estava misturado com Metanol e não iriam pagar. O balconista, um garoto de 20 e poucos anos, cabelos longos, moreno com corpo atlético e músculos amostra saiu detrás do balcão atravessando o caminho dos dois maus pagadores, cercando-os. O grandalhão fez um movimento chamando-o para briga. O garoto  tentou surpreender o moço mais alto  aplicando-lhe rapidamente um soco, porém antes de atingi-lo, recebeu um chute por trás do baixinho de óculos de garrafa, caindo ao chão sem forças para reagir. Eu e Altair que assistíamos à confusão permanecemos sentados, porém quando o garoto recebeu o golpe por trás meu irmão levantou-se e  identificou-se como Oficial,  pedindo aos safados bagunceiros  que sentassem enquanto ele telefonaria para a polícia vir buscá-los. O rapaz de bigode comprido e apontando para cima, era o mais forte, pegou uma garrafa sobre a mesa ao lado e partiu em direção de meu irmão tentando atingi-lo. Rapidamente ele abaixou-se segurou a mão do valentão com excessiva força e o fez sentar-se. Sem pronunciar mais uma palavra aos rapazes, virou-se com cautela, usou o orelhão do bar que ficava próximo à porta. Dois minutos depois a polícia chegou, perguntou o que havia acontecido. O garoto, já recuperado prestou  esclarecimentos aos policiais. Os dois arruaceiros foram algemados e colocados dentro da viatura policial e encaminhados para delegacia. Fiquei pasmo com a calma e a rapidez com que Altair resolveu o problema e ainda mais estarrecido com a autoridade que exerceu sobre os bandidos fazendo-os esperarem pela policia sentados. Pedimos a nossa conta ao garoto e já íamos saindo quando o menino aproximou-se e perguntou:

 -O senhor deve ter aprendido a hipnotizar as pessoas ou então é feiticeiro. Eu nunca tinha visto antes um negócio daqueles. Os babacas ficaram sentados esperando a polícia chegar, nem tentaram fugir. Foi demais mesmo. Obrigado por ter me ajudado. Meu pai é o dono do bar e está perto de chegar, vocês não querem esperá-lo?

Meu irmão agradeceu o convite e se despediu, dizendo:

-Garoto, você foi muito corajoso enfrentando os dois rapazes ao mesmo tempo, entretanto, tenha muito cuidado, nem sempre a força e os músculos resolvem uma questão, seja prudente, eles poderiam está armados de arma de fogo.
  

  Já havíamos presenciado outras cenas de atuação do meu irmão, sempre notávamos que preferia usar a inteligência à força.
 Apesar da distância que existia entre a fazenda, onde ficávamos e a base da Aeronáutica da Bahia, mais ou menos uns 600 km, ele vinha nos visitar de 15 em 15 dias.



A VIAGEM



 Aprontei-me para minha viagem internacional e como o avião tinha escala em Salvador combinamos que nos encontraríamos no aeroporto.

Um dia antes da minha retirada da Fazenda, a tardizinha, eu cacei uns gravetos de pau seco de árvores caídas ao chão, fiz uma fogueira e por volta das 20 h, a boquinha da noite ateei fogo. Sentamos ao redor da fogueira, uns no chão outros pegaram uns bancos e começamos a prosear. Pai trouxe espeto e umas espigas de milho, Everaldo também se achegou, enfiou num espeto uns berés, piabas, que havia pescado no Rio das Traíras, rio que passa próximo da casa sede, logo abaixo, a uns 100 m. de distância. Olhei do seu lado e percebi haver uma bacia lotada com acaris, pitu, camarão calambau, curuca e duas ou três traíras. Todos sãos peixes abundantes, dos rios que banham a fazenda, o Rio das Traíras e o Rio água Preta, de todos os peixes o mais estranho e que acredito puco conhecido é a Curuca, é um crustáceo, cuja Puã dianteira é dobrada e não tem o gancho para segurar os alimentos como tem o camarão o pitu. Ficamos por horas a fio, beliscando um peixinho torrado na brasa e comendo milho assado, para beber mãe fez um suco de limão balão e um cafezinho da roça, cujo cheiro nos faz delirar e passar a língua pelos lábios, quase que automaticamente, basta olhar uns para us outros que notamos a língua circulando os lábios de cada um como num ritual. Finalmente nos recolhemos as dependências da casa para adormecer num sono gostoso e profundo.   

 No dia seguinte, mãos a obra! Levantei-me bem cedo, a mala estava pronta. Tive que comprar outra, claro, pois Evandro viajou com a minha, porem uma mala só não foi suficiente, aproveitei uma mochila de Altair, não é que eu tivesse muitas roupas para levar, até me aconselharam a levar poucas para aproveitar e fazer umas compras por La, a verdade é que na bagagem levava alguns livros, caderno de anotações e coisas da fazenda para comer, como: carne seca, frutas, tais como groselha, jambo ou Eugênia, como a chamávamos na roça, laranja, banana nanica, e coco de licuri.
Saindo da fazenda, passamos pela cidade de camacã, através de estradas de cascalho e barro, cheias de buracos, são 14 km entre a fazenda e a cidade de Camacã. De camacã ao entroncamento com a BR 101, são mais 15 km, mais ou menos, com  estradas idênticas. Chegando ao entroncamento,  pegamos a BR 101, sentido Itabuna, à esquerda, o sentido da direita levaria a Porto Seguro, São Paulo, enfim regiões do sul e do sudeste, etc. viajei mais 80 km depois do ponto que pegamos a 101. A BR 101, era asfaltas e estava em boas condições, até a cidade de Itabuna, foram mais uns 90 min. De viagem, num Jeep, pertencente ao meu avô, dirigido por meu pai, que embora preferisse dirigir o seu caminhão Mercedes Benz velho, fabricado em 1966, adquirido com a ajuda financeira do meu avô. Em Itabuna, almoçamos, na casa da família, no endereço da Rua do Prado, 72, no bairro Conceição. Por volta das 13 h depois de deitar um pouco, continuamos nossa viagem até a cidade de Ilhéus, cuja distância que separa uma cidade da outra são 30 km aproximadamente. Em Itabuna há um Aeroporto, todavia, é utilizado apenas para pouso e decolagem de aeronaves particulares de pequeno porte.  Seus usuários normalmente são proprietários de grandes fazendas, ricos e políticos.  Chegamos em  Ilhéus, no Aeroporto, de Ilhéus a capital Salvador são 446 km. Olhei para o relógio eram 15 h o horário do meu voo até a cidade de Salvador seria as 15 h,  aproveitei para me despedir de pai de Marcelo, Katia, Emimare e Vanuza, que haviam aproveitado a viagem para dar uma passeada e olhar o mar.
Com previsão de chegada a Salvador em 40 minutos, incluindo decolagem e pouso. Encontrei-me com Altair no saguão do aeroporto, ali mesmo sentamos e iniciamos uma longa conversa, observei que ele estava bem à vontade, vestido de bermuda, óculos escuros, camisa branca e jaqueta jeans, destas envelhecidas artificialmente pelo fabricante, tinha uma tonalidade azul, bem clarinho causado pelo envelhecimento artificial, calçava tênis cinza.

 Concentramos nossa conversa na missão que nosso avô me atribuiu, pedi alguns conselhos, dicas de hotéis, pessoas que poderiam me ajudar no exterior. Por ser mais velho, possuía mais experiência do que eu, além de ter viajado algumas vezes para a Europa. Estudou por 12 meses no país de Gales, aproveitando um Intercâmbio oferecido pela escola que estudava. Falamos também um pouco de garotas, entretanto neste assunto, sempre muito discreto, procurou esquivar-se, preferiu falar-me apenas, que estava apaixonado por uma garota de Camacã e que por enquanto estava na fase de conquista da menina, mesmo assim, ainda conseguir lhe tirar algumas respostas, falou-me que era morena, cabelos e olhos negros, magra, baixa, todavia, quando perguntei pelo seu nome, ele foi logo mudando de assunto, pedindo que desse notícia de nosso pai e de nossa mãe. Como estavam e coisa e tal.

 Olhei para o relógio do aeroporto e percebi que estava na hora do novo embarque. Agora eu iria pegar um novo vôo para a Grécia com escala em São Paulo e Nova Iorque, sem a necessidade de troca de aeronave.



Ao chegar à Europa, berço da civilização, na Grécia - cidade de Atenas, encontrei-me com O Primo Evandro que viajou três meses antes de mim, com a finalidade de pesquisar e criar uma lista de nomes para facilitar a minha escolha quando chegasse o momento de definição. E este era o momento, motivo pelo qual estava ali naquele instante.

O primo muito mulherengo foi logo me dizendo:

-Kastrinho, aqui tem cada garota bonita moço. Estou encantado, cada uma mais bela do que a outra, pelo que estou vendo vou voltar para lá casado.
-Êpa! Calma rapaz, nós estamos aqui a trabalho, esqueceu foi?
-Por falar em prazer, você lembra qual foi a última vez que nos divertimos de verdade com mulheres?
-Olhe Evandro lembro-me sim. Se não estou enganado, estávamos: Eu, você, Otto e Junior, em Camacã, na Rua do Tapa. Lembra?

Caro leitor amigo, O lugar conhecido como –Rua do Tapa, - era uma ruazinha bem estreita, não era permitido passar carros, as casas eram simples, pintadas com tintas a base de água, quando as pessoas se encostavam nas paredes saiam com as roupas sujas da tinta de má qualidade que se soltava ao tocá-la. Quase todos os estabelecimentos eram compostos por: Um salão de dança com um bar e diversos quartos para que os homens pudessem aproveitar do lugar sem precisar sair. Pagava-se pelo quarto e pela mulher. Além dos estabelecimentos completos com salão de dança, existiam também casas só para o sexo, os homens escolhiam as mulheres, após uma dança ou uma troca de olhares e saiam para essas casas, compostas só de quartos de um lado e do outro com um corredor no meio. 

Ficamos, eu e Evandro lembrando os acontecimentos de uma das nossas visitas a aquele lugar. Divertimos-nos bastante, posso garantir. Eu peguei uma moreninha e a levei para um quarto apertado e escuro, que ela me indicou. Ao entrarmos, percebi, pelo calor, que ali não tinha janelas, faltava um ventilador. O calor era demasiadamente forte. Apesar do escuro, observei quase tudo: Debaixo da cama, uma bacia para a mulher lavar as partes íntimas depois da sessão de sexo. Ao lado, um pequeno berço de madeira escorado com tijolos, dentro, um recém nascido, que parecia estar com fome, pois chorava muito, calculo que o bebê deveria ter apenas uns 05 meses. Para completar o ambiente, totalmente desagradável e desapropriado ao amor ou mesmo ao sexo, ouvia-se um som alto que vinha da boate que ficava do lado da casa, ralhando, chiando, causando um barulho infernal, que incomodava demais, tirando-me a concentração. A moça foi logo tirando as roupas se deitando e abrindo as pernas e me chamando para aproveitar que ela tinha pressa e precisava atender outros clientes. A morena tinha  uns 18 anos com cara de 30, baixa, magra, não era feia não, mas estava muito maltratada, os peitos caídos, cabelos crespos, despenteados. De agradável, apenas o perfume, usava uma colônia de um aroma suave e gostoso.
Olhei para a moça deitada em posição de combate e lhe falei que infelizmente não dava para continuar, pois o meu bichinho, diante de tanta perturbação no ambiente não se levantou. A garota tentou fazer um carinho, mas foi em vão. Por fim, a mulher embraveceu e disse que eu só saia dali se pagasse pelo menos à metade. Paguei. Paguei e sair correndo daquele quarto feio e escuro sem conseguir o que pretendia. Logo depois encontrei Evandro todo feliz da vida, sorrindo para todos os lados, dizendo que havia encontrado a mulher de sua vida e estava apaixonado. O próximo a chegar foi Otto, com cara de zangado, disse que  estava no quarto quando alguém bateu a porta, era o cafetão da mulher. Um sujeito com cara de mal com uma arma a amostra na cintura, empurrou a porta e entrou.  Otto foi logo se despedindo, apesar de não ter feito o que tinha ido fazer, entretanto, achou conveniente ir embora a fim de evitar problemas.  O moço, não satisfeito, botou a mão no seu ombro, olhou para a camisa dele mandou que a tirasse:

-Camisa bonita, garoto!
-Obrigado.
-Dê ela para mim, estou precisando de uma blusa dessas para a festa de amanhã.

Otto é magro, cabelos curtos, olhos negros, estatura mediana, praticou 03 anos de judô na academia de Makalé em Itabuna. Sempre muito calmo, mas ninguém mexe com ele não, quando perde a paciência, sai de debaixo.

-Porque não vem tomar?

O aproveitador de mulheres, cafetão safado, foi logo levando as mãos à cintura para puxar a arma, porém antes de sacá-la, Otto disse que deu um golpe com os pés em seu saco, imobilizando-o, tomou o revólver do sujeito, amarrou suas mãos com o lençol da cama. Mandou a mulher deitar-se, fez amor. Pagou, jogando o dinheiro em cima da cama, saiu do lugar com cara de bravo e cuspindo fogo.

 -Olhe Evandro, vamos voltar ao trabalhar que é melhor depois agente lembra dessas loucuras que fizemos.

-Fala sério Kastrolle, você fica é com vergonha por ter sido o único que não conseguiu.

-É sim, quer dizer não. Não, não tem nada a ver. Vamos logo o que você conseguiu nestes dias aqui?

 -está aqui comigo uma lista com 18 nomes, todos com as características solicitadas.

A SELEÇÃO


Iniciamos então, o processo de escolha analisando um por um, pesquisando tudo que podíamos descobrir. Os que de alguma forma não se enquadravam íamos riscando. O local que estávamos era aconchegante, um hotel no alto de uma encosta com vista para o mar, construído com pedras e as paredes recobertas com milhares de pedrinhas retiradas do fundo do mar. Passamos alguns dias pesquisando, fazendo visitas, entrevistando pessoas, acessando Internet em fim, concluímos.

 Solicitei o Evandro que voltasse ao Brasil e fui à busca dos selecionados.  Recrutei o físico de renome Maneca Atum; na Ásia encontrei o astrônomo conhecido como Cabeça de  Rochedo; na América Central, um Índio chamado Pena Branca, nascido no México e finalmente um brasileiro astronauta chamado de Cinqüenta e Um por ter  Idéias controvertidas.

             Nossa reunião inicial foi na fazenda Santa Maria, onde nasci  próximo da cidade de Camacã, ali seria nosso Quartel General.

Já passavam das 11 horas, do dia 30 de janeiro de 1986, até então, na sala, eu e o Maneca Atum. O Dr. Atum, como passei a chamá-lo, nasceu na cidade de Pireus, e ainda criança foi morar em Atenas, era um menino diferente, enquanto as crianças da mesma idade iam brincar, ele fabricava barcos e os vendia para ajudar nas despesas de casa. Morava só com a sua mãe, seu pai desapareceu pouco antes do seu nascimento. Havia saído para pescar e segundo pescadores, deixou o barco a nado ao avistar uma sereia, e nunca mais souberam do seu paradeiro. Alguns dizem que foi enfeitiçado por ela. Casou-se  e vivem no fundo do mar.

O menino, fabricante de barcos, havia preparado um especialmente para o seu uso, as laterais eram ornamentadas com conchas e búzios. Nos finais de semana colocava o barco no mar e saia com mais dois amigos para pescar. A isca era um espelho que apontavam para as águas cristalinas do mar e os peixes atraídos por suas próprias imagens se aproximavam e os pequenos pescadores atiravam uma estaca de ponta no bicho. Numa dessas pescarias o Pequeno Panagiotys, seu nome verdadeiro, içou um peixe enorme e todos que viram diziam que era um Dourado e o menino dizia que se tratava de um Atum. “É um ATUM! Minha mãe me falou que atum é assim, dessa cor” e todos riam  e desse dia em diante passaram a chamá-lo de Maneca Atum. Maneca,  porque havia um pescador velho do lugar que pescava Atum, conhecido por todos por Maneca Atunzeiro.

            O Dr. Atum, tinha cabelos rentes com o couro cabeludo, bem curtinho, olhos claros, magro e alto, 1,95 m de altura.

            Além de pescar e fazer seus próprios barquinhos para pescaria, Panajiotys adorava estudar matemática e física. Entretanto o que mais gostava de fazer era olhar para o céu e passar horas ali admirando e contando estrelas.

Por isso o céu passou a ser seu objeto de estudo, aos sete anos de idade, conhecia todas as estrelas pelo nome, sua localização, sua intensidade de iluminar e calculava à distância entre uma e outra. Sabia da história dos planetas. O céu era sua fixação, se não tivesse levado o apelido de Atum, com certeza seria chamado “o homem do céu, o homem das estrelas ou alguma coisa parecida”.

Já passavam das 11h30min e a equipe estava quase completa, restando apenas, o índio Pena Branca, que decidiu vir do México a cavalo e ainda não havia chegado.

Resolvemos iniciar a nossa reunião sem a presença do mesmo. Assim, comecei o meu discurso:

-Senhores,

Como já antecipei para vocês, ao convidá-los, e fiz isso pessoalmente, o nosso objetivo aqui será... hem! O que? Que...
 ...Que barulho é esse? Vocês estão ouvindo? Potok potok potok potok. Parece um cavalo a galope.

Saímos à varanda para observarmos o motivo do barulho. A casa, agora, nosso quartel general, tinha 04 quartos, duas salas, uma cozinha, um escritório, onde estávamos reunidos e uma grande varanda em volta. A varanda e o assoalho eram de madeira e as paredes de barro prensado, construída pelo meu avô, Manoel David de Castro, no ano de 1920, localizada entre a cidade de Camacã e Eunápolis, em meio a árvores e plantação de cacau, onde os pássaros cantavam e os pequenos animais silvestres rondavam. Passei ali grande parte da minha infância, juntamente com a minha mãe Hilda, meus 08 irmãos. Tinha o hábito de deitar ao solo e olhar para o céu contemplando tamanha beleza e ficava ali admirado com tantas luzes que iluminavam à noite. Numa dessas noites, vi um movimento estranho no céu. Lembro-me muito bem, eu tinha apenas 08 anos de idade, havia uma estrela e a sua luz ficava visível e de repente sumia, como se apagasse e acendesse. Logo desapareceu.

            Chamei meu avô que estava por perto conversando com Mara e Oliveira, seus filhos mais novos, e lhe contei o que vi.  Sentou-se ao meu lado e disse que certa vez, em um sonho, um anjo lhe revelou que um dia, todas as estrelas irão apagar e tudo virará cinza.

            Essa história ficou rondando minha cabeça por muitos anos e para minha surpresa, na do meu avô também.

-Meu querido neto, há algum tempo atrás te contei uma visão que tive em meu sonho.

- Jamais esqueci aquela nossa conversa, meu vô.

-Filho, tenho notado o amor que dedica as coisas da natureza, o respeito que tem pelas pessoas e especialmente pelo que vê lá em cima (falou e apontou para o céu).


-É verdade, fico perplexo com tantas maravilhas, tantas luzes que brilham no espaço celestial, fico aqui horas e horas contemplando tudo isso... E quando saio daqui, pego alguns livros na biblioteca do senhor e vou ler tentando ver se descubro algum escritor que conte uma história diferente, que contraponha as existentes, pois, acho que a contada pelos livros não é a verdade, não é realmente o que aconteceu. Percebo meu avô, que há algo estranho lá em cima.




-Meu neto, eu pensei bastante sobre o assunto e tenho uma missão especial para você, disponho de um valor que vou destinar para provar cientificamente a verdade sobre a formação das estrelas no céu. A visão que tive no meu sonho foi uma mensagem enviada por Deus. Quero que pesquise o assunto não importa quanto vai custar, daremos um jeito para pagar.

Tivemos essa conversa em julho do ano de 1984 e daquele em diante não fiz outra coisa senão tratar do assunto. Comecei preparando o escritório na casa da fazenda, pois ali entendemos que seria o lugar mais adequado para pesquisarmos, havia espaço e a natureza haveria de ajudar. 






O GRANDE GOLPE



            Quando tudo estava pronto e já estávamos discutindo sobre a equipe que montaríamos, veio o grande golpe. Na manhã do dia 03 de julho de 1985, os pássaros deram o primeiro aviso. Um beija flor, entrou na sala pela janela, como era de costume, porém neste dia foi diferente; como se quisesse avisar, voou, voou e parou no ar. Cantou um canto triste. Pousou no ombro do meu avô e com o bico o beijou por várias vezes repetidamente. A impressão que tive é que transmitia algo em seu ouvido a cada beijo.
No mesmo instante, lá fora, observamos diversas espécies de aves, pousados sobre o balaustre da casa, entoando em coro outro canto triste, como fosse uma despedida. Algo inexplicável e indescritível acontecia naquele instante. O canto, pelo tom, parecia demonstrar uma imensa tristeza, se vocês já ouviram aquela música que fala do Menino da Porteira, vão entender a dor e a tristeza que um canto é capaz de transmitir. A natureza chorava e eu, inexplicavelmente também, comecei a chorar. Era tudo muito bonito, porém triste demais... Não sei explicar, mas um vento frio passou e arrepiei-me...
            Era um presságio, naquele mesmo dia sombrio as 08h00min meu avô faleceu.

Ao entardecer, ali mesmo no cemitério da fazenda, ele foi enterrado acompanhado por outra manifestação dos pássaros, que voavam sobre o caixão e do alto jogavam pétalas de rosas que carregavam nos bicos. Uma chuva bem leve molhava nossos rostos como se a natureza toda chorasse naquele instante, todos os presentes ficaram emocionados e choraram juntos. Lá no alto do céu, os pássaros continuavam fazendo revoada - de um lado para o outro, formando nuvens. Eram de todas as espécies: canários, curiós, pica paus, bem ti vis, andorinhas... O comando era de um beija flor que voava na frente como um maestro regendo a orquestra.
Não sei explicar a relação que meu avô tinha com os animais, apenas, nos dizia que deveríamos ter carinho e não cometer nenhuma violência com os bichinhos. Assim poderíamos obter a confiança deles e que se obtivermos essa confiança, jamais seriamos atacados por um animal feroz ou peçonhento. “O que faz os bichos atacarem as pessoas é o medo que eles sentem delas. Pela sua perversidade, entretanto, se tem confiança em você, não vai ter medo e não vai te atacar. Não se esqueçam  disso”.

Minha cabeça estava confusa, lembrava-me de muitas coisas e momentos aos quais vivi com meu avô. E foi ai que me lembrei de um fato interessante. Há uma semana atrás, ele havia me chamado para acompanhá-lo até ao banco. Lá me mostrou documentos de uma empresa que havia registrado com o nome de “A VERDADE DITA EM UM SONHO.” Abrimos uma conta corrente, e eu fiquei como procurador. Ele efetuou um depósito na conta e disse: “ Filho, conforme o orçamento inicial que fizemos esse valor será suficiente com sobras para a conclusão das nossas pesquisas”.

            Somente agora, aqui, no cemitério, ouvindo essa melodia entoada por um coral de pássaros, que percebo a atitude que ele tomou. Certamente já previa o dia da sua partida, foi por isso que preparou tudo antes de nos deixar. Naquele instante prometi a mim mesmo que lutaria com todas as minhas forças para continuar o projeto que havíamos iniciado.







O falecimento do meu avô deixou-me mais decidido a perseguir aquele projeto e era por isso que tinha deixado os amigos e o meu lazer um pouco de lado para me dedicar exclusivamente às pesquisas.

Meu amigo leitor, essa era a razão  de estarmos todos ali. ... Daquela varanda, víamos ansiosos a chegada de mais um obstinado, resolvido a desvendar os mistérios sobre a existência das estrelas,  dessa vez, o bravo índio veio  montado em seu cavalo branco que se aproximava a galope. Desmontou e foi dizendo “Bom dia,  desculpem-me pelo atraso”, respondemos em inglês, como havíamos combinado que seria a nossa língua comum  “Good morning my friend.”

            Decidimos que seria melhor aguardar o Pena Branca descansar um pouco para reiniciarmos a reunião. Antes, porém, nos contou sobre sua viagem, disse que viajava há 60 dias. Observamos que o seu cavalo, Cara Pintada, como era chamado, estava com boa aparência e parecia descansado. Explicou-nos que viajava um dia e descansava outro e que não viajava no sol quente, que trazia consigo uma cabana compacta contendo um material especial de sua invenção que refrescava e massageava o animal, enquanto ele também descansava usando um serviço semelhante para o ser humano, também de sua invenção.
  
            Convidei o índio Pena Branca para fazer parte da equipe porque fora vítima de chacotas por ter apresentado em um programa nos Estados Unidos documentos que diziam que as luzes que víamos nos céus, foram acesas por povos antigos. Não lhe deram nem chance de explicar, retiraram-no  do ar imediatamente... Trataram-lhe como louco.
           
            Fiquei interessado no que ele falou e decidi  visitá-lo nos Estados Unidos. O nosso encontro foi amistoso, mas se mostrou muito desconfiado, aos poucos fui ganhando a sua confiança e passou a  mostrou documentos antigos contendo rabiscos, desenhos que passamos a decifrar juntos. Retornei em seguida ao Brasil, pois tinha outros assuntos urgentes a tratar.






UM PAPO INFORMAL



            Embora não quiséssemos perder tempo. Resolvemos bater um papo informal, contar histórias  que aconteceu conosco e que de certa forma mudaram nosso conceito de vida, nossa visão de mundo ou simplesmente ficaram na nossa memória por alguma razão especial.

            Pois bem, vou contar para vocês uma dessas, só que não aconteceu comigo, ouvi da minha mãe. Contou ela, caro leitor que certo dia estava em casa, esta mesma casa em que estamos aqui reunidos e de repente, chega Manoel David. Ele mesmo, o meu grande avó. Continuei e dei umas risadas, RSRSRSRS. O responsável por estarmos aqui nesta empreitada, a mais difícil das nossas vidas, creio eu. Já aos 80 anos de idade, pessoa serena, destas que devemos ter como exemplo. Nascido em Pernambuco, na cidade de Alagoinha, próximo à cidade de Pesqueira, saiu de lá bem jovem com destino a Bahia. Em Salvador, soube que havia um navio pegando passageiro para o sul do estado. Embarcou neste navio e na cidade de Canavieiras, desembarcou.
  Lá, em terra firme, ficou sabendo que uns tropeiros estavam saindo para um lugar chamado Camacã. Onde estavam precisando de homens para trabalhar na lavoura, logo se juntou a uma comitiva rumo a Camacã. 

Adentrou a mata densa na companhia tinha os tropeiros e suas mulas. Tiveram cuidado no percurso, pois ali ainda existiam índios bravos que preparavam emboscadas e atacavam as comitivas que por ali passavam, invadindo o seu espaço sagrado, suas terras..

Em  Camacã,  conseguiu trabalho  na lavoura de Cacau. Conheceu uma linda jovem e encantou-se por ela, ficou por ali até conseguir a simpatia do pai da moça e a pediu em casamento. Construiu sua própria casa, a qual é o nosso Quartel General agora, tendo passado por algumas reformas, porém, conserva alguns cômodos da antiga construção.

            A jovem com quem ele se engraçou, Dona Altalina, também gostou do rapaz pernambucano, casaram-se, viveram juntos até que o Poderoso Arquiteto do Universo os levou. Primeiro ele e depois ela. Tiveram 08 filhos: Meu pai Adonias, que teve nove filhos; Tia Daisy teve uma filha chamada Karla; Tia Dete com seis filhos o mais velho Everaldo, depois Ednaldo, Evandro, Rosane, Kátia, êta pessoa maravilhosa, é adorada por todos, e o caçula Marcelo; Celina que teve: O Junior, o Otto, a Tânia e a caçula Cíntia; e Tia Mara com Tadeu e Cássia; O Gilberto trouxe para meu avô as seguintes netas: Poliana e Luana; já o Tony trouxe Tainã, Dérbson e Tati. A Tati, desde pequena foi morar com Mara que a criou como sua filha verdadeira; e por fim o caçula Oliveira, que colocou no mundo pessoas maravilhosas a Daiana, o Tiago e o Danilo. Ao todo foram  30 netos.

             Sim... Mas vamos voltar a história do meu avó. Ele retornava da Água Preta, foi observar como estava o cacau e cortar brotos dos pés como era de costume fazê-lo. Ao volta ouviu alguém cantarolando, conheceu a voz do seu cunhado Fabrício que estava passando do lado do cemitério.  Pensou: “se está cantarolando é porque está com medo, pois, não costuma ficar cantando por aí. Vou preparar uma para ele.” Começou falar com a voz trêmula: “E s p e r a  q u e  v o u   t e  p e g a r,   e s p e r a   q u e   v o u  t e  p e g a r...  O Fabrício,  ainda meninão, 15 anos de idade, tinha cabelos louros, olhos claros, já formando um pequeno bigode e raros pêlos na barba, já ensaiando mudança de voz, saiu em disparada com um facão na mão, tremendo de medo e pedindo socorro. Meu avô percebendo o desespero do rapaz com o facão na mão preocupou-se. Ele poderia cair e se machucar. Então, resolveu desfazer a brincadeira e gritou: “Ô Fabrício sou eu, pára moço que sou eu. Sou eu Fabrício” quanto mais ele dizia sou eu, mas Fabrício corria.

Em casa contou a proeza a todos que não paravam de rir. Tio Fabrício enraivecido partiu em direção dele com o facão na mão, todavia foi impedido por alguns primos que se encontravam ali.
Depois desse episódio vovó que era homem sensato, decidiu nunca mais brincar com ninguém assim e depois que tio Fabrício se acalmou foi a ele e  desculpou-se, claro, deu um tempo para ele esfriar a cabeça.    

            Maneca Atum também contou a sua história. Disse que em uma das suas pescarias, encontrava-se no seu barco, ele e mais dois amigos, dessa vez  navegavam mais distante da costa, em alto mar, ouviram um barulho, olharam, e quase morreram de susto, estavam diante de um tubarão de uns 05 metros. “O bicho era um monstro”, disse. Desesperados começaram a rezar e o tubarão ficou dando voltas no barco como se fosse um ritual para dar o bote final, pelo tamanho do peixe, até o barco caberia na sua boca. Quando parecia que o tubarão iria comê-los vivos com barco e tudo, Maneca Atum teve uma idéia, como seu método de pescaria era com um espelho. Pegou aquele espelho preso a uma moldura de madeira de mais ou menos 1,50 m apontou para o bicho que já vinha de boca aberta em sua direção. Ao ver o seu reflexo no espelho o tubarão deu uma freada brusca, fazendo um movimento nas águas que gerou uma forte onda levando o pequeno barco para longe. O tubarão coitado, assustado com a sua imagem no espelho desapareceu nas profundezas do mar e nunca mais foi visto.

            Todos nós estávamos ansiosos para ouvir a história de Pena Branca, que já tinha ensaiado contar, mas preferimos esperar o Dr. Atum concluir a sua que estava muito interessante.

            Finalmente passamos a ouvir Pena Branca, era o mais velho da equipe, tinha cabelos longos com uma pena presa, era uma figura saída dos    velhos filmes de farowest que assistimos, aos 55 anos de idade, ainda tinha muita energia, com 1,75 m, braços fortes e uma pele avermelhada como se tivesse tomado um dia inteiro de sol.

            Contou-nos  que certa vez o feiticeiro de sua tribo chamou-o e disse: “Você vai viver até 150 anos, com saúde e força, bala não te acertará, flecha não te atingirá e  animal malvado não te pisará”. Isso aconteceu quando tinha apenas 05 anos.

            Dois anos depois, para seu povo um índio com essa idade, sete anos, já é um guerreiro.  Numa manhã estavam todos na frente de suas ocas preparando-se para uma caçada, quando ouviram os pássaros voarem assustados, animais pequenos em disparada para todos os lados e os cavalos relinchando. Olhou nos olhos dos presentes na sala e disse: “Índio sabe quando tem algo errado”.

 O meu povo, do menino ao velho, todos, perceberam o que estava prestes a acontecer e começaram a retirada. Os cavalos foram rapidamente soltos, crianças subiram em árvores, os mais velhos procuraram o abrigo mais próximo.
 Pena Branca, emocionado, desta vez, baixou  o olhar  e mesmo assim, percebemos algumas lágrimas rolarem no seu rosto. Sem interromper a sua história, continuou, fazendo uma observação:

  “Amigos caras pálidas, foi loucura, ainda lembro como se fosse agora. Ao perceber que meu povo iria ser esmagado pela manada de búfalos que vinha em nossa direção, lembrei-me do que o feiticeiro me falou: “Animal malvado não te pisará.” Saí correndo e na frente existia uma  clareira que os bichos podiam desviar e passar. Prostei-me na  entrada do acampamento, balancei os braços segurando uns galhos de mato de um lado para o outro na frente da manada, parecia que os meus 0,98 cm de altura tinha triplicado e eu tinha virado um gigante impedindo a passagens dos animais, levando-os a tomarem outro rumo. A manada pegou o desvio pela clareira paralela ao acampamento e desapareceu, restando apenas o barulho que em poucos minutos foi se dissipando. Por instantes fez-se um silêncio profundo, era como se uma nova vida surgira. Do alto de uma árvore um pássaro ensaiou um solo, em seguida, ouviu-se muitos sons diferentes parecia uma orquestra executando Wolfgang Amadeus Mozart .

            Sei que para vocês foi loucura acreditar no feiticeiro da minha tribo, mas naquele momento, apesar de ainda ser uma criança, alguma coisa dentro de mim, dizia: “vá salve a todos, só você tem esse poder”. Entendi que não havia outra saída. Assim, aprendi que a verdade não está no que se diz, mas no que se acredita, a força não está nas mãos, está na mente.
            É justamente por  acreditar nesses mistérios que também resolvi aceitar o seu convite, meu amigo Kastrolle.
È por isso que estou aqui! “disse”.

            Após escutarmos atentos, a experiência vivida pelo recém-chegado, O Índio Pena Branca, falei:

-Amigos já é tarde e precisamos dormir um pouco, amanhã reiniciaremos os trabalhos. Tenham todos uma boa noite.


A REUNIÃO INICIAL




            Acordei, dei uma espreguiçada (alongada) esticando os braços e pernas, logo, saltei da cama. Fui imediatamente ao banheiro, tinha em mente apenas um pensamento: “Precisava ser rápido, pois não queria atrasar a reunião”. Estranhei o fato de não ver nenhum deles fazendo o mesmo, a casa não era tão grande assim e certamente nos encontraríamos numa passagem ou outra pela sala, encontraria banheiro ocupado coisas desse tipo. Olhei para a mesa e vi que o café estava na mesa, mas notei que pessoas já haviam tomado o café. Pensei: “Tenho que me apressar realmente”.
            O cuscuz de tapioca com leite de coco tava uma delicia, provei ainda um pedaço de fruta pão com manteiga, um café bem quentinho preparado ali mesmo na roça, torrado na torradeira e fogão a lenha. A torradeira era feita de uma lata vazia de alumínio de 20 litros que serve de embalagem do gás de cozinha, (Querosene). A lata era partida ao meio e virava uma torradeira utilizada para a torrefação de café, somente para o consumo  da família. O fruta pão que eu acabara de saborear, é um fruto arredondado, seu tamanho e formato são parecidos com o do melão. Satisfeito, levantei-me olhando para o relógio mais uma vez, rapidamente fiz minha higiene bucal e me dirigir a sala de reunião.

 Entrei na sala de reunião e vi que todos já estavam sentados, dei bom dia e perguntei-lhes se tiveram uma boa noite, como a resposta foi positiva, fui direto ao assunto.

            - Bem, amigos, a razão de estarmos aqui todos já conhece, vamos inicialmente falar o que pensa cada um de vocês do assunto.

            -Cinqüenta e Um começaremos por você, esteve perto dos astros recentemente, fale do que viu por lá e o que espera dos nossos estudos.
           
- Bem senhores,

- Cinqüenta e Um, não se esqueça que nós teremos que falar em inglês, será melhor pra todos entenderem.

-Ok! É força do hábito.

-Sorry!

-Well my friends.

- Para  iniciar meu relato, vou falar um pouco da história da NASA.
Foi no dia 1º de outubro de 1958 que ocorreu a abertura oficial da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA), iniciou-se naquele momento uma rica história de conquistas cientificas e tecnológicas relacionadas à ciência espacial, às aplicações espaciais, à aeronáutica e ao vôo espacial humano. Criada como resultado da crise de confiança do Sputnik, a NASA herdou a Comissão Consultiva Nacional para a Aeronáutica (NACA) além de outras organizações governamentais, e quase que imediatamente começou a trabalhar em opções para vôo espacial humano. O primeiro programa de alto nível da NASA foi o Projeto Mercúrio, um esforço para descobrir se os seres humanos poderiam sobreviver no espaço. Em seguida, veio o Projeto Gêmini, que firmou o sucesso do Projeto Mercúrio e usou uma nave espacial construída para dois astronautas. Os esforços da NASA para vôo espacial humano chegaram então até a Lua com o Projeto Apollo, e em 1969 a missão Apollo 11 pela primeira vez colocou seres humanos na superfície lunar. Depois dos Projetos de Teste das estações espaciais Slylab e Apollo-Soyuz durante a década de 70, os esforços da NASA novamente continuaram em 1981 através do programa de Ônibus Espacial (Shuttle) que até hoje ajudam a construir a Estação Espacial Internacional.
Foi exatamente nessa expedição espacial de 1981 que a NASA me convidou para participar como integrante da equipe de astronautas, para nós, brasileiros foi um orgulho muito grande, pois até então os Estados Unidos não havia colocado nenhum estrangeiro em programa de vôo espacial. A nossa missão na espaçonave era estudar durante dois meses o planeta júpiter.
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Como sabemos o motivo que nos traz aqui não é falar sobre a minha missão ao Júpiter, isto não é relevante, vou direto ao assunto que nos interessa – “AS ESTRELAS”. Meus amigos, cada vez que passávamos perto de uma, verificava o sistema que indicava a temperatura externa da nave, foi aí que percebi haver algo estranho, cada uma tinha uma temperatura distinta, usei um microscópio e passei a observa-las esqueci de tudo e me  fixei somente nas estrelas.  A espaçonave era dotada de um sistema antitérmico e de um material capaz de resistir a diferentes tipos de temperatura. Fiquei curioso por que acontecia aquilo e me desliguei da verdadeira missão a que fui e fiquei investigando as estrelas.

            Elas pareciam umas tochas de fogo iluminando tudo por perto. Anotei, observei tamanho, cor, localização, quais vão acabar primeiro, quantos anos possuem, as que pegaram fogo depois por formação de desligamento, a trajetória tomada. Tudo que foi possível eu anotei. Gostaria de falar de uma em especial, aquela que nós, brasileiros, chamamos de Cruzeiro do Sul. Elas têm uma pigmentação diferentes umas das outras, e a intensidade da luz também se distingue das demais, como se fossem fogueiras feitas com madeiras diferentes, onde uma tem uma cor e a outra, outra. Não quero deixar ninguém assustado,  mas a minha teoria é um pouco louca. Para começar são labaredas, são brasas pegando fogo, pequenas faíscas soltam de quando em vez e caem na terra. Elas ficam numa distância de 50 milhas umas das outras, posso afirmar que vi um verdadeiro incêndio no céu.



            O Cinqüenta e Um expôs sua aventura no espaço, mostrou documentos, imagens e anotações, passamos dias ali analisando tudo. Havia intervalos apenas para o café, o almoço e o jantar.

            Nossa rotina era sempre a mesma: levantávamos as 07h00min, tomávamos o café da manhã, iniciávamos os trabalhos às 08h00min horas, parávamos para almoçar as 12h00min, reiniciávamos às 13,30 horas e encerrávamos às 18h00min horas. Já fazia 06 meses desde o dia que começamos os estudos, analisando documentos, calculando Sem descartar nenhuma hipótese, nem possibilidades.

Meus irmãos, meus primos, amigos já estavam perdendo a paciência comigo, não jogava mais bola, nem ia a festas, era trabalho o tempo todo. Somente nos domingos saia um pouco para me distrair, mas voltava cedo para não cansar. Na verdade, estava obstinado, queria rapidamente obter os resultados finais.

E além do mais existia um problema - o financeiro -  os componentes da equipe estavam ali a meu serviço, necessitavam de dinheiro para manterem suas famílias. Nesses últimos meses houve uma superprodução de cacau na África, precisamente na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau. Para se ter uma boa produção de cacau é necessário que no período de floração seja de chuvas abundantes, porem sem exagero para não causar geada, daí na Costa do Marfim houve um período perfeito com chuvas aliado a um clima favorável, sem sol exagerado nem chuvas prolongadas, o clima ameno, e o cacau veio com gosto, frutos sadios e em quantidade. Com a grande safra veio a queda nos preços. O Brasil, segundo produtor do mundo, sofreu também com a queda dos preços que é determinado pela bolsa de Nova York,  aliado a isto, enquanto na  Costa do Marfim a natureza contribuiu harmonicamente para super produção aqui no Brasil, foi o contrário ,uma estiagem prolongada  se lançou na região nos dois últimos anos, afetando de maneira significativa a produção da fazenda. A verdade é que não passávamos por um bom momento econômico e tive que desviar algum dinheiro da pesquisa para pagar despesas da fazenda.

            Analisamos a situação e decidimos interromper os trabalhos por um período. Liberamos todos para tirarem um mês de férias.

            Ficamos na fazenda, apenas eu e Pena Branca, que não quis montar em seu cavalo e retornar devido à distância. Cabeça de Rochedo e Dr. Atum viajaram para os seus  países de origem. Cinqüenta e Um viajou para São Paulo. Combinamos a data de retorno para o dia 30 de setembro.
            Aos 20 de setembro, recebi um telefonema da Ásia, era Cabeça de Rochedo.

O Rochedo como passamos a chamá-lo, era um sujeito branquelo, esguio, bem magro e alto, tinha cabelos louros, olhos claros, e a cabeça... A cabeça era estupidamente grande, talvez por isso,  fosse detentor de uma inteligência que só os gênios possuíam. Poliglota, fala fluentemente 08 idiomas,  51 anos, nasceu na Mongólia. Aos 20 anos foi estudar no Japão. Sua mãe conseguiu do governo da Mongólia uma bolsa de Estudos e não deixou o filho perder essa oportunidade. Ele ponderou um pouco, mas acabou aceitando, não iria desapontá-la. Sabia que seria o fim das aventuras no gelo das montanhas. Subiu ao monte Everest umas 30 vezes, só para ver as estrelas de perto, dizia sempre que nada na vida deixava-o tão excitado quanto à sensação de atingir o cume daquela montanha. O incrível é que à noite, quando olhava para o chão congelado via o reflexo das estrelas fazendo o gelo brilhar por toda parte. Um prazer indescritível.
  
            Embora, muitos imaginassem que ele ganhou o nome de Cabeça de Rochedo por ter a cabeça grande, todos estavam enganados. O apelido surgiu depois de uma viajem à Espanha.
 Encontrava-se sentado à praça de touros Las Ventas, em Madri, distraído olhando admirando   a Arena “Plaza de Touros Las Ventas” com sua beleza imponente e arquitetura estilo árabe com tijolos aparentes, arcos geminados com azulejos decorados pintados à mão capacidade para 23.000 espectadores.  Era um dia especial pela beleza do lugar, pelo seu estado de espírito. A sua felicidade era parente, para culminar com a sua alegria esperava sentado a chegada de uma grande amiga de colégio. O que não contava era com o que esta por acontecer, ouviu gritarias:

-Sai daí corre, sai, sai, se manda...!

Quando se virou para o lado de onde ouvia os gritos de aviso das pessoas em pânico, de repente, percebeu que um touro vinha em sua direção. O momento exigia uma decisão rápida, não dispunha de tempo para correr nem para se abrigar. Não contou conversa, protegeu o corpo e apontou à cabeça para o touro, fechou os olhos, fincou os pés no chão e esperou a pancada, cabeça com cabeça. O impacto foi tão forte que o animal caiu ao chão desfalecido, lançado a mais de 05 metros de distância. Ele, de olhos fechados, ao abrir, ainda meio tonto, pegou o chapéu que havia caído deu uma arrumada desamassando-o, sacudiu a poeira batendo-o contra a perna e a mão, recolocou-o na cabeça e saiu rápido ao encontro da sua amiga que apareceu em meio a multidão. As pessoas não acreditaram no que viram e diziam uns aos outros: “Ele tem cabeça de pedra, o homem é uma rocha.”

Desse dia em diante passaram a chamá-lo de Cabeça de Rochedo. 

            -Alô, fala meu amigo, que houve, deu saudades da Mata Atlântica, do cacau ou das frutas tropicais?
- Também amigo, mas a minha ligação é por outro motivo kastrolle, é que encontrei um Chinês que quer lhe falar.
- Ele fala inglês?
- Não. Vou colocar no viva voz e vou  traduzindo para você.
- Ok, pode começar.

- Bom dia Sr. Kastrolle, soube de suas  experiências e pesquisas aí no Brasil. Tenho 125 anos de idade, nasci em outro século, conheci meu bisavô, que morreu aos 151 anos, e ele me mostrou  no porão uns documentos escritos em uma língua que desconheço, tem também, rabiscos e desenhos de derrubadas de milhares de árvores, mas nem eu e nem meu bisavô soubemos decifrar o que estava escrito no papel.


-Senhor, o senhor ainda possui estes documentos?

-Possuo sim, claro!.

-Podemos estudá-los?

- sim, sim, claro seu Kastrolle. Só faço uma exigência.

- Pois não, pode dizer.

-Quero juntar-me a vocês aí no Brasil, ir com  Cabeça de Rochedo. Inclusive ele me falou das dificuldades financeiras pelas quais estão passando, que seu avô deixou recursos suficientes para as pesquisas, mas houve problemas com a fazenda, falou de uma praga que quase dizimou a plantação de cacau,  a tal de “vassoura de bruxa”, não é isso? Olha, eu me comprometo a ajudar, tenho umas economias e posso contribuir também financeiramente com a pesquisa, não é muito, mas minhas despesas e as de Cabeça de Rochedo eu pago sem problemas.

-Senhor, acha que agüenta, a viagem é longa e o senhor tem idade avançada?
-O que tenho para dar de contribuição para a humanidade vale mais do que minha vida senhor Kastrolle. De qualquer maneira não fique preocupado, tenho 125 anos, mas pretendo chegar aos 150.

- Ok, estaremos esperando, de agora em diante já faz parte da equipe.

-Alô Rochedo! Tá me ouvindo?
 por favor, acompanhe o homem reúnam tudo que ele tiver para nos mostrar e traga para nós.

            Sentei-me perto do fogão para esquentar e fiquei pensando como seria o velho budista e o que traria para nos mostrar. Estando por horas ali na beira do fogo, cochilei e dormir, até que Zeni me acordou:

-Mano vai dormir na cama, as muriçocas vão te acabar aí, rapaz, vem para cama.

            Apesar de não ter anoitecido ainda, os mosquitos estavam pegando pesado. Aceitei a sugestão da minha irmã e fui tirar uma soneca no quarto. Acordei mais tarde e fomos jogar futebol, num campo que fica pertinho da sede. Os primos quase não acreditaram, quando cheguei ao campo acompanhado de Pena Branca. Disseram-me: “Saiu da toca?”

Respondi:

-Mas tem um detalhe!

-Qual é?
-Só jogo se  Índio Pena Branca jogar.

O riso foi geral, Pedrão, Zé Paulo, Pêu, Jair, Maxwell, Boró Laércio e Cláudio de Adustina, o time quase todo, perguntou fazendo resenha:

- Kastrolle, será se ele sabe se a bola é quadrada?

-Vamos ver.

O jogo teve início e Pena Branca ficou no meu time, combinei que ele ficaria parado na banheira (no impedimento) para não fazer muito esforço devido a sua idade, eu tocaria a bola e ele chutaria para gol.  Aos 15 min do primeiro tempo, fiz um lançamento de longa distância, Pena Branca matou a bola no peito e chutou de primeira, antes da bola cair, foi um golaço. Logo depois do gol Pena Branca pediu para sair, estava fora de forma e muito cansado. Poucos minutos antes de irmos para o campo, havíamos falado sobre a trajetória de Pelé e seu ato de coragem e inteligência ao abandonar a carreira no momento de alta, quando todos ainda o aplaudiam. Acho que foi por isso que decidiu sair do jogo logo depois que fez o Gol. É certo que não havia muitos espectadores por ali, mas assistiam o baba a primas, Telma, Sonia, Rosa, Dulce, Emimare, Vanuza, Lena, Nalvinha e Cica. Alguns primos pequenos e os tios: Fabricio e Zezão, ambos, irmãos da minha vó. O tio Zezão não jogava futebol, devido sua idade avançada, mas não perdia um espetáculo, todos dias ia para o campo, seja para assistir ou às vezes\ apitava o jogo, era o árbitro da partido. Aquilo para ele, era uma alegria. Lembro-me de um episódio, certa vez, estava acontecendo um torneio no campo do km 09 e ficaram na final o time da nossa família e o time da sede (km 09) . adivinha quem foi escolhido para apitar a final: “tio  Zezão” auxiliado pelo bandeirinha, primo Everaldo. Houve protestos por o arbitro e o bandeirinha serem parentes dos jogadores do time visitante, mas ficou só por aí mesmo. Na verdade ninguém queria se ariscar a apitar esta partida, pois na última rodada do torneio, tanto o juiz como os dois bandeirinhas tinham saído fugido do campo por anular  um gol do time do KM 14, o time dos Oliveiras e diga-se de passagem anulou corretamente, pois haviam dois jogadores em situação de impedimento. Portanto para este jogo só havia disponível o Arbitro Zezão e apenas um bandeirinha, o Everaldo, este que prefere narar o jogo a bandeirar.
            Começou a partida, o jogo estava quente, estavam no campo atuando como titulares: Altair, Ednaldo, Pedrão, Boró, Zé Paulo, Netão, Gilberto, Oliveira e Gavião, Juarez e Ademir. Os 03 últimos jogadores citados eram filhos do árbitro tio Zezão. Imaginem a confusão. Quanto a mim, Evandro, Junior e Oto, éramos impedidos de jogar neste time, alegavam que ainda não aguentávamos porrada.
E o jogo seguiu calmo, mas, aos 40  minutos do segundo tempo a partida ainda  empatada em zero a zero, tudo indicando que iria para prorrogação e provavelmente, seria decidido em pênaltis, aconteceu o inesperado,  um jogador de nome Nilson Guerreiro, então com 35 anos de idade, jogador do time local, recebe a bola esticada pelo quarto zagueiro na lateral esquerda, e parte com velocidade extrema, deixa dois  zagueiros para trás e chuta no canto  esquerdo, a bola foi cair no anglo, sem chances para o goleiro Gavião. 1x0, faltando apenas 4 minutos para acabar o jogo. O arbitro ainda olhou para o bandeira Everaldo, na esperança que este, suspendesse a bandeira indicando impedimento, mas isso não aconteceu, pois o atacante pegou a bola antes da marca do meio campo e partiu em contra ataque passando ainda por dois adversários. Não dava para anular o gol. O auxiliar do juiz, o jovem bandeirinha Everaldo, ainda pensou na possibilidade de levantar a bandeira e marcar impedimento, mas isso seria um risco muito grande, ele poderia sair dali debaixo de porrada pela torcida local. Não, ele não iria anular o gol, não tinha como fazê-lo para o desespero do time e da torcida dos Oliveiras, ali presente.
Os minutos finais foram dramáticos, o tio Zezão não se conformava com aquela situação e preparou uma surpresa para  tentar mudar o escore do jogo. Jamais esqueci o que o árbitro fez. O time dos Oliveiras, composto pelos meus tios e primos foi ao ataque. Oliveira recebeu a bola de Altair, tocou para Ednaldo que passou por três adversários e tocou na frente para Ademir, que lançou Jair deixando-o cara a cara com o gol, mas na hora de chutar tropeçou num buraco e caiu, sendo pressionado pelo zagueiro José, o juiz prontamente apita e marca penalidade máxima. Foi um pega para capar danado. A reclamação do time adversário foi geral, a torcida invadiu o campo, com intenção de parar o jogo, mas logo tudo voltou ao normal. Ademir segurou a bola e se adiantou, dizendo que era ele que iria bater o pênalti. Daí aumentou a confusão, quando ele correu para chutar o goleiro nem se mexeu na área e Ademir chutou a bola acima do travessão. O juiz mandou repetir a cobrança, alegando que o goleiro havia saído do gol. O atacante se prepara para fazer outra cobrança. Bate e perde outra vêz, chutando para fora. Tio acintosamente manda repetir mais uma vez, alegando agora, que houve invasão dos zagueiros antes do chute. E creiam o pênalti foi repetido e mais uma vez Ademir desperdiçou o pênalti, jogando a bola para fora. O tio desta vez resolveu considerar válido o chute e acabou o jogo 1x0 para o time local.

Eu nunca esqueço aquele momento em que tio olhou, balançou a cabeça e certamente mesmo sem falar percebemos que pensou: “não tem jeito não, eu desisto”.






















UM ASSASSINO E COVARDE


Após um dia  de aventuras e cansado pela correria do futebol,  fui para cama mais cedo, nem fiquei para assistir o Jornal como de costume, entretanto antes de adormecer ouvi alguém me chamar:

-Kastrolle, Kastrolle, posso entrar, tenho que lhe falar é importante?

-Quem é?

-É a Tati.

-Entra Tati, venha cá deita aqui do meu lado. Você parece preocupada? 

-É o seguinte, estou chegando de Itabuna agora e Tio Almeida está com problemas na padaria, acho melhor você ir para lá para ver o que está acontecendo.

-Está bem não estava nos meus planos sair daqui agora não, mas irei.

Tati, é a Tatiana, filha de tio Tôni e que desde muito pequena foi morar com tia Mara que a criou como filha. Ficamos ali, jogando conversa fora até um pouco mais, olhei para o relógio e percebi que já era bastante tarde da noite. Adormeci e só acordei no dia seguinte, nem vi quando Tati saiu do quarto, lembro-me que estávamos conversando e só, apaguei. No café da manhã, avisei a todos que passaria o dia em Itabuna, mas que deveriam continuar os trabalhos. Pedi a Toni a Toyota usada para o transporte das coisas da roça. Saímos às 10h00min, eu,  Evandro, Pedrão filho de tio Fabrício e da tia Laura. Tati resolveu ficar na fazenda e retornar na próxima segunda feira.

Chegando a Itabuna, fui procurar imediatamente por tio Almeida. Tio Almeida era irmão da minha mãe. Ele veio do Norte da Bahia, da cidade de Adustina, pouco depois da vinda de minha mãe, aqui no sul, fixou morada e conheceu a irmã do meu pai Celina, se apaixonaram e casaram. Tiveram os meus primos irmãos: Washington Luiz, José Almeida Junior, Tânia e mais tarde a pequena Cintia. Tio, após o casamento resolveu mudar-se com a família para São Paulo, onde virou empresário, dono de Balneários, fábrica de baterias. Depois de alguns anos resolveu retornar para o Sul da Bahia, assim vendeu tudo e deixou São Paulo com Celina e os três guris, a Cíntia nasceu após o seu retorno a Bahia. Em Itabuna, tio colocou uma oficina de funilaria nos padrões, até então desconhecidos na cidade de Itabuna, com estufas e sistemas de computadores para determinar a cor original do veículo e outras que até eu mesmo desconheço. Um belo dia me convidou para uma conversa e depois disso vendeu a oficina para montarmos uma padaria. Eu não tinha nenhuma experiência como empresário, havia trabalhado em um escritório de contabilidade da família Kruschevsky em Itabuna, pedi demissão e com a indenização montamos a padaria em sociedade.  Dias depois que a inauguramos, meu avô me pediu para ficar com ele na fazenda, entreguei a administração para tio e viajei para ficar com vovô por um período.

Checando o que a Tati me falou, fui ter com ele:
             
-Tio que está acontecendo por aqui?  Tia Celina pediu a Tati para ir me chamar para conversar com o senhor, estive com ela, me falou  que as finanças não vão bem, não tem levado dinheiro para casa, que chega tarde  e sai na madrugada Olha tio se a padaria  não está dando retorno é melhor vender e partir para outra. Percebo também uma expressão de cansaço e preocupação no seu rosto. Porque não me conta o que está acontecendo realmente por aqui, Vai. Abre o jogo!

             Olhei diretamente nos seus olhos na esperança que ele sentisse que poderia confiar em mim, seu sobrinho e desabafasse.  Aquele homem alto, cabelos ralos, um pouco calvo, olhos azuis do tipo que as mulheres se encantam e por isso tia Celina tinha um ciúme danado do garotão, digo quarentão.  Chamava-me carinhosamente pelo apelido de Dafi, finalmente começou a falar:

-Dafi, realmente as coisas por aqui não estão bem, Celina tem razão, não estamos conseguindo pagar as máquinas financiadas, o dinheiro que entra é o suficiente somente para pagar a Kinha, Bernadete e os padeiros. Os impostos estão atrasados, o estoque de farinha de trigo está no final, para piorar a situação, ontem o oficial de justiça esteve aqui e me fez assinar uns papéis dando um prazo de 10 dias para efetuar o pagamento das duplicatas ou então irão dar busca e apreensão nas máquinas.


            Meu tio, só não me contou o verdadeiro motivo da sua preocupação. Duas casas, após a padaria, do mesmo lado, morava uma senhora desequilibrada que adorava fazer escândalos na rua. Um vizinho que me alertou com todos os detalhes. Contou que dois dias antes, a maluca havia saído à rua dizendo que a padaria estava jogando fumaça na sua casa e que não conseguia dormir, que quando seu marido chegasse iria contar a ele e o mesmo tomaria providências.
Comentei:

- E você que mora uma casa antes da dela entra fumaça?

 -Não, não entra não,  ela é doida cara, eu moro bem pertinho não tem fumaça nenhuma.

-O marido dela está aí?

-Não, ele é polícia rodoviário federal só chega no final de semana.


Passei a tarde toda na padaria, combinei com tio Almeida que falaríamos com aquele homem. Já eram 19h00min horas me encontrava no balcão da padaria orientando a funcionária sobre alguns procedimentos, quando ouvi um barulho e uma voz que disse: “VOU TE MATAR”. Em seguida ouvi tiros. Percebi o que estava acontecendo e desesperado peguei uma lasca de pau que estava na porta da padaria, usávamos para lenha. Meu tio já estava caído ao chão, dei uma paulada na cabeça do assassino, que ainda com a arma na mão cambaleou, meio tonto e apontou a arma para mim. Neste momento o filho do sujeito atravessou na minha frente para impedir que eu desse outra paulada na cabeça daquele bandido com insígnia de policial. Com o menino na minha frente apontando a arma em minha direção, o homem disparou, se o tivesse feito talvez eu tivesse morrido também naquele momento. O pânico tomou conta de mim e eu só pensava em abater aquele sujeito, retornei ao interior da padaria, peguei um facão, mas era tarde o bandido havia fugido. Uma vizinha entrou rapidamente, gritando para que eu pegasse o carro e o levasse ao hospital.

            Na porta havia uma Brasília velha, usada para levar pães aos pontos de venda, colocamos tio no carro e saímos em disparada, percebi que a Brasília velha estava quase sem freios, mesmo assim não parei, no Pronto Socorro, logo, recebi a informação que era tarde demais, os ferimentos eram mortais: no peito e na cabeça. O miserável além de bandido era um covarde, matou o meu tio a sangue frio, sem lhe dar a mínima chance de defesa.
            Fiquei descontrolado sem saber o que fazer, chorei por um bom tempo. Como não havia mais nada a ser feito no Hospital, os médicos liberam o corpo do meu tio e acompanhado de uma viatura policial o levamos para o  IML. Ao chegar no complexo policial, onde fica o Instituto Médico Legal. Sentei num canto no chão, a dor cortava o meu peito, voltei a chorar intensamente... Como contar a tia Celina e aos primos Junior e Otto que estavam em casa paparicando a irmãzinha Cíntia recém nascida, agora, órfã de pai. Esqueci totalmente da pesquisa, dos compromissos que  deixara na fazenda e só pensava em vingança.

 Era muito ligado ao meu tio e o amava como a um pai, tínhamos  uma relação de amigo.
 Lembro-me de quando peguei um carro de meu pai e fomos viajar pelo interior da Bahia vendendo livros, agora meu tio estava ali, morto por um bandido. Voltei para casa me deram um remédio para dormir.

            Cinco dias depois, fui à delegacia prestar depoimento, fiquei sabendo que o animal tinha o nome de Getúlio Renout, soube também, que tinha fugido para não pegar flagrante e se apresentou logo depois. O delegado pediu que me tranqüilizasse pois foi aberto um processo e que ele pagaria pelo crime que cometeu. Mesmo assim comprei uma arma escondido de todos e passei alguns dias passando por postos da policia rodoviária federal no intuito de achar o bandido vestido de policia. Soube que o assassino estava em um posto perto de Feira de Santana. Fui lá, mas não o encontrei.
            Voltei para fazenda. O índio Pena Branca convenceu-me a deixar as coisas por conta da justiça. Ainda chorava muito, mas aos pouco fui me acalmando e aceitando os conselhos dos amigos.


            O tempo foi passando, finalmente  no dia 29 de setembro retornamos ao trabalho.




A CHEGADA DE ROCHEDO E DO VELHO BUDISTA






À noite chegava de mansinho, o céu avermelhado, estrelas brilhando de todos os tamanhos. Sentados, eu, Pena Branca, Cinqüenta e Um, jogando conversa fora.  Percebemos  um movimento lá fora, fomos verificar o que estava acontecendo.  O Rochedo e o velho budista chinês, acabavam de chegar, nós os recebemos e os ajudamos com as bagagens.

- Amigo.  Disse o Rochedo
 - Este é o meu mestre, o meu guru, pode chamá-lo de Lão Tze Tung.
-Hi! My name’s   Tung.

O velho Tung, muito inteligente, já ensaiava algumas palavras em inglês e foi cumprimentando os presentes. Fui apresentando todos ao visitante.

Enquanto, falava o Cabeça de Rochedo ia ajudando-o a entender, traduzindo algumas palavras para o chinês, outras ele já conhecia,  trazia um livro consigo e passava o tempo todo lendo-o.  

Pedi que nos recolhêssemos; o dia seguinte seria de muito trabalho.

Na manhã seguinte, como a equipe já estava completa e todos já haviam tomado banho e aproveitado para comer alguma coisa da roça, fomos direto para o trabalho. No escritório, pedimos ao Sr. Tung que nos contasse sua história.

“Nasci numa cidade chinesa chamada Beijing, não fiz muitas coisas na vida não, apesar dos meus 125 anos. Nunca viajei de avião, mas gostei. Sempre fui muito religioso e acompanhei os ensinamentos dos meus ancestrais, especificamente os meus tataravôs  com quem vivi um pouco da minha infância, com o falecimento deles, fui morar com meus bisavós. Meus pais e meus avós foram mortos por um ataque de abelhas venenosas. Elas entraram em casa e todos que estavam  foram mortos em poucas horas.

            Bom, confesso-lhes que já pratiquei a religião dos primeiros chineses, “politeísta”, cultua as divindades da natureza e os antepassados.
 No século VI a.C. , os ensinamentos de Lão-Tse, baseados no “tão” foram transformados em religião e teve muitos seguidores. O Budismo começou a ser difundido no século I a.C. e como todo ser humano passa por evolução. Hoje, sou um chinês Budista moderno. Os chineses têm o hábito de guardar tudo que possa servir de documentos para os séculos seguintes, ou seja, acumulam pilhas de documentos escondidos em porões ou em cômodos fechados e foi assim que descobrir os documentos que aqui lhes apresento.

Ele falava com uma voz trêmula, porém segura, falava em chinês e era traduzido  por Cabeça de Rochedo, ao tempo que gravávamos tudo, sem escapar nada.
  
            Examinamos todos os documentos. Eram desenhos cunhados em pedras, ferramentas de madeira, gravuras e uma escrita estranha feita em um papel grosso de casca de madeira seca e prensada.

            Todo o material estava bem conservado, sua qualidade era impressionante. Os documentos passaram de mãos em mãos, cada um de nos, olhava-os com bastante cuidado todos os detalhes, entretanto não conseguíamos entender a linguagem  escrita. Não demorou muito para concluirmos que dependeríamos da ajuda de outras pessoas ou profissionais. Não tínhamos outra escolha senão viajar em busca de alguém capaz de fazer a leitura de tais documentos.  Enviamos um representante da equipe para cada continente. Fiz um pedido especial a Álvaro. Solicitei que visitasse o Papa João Paulo II, pois certa vez, em uma entrevista a um jornal Italiano, quando lhe perguntaram quantos idiomas falava, respondeu que falava e lia poucos idiomas, mas o que mais gostava de fazer era decifrar linguagens desconhecidas, ficava horas consultando o abundante acervo de documentos históricos do Vaticano. Nossos amigos viajaram e não pouparam esforços, onde houvesse a mínima chance lá eles estariam. Álvaro foi o último a partir, entretanto quando seu avião pousou no Aeroporto Internacional da Itália recebeu uma ligação de Cabeça de Rochedo para encontrá-lo no Japão, pois finalmente soube de um velho esquimó na região de Erlain, Mongólia. O mesmo telefonema foi feito para todos os outros que se encontravam  em pontos diferentes do planeta.

 Chegamos no Japão, eu, Álvaro, Rochedo e Pena Branca. Conforme combinamos ficamos à espera dos demais. A Pena Branca atribuímos a tarefa de proteger os documentos originais que levávamos conosco. Brincamos com ele informando que dessa vez, não poderia ir a cavalo.

            Dali partimos todos para a Mongólia, onde encontramos com um velho monge. O velho usava barbas cumpridas, roupas grossas para proteger-se do frio, fez um sinal amistoso e nos convidou para entrar, tinha a voz rouca e trêmula, mas muito simpático e de sorriso farto, nos mandou sentar e sentou-se também. Ficamos ali sentados ao chão coberto por cobertores por mais de duas horas. Ele examinava os documentos com muita atenção. Não o interrompíamos para não desconcentrá-lo. Finalmente pegou um papel e uma caneta e começou a escrever. À medida que decifrava ia escrevendo.      Ao terminar pediu que tomássemos cuidado por tratar-se de informações que poderiam trazer perigo para a humanidade. Não entendemos o que ele quis dizer, pois nossa intenção era justamente o contrário.

Estávamos com pressa, agradecemos, oferecemos dinheiro e ele recusou. Ouvimos um barulho nos fundos da casa, estranhamos, pois imaginávamos que estivesse sozinho. Perguntamos se havia alguém mais com ele, respondeu que morava com o seu filho. Fiquei curioso de como fez a tradução da linguagem contida nos documentos sem maiores dificuldades, já que tentamos tantos pesquisadores, profissionais e não tivemos êxito. Disse que seus ancestrais usavam aquela linguagem, por isso conhecia o significado de cada traço, linha e ponto presentes ali.

-Gente! Vamos lá, nosso destino agora é Brasil.

Agora sim!  Satisfeitos com o resultado da viagem. Podemos juntar o depoimento de Cinqüenta e Um, os documentos de Pena Branca, os do Chinês e tudo mais que descobrimos e está fechada nossa teoria.

            De volta ao Brasil, nossa missão será elaborar um relatório completo de tudo que  descobrimos. Faremos uma coletiva com a impressa do mundo todo e lhes mostraremos o que descobrimos.









CINCO MESES DEPOIS




Foram cinco meses de trabalho árduo e finalmente os trabalhos foram concluídos.

Cabeça de Rochedo sugeriu que uma festa seria apropriada para o momento.  Sua idéia teve 100% de aprovação e logo começaram os preparativos, uma comissão ficou responsável pelos convidados outra pelos comes e bebes.  Definiu-se também que no dia seguinte à festa, iríamos apresentar o relatório aos amigos, parentes, seriam os primeiros a saberem sobre o resultado da pesquisa.















A FESTA


A casa estava muito movimentada, era o dia da festa e já passava do meio dia, praticamente todos já se encontravam na fazenda, exceção de alguns retardatários. No convite informamos que o horário de início seria às 19 horas, mas pedimos a todos que chegassem antes do horário marcado.

 Exatamente no horário previsto uma pequena banda musical começou a tocar e daí por diante foi só farra.  Não faltaram cervejas, vinhos, whiskys e refrigerantes. À medida que a festa avançava na noite a bebida ia pegando e o povo se agitava no salão. A timidez ia perdendo espaço para a alegria e a descontração. Eu rodava de um lado para o outro à procura de uma prima que chegara de Salvador, fazia tempos que não a via.  Lá estava ela totalmente linda, dançando como uma boneca tinha olhos castanhos, cabelos longos, magrinha, quando me viu deu um sorriso, meu corpo deu uma tremedeira quase desmaiei de emoção. Sabem amigos, aquele frio que dá na gente. É muito difícil de explicar, a gente fica sem voz, os olhos brilham, a boca seca, dá um arrepio, parece que o chão se abre e você cai dento. Não é verdade?   A principio não tive coragem de chamá-la para dançar, preferir aguardar foi quando, Otto e  Gilmara, Silbene e Paulo, Neto e Vanuza, mãe e pai, tios e tias primos, improvisaram uma quadrilha, dessas  de festejos juninos, aproveitei a oportunidade formei par com ela e a levei para um canto da sala, lhe dei um abraço apaixonado, fechei os olhos e a beijei, quando abrir os olhos, ainda sobre o efeito da emoção e de uma sensação jamais sentida por mim,  fiquei assustado e envergonhado, pois todos estavam parados e começaram a bater palmas para mim. O meu tio, pai da garota, mostrou-me o sinto que carregava na cintura, me encarou com cara de quem está muito bravo, mas quando percebeu que fiquei vermelho e nervoso, sorriu e fez um sinal de positivo com o polegar, retribuir o sinal, dei uma respirada e o resto da noite foi só alegria.  A moçada começou a ficar com fome e partiu para os  petiscos e salgados. Para aumentar ainda mais o ânimo dos festeiros, mandamos assar uma leitoa, preparada especialmente por dona Lourdes de Tijura e Dalva de Valdo, as duas, fizeram questão, dizendo que se tratava de um prato tradicional de Caculé. Marcelo Borges, Gilmar, Bidói e suas respectivas esposas, Lívia, Rosângela e Ana, também estavam participando da farra e trouxeram de Iguaí uma novilha para o churrasco. Todos dançavam, pulavam e gritavam, parecia torcida organizada depois de ganhar um título:

 -viva o Céu, e viva as estrelas!
-viva!
- viva Kastrolle,  Pena Branca e viva Cabeça de Rochedo!
-Viva!

 Os festeiros saiam gritando nome por nome...
-e Cinqüenta e Um!
-Viva! Viva!

  Tijura fez amizade com todos, sua animação era contagiante, sempre do lado dos novos amigos estrangeiros para fazer resenha gritava:

 -Trás uma 51 para nós aí gente!


Passava da meia noite e a banda parou de tocar, os últimos a deixar o salão foi Tijura e o Índio Pena Branca que animados ainda arriscavam tomar uma Tequila Especial que Pena trouxe do México, feita por ele mesmo, dizendo que foi seu avô que o ensinou, explicou que a verdadeira Tequila é feita de uma planta mexicana chamada Agave Azul, bastante encontrada no Estado de Jalisco. Eu ainda estava acordado e ouvi a explicação de Pena, levantei e tomei um gole da bebida com uma rodela de lima. Realmente deliciosa e forte, fui ficando por ali com eles, tomamos juntos mais uns quatro goles e os três já estávamos de fogo. Pena começou fazer uma dança diferente, rodando e cantando uma música estranha, começamos a acompanhar ele, mesmo sem saber o que significava aquela coisa. Fiquei tentando entender algumas palavras que pronunciava: Paz, fogo, guerra não, paz, fogo, bala, tiro, confusão, guerra não, vitória, vitória. Ao final caímos bêbados ao chão. Um vento e uma chuva forte caíram de repente, acordamos assustados no meio do terreiro e fomos tomar banho para dormir.  



O DIA SEGUINTE





            De pé e pensativo, recordava momentos felizes da noite passada, em especial os beijos, os abraços e até mesmo o gesto simples do meu tio que com um simples sinal percebi que aprovava o meu namoro com a sua filha e isso me deu coragem e me fez pensar no futuro, em casamento, em família, em filhos. Quanto a Tequila preferi esquecer, apenas lembrava do ritual da dança de Pena e das palavras que me intrigavam, parecia que estava rezando, pedindo paz ou para nos livrar de algo que iria acontecer.

  Parei de pensar nos acontecimentos de ontem, voltei ao presente. Na sala de reuniões, observava a face de todos, via ansiedade estampada em seus rostos, mas acima de tudo notei que a minha satisfação em está ali com todos, estava sendo compartilhada. Fitei-os mais uma vez um por um, agradeci a Deus em silêncio, sem proferir uma palavra se quer, agradeci, por mim e por eles.




Em seguida lhes comuniquei:



-Olá amigos, família,

Concluímos os trabalhos, agradeço a todos vocês pelo sucesso da nossa pesquisa que com certeza, fará o mundo ficar estarrecido e perplexo diante do que apresentaremos. Todos ficarão sabendo como este planeta foi um dia e o que o fez mudar. Importante dizer que sabendo do que fizemos no passado, poderemos ter mais cuidado no presente para garantirmos o futuro do nosso planeta, por conseguinte o nosso.

Proferia o meu discurso e olhava nos olhos de cada um, via a felicidade estampada em suas faces, entretanto notava-se a grande expectativa pelo que iríamos relatar.

 O Dr. Atum, aplicado e perfeccionista refez o relatório diversas vezes, sempre achava algo que podia ser melhorado e retificava uma coisa ou outra. Era um líder nato e gostava das coisas perfeitas, descobrir isso desde o  momento que o conheci, fui logo perguntando se aceitava o cargo de coordenador do grupo e ele aceitou sem titubiar. Sim! Mas, existia um outro motivo para o Dr. Atum está tão feliz assim, é que ele separou-se de sua esposa há 03 anos, sem nunca mais ter ficado com nenhuma outra mulher e agora caiu nas graças de uma baiana filha de um fazendeiro da região e estava no maior amor, sorrindo com as paredes.

            Todos atentos e curiosos para ouvir o que tínhamos a dizer, permaneceram sentamos e em silêncio, iríamos fazer agora, a leitura do relatório pela última vez antes de apresentá-lo à imprensa e aos cientistas. Como eu estava um pouco afônico, devido a gritaria na festa e a cerveja gelada, pedi a meu irmão Altair  que o  fizesse para mim. Bom esclarecer que neste momento na sala para ouvir a leitura estavam além de toda a equipe o meu pai Adonias, minha mãe Hilda, meu outro irmão, o Álvaro, os primos, parceiros na pesquisa, Júnior, Washington, Evandro e Ednaldo, minhas irmãs, sobrinhos, tios, entre eles o tio Oliveira e sua esposa Mary Anny, alguns amigos convidados, o Paulo Furtado e Silbene, Cláudio e Glória, Neto e a Vanuza, presentes também os amigos lá de Caculé, O Valdo e a Dalva,  Sonsom e Simone, Valdir Saraiva e Carmem e Tijura e Dona Lourdes. A comitiva de Caculé havia chegado no dia que antecedeu a festa. Ao chegarem, Tijura foi logo providenciando uma farofa de ovo, dizendo:

-a viagem foi longa e nada melhor para dar sustança do que uma farofinha de ovo, e vamos cair pra dentro meu povo.

            Pedi a  Altair que iniciasse a leitura, agradeci a ele por ter se deslocado de Salvador para este momento especial, tendo sido necessário ter pedido folga ao Oficial superior, visto que aquela semana estavam todos de prontidão na capital em decorrência da visita do Presidente da República a capital Baiana. Quando o chefe de Estado do Brasil vem à Bahia geralmente fica hospedado no Forte de Santo Antonio da Barra.

-Altair meu irmão, te agradeço de coração por ter vindo!

-Estou feliz por você ter concluído seu trabalho, e diga-se de passagem curioso como todos aqui, pois ainda não sei o que está escrito aqui. É uma honra para mim. Meu irmão. Obrigado!

Neste momento ouviu-se um barulho de carros chegando em frente á casa da fazenda, e logo percebemos que se tratava de jornalistas, que saiam em disparada e adentravam a casa e já na sala tirando fotos para todo lado, filmando tudo que via pela ferente, ficamos todos atordoados e logo o nosso grande líder pediu que suspendéssemos os trabalhos até que podéssemos negociar com os repórteres o momento certo da divulgação. Após muita conversa aos poucos os jornalistas foram deixando o local, entretanto percebemos que havia rondando por ali um rapaz de uns trinta e poucos anos, usava uma calça de couro e uma blusa folgada de malha, óculos escuro, tentava disfarçar sua presença, mas todos notaram, pois o sujeito era um pouco estranho, os cabelos eram lisos, castanhos, seus olhos impossível descrevê-los por baixo daqueles óculos escuros,  Pedi a Álvaro, e Otto que ficassem de olhos bem abertos, achei que havia algo estranho no ar, poderia ser apenas um prescentimento bobo, mas todo o cuidado é pouco, afinal, os documentos originais que provariam os resultados da teoria estavam ali, no cofre do escritório.

            Pedi a todos que deixassem a sala, me tranquei sozinho lá dentro e fiquei a pensar o que poderia ter acontecido, como os repórteres  souberam com antecedência, quem haveria contado, e aquele sujeito quem seria, fiz muitas perguntas a mim mesmo, sem obter respostas. Pensei, “deveremos ter cuidado de agora para frente, já estamos no final e não poderemos vacilar”. Comecei então a vasculhar a sala por todos os cantos. Para minha surpresa havia no escritório pelo menos 05 escutas, pequenos microfones e câmaras que haviam implantados ali por dentro. Fiquei assustado e chamei a todos.

Apresentei-lhes o que havia descoberto, fiz as mesmas perguntas que respondi a mim mesmo quando pensava sozinho, tipo: quem, quando e o porquê e lhes falei:


-Amigos e familiares, peço-lhes que me desculpem, porém não será mais possível fazermos a leitura do relatório nesta sala, a partir de agora tudo que se relacionar a este projeto será guardado em cofre e vigiado 24 horas por dia.

 Em seguida, chamei para uma conversa particular os advogados da família Dr. José Almeida Junior e  Gilberto  Castro, o primeiro meu primo e o segundo, meu tio, um dos filhos do grandioso Manoel David, meu avô.

-Meu tio e meu primo, passo a vocês uma tarefa difícil, mas acredito muito na capacidade que tens. Vocês terão à missão de descobrir o que está havendo por aqui.

 Retornei à sala de reuniões, e dirigindo-me aos presentes lhes falei:


- Pessoal, a situação no momento é muito grave, teremos que descobrir realmente o que houve aqui e para isso será necessário tomarmos algumas providências, de início fica cancelada a apresentação do relatório para esta data, ficando em aberto o novo dia, por medida de segurança. Os convidados poderão ficar hospedados aqui mesmo, na casa da fazenda e aqueles que não poderem permanecer,  informaremos posteriormente por telefone o dia exato, pois faço questão da presença de todos vocês aqui. Obrigado.





A INVESTIGAÇÃO



Por onde vamos começar JR, perguntava Gilberto,  sem saber por onde começar,  afinal eram advogados e não detetives. Concluíram que iriam começar fazendo perguntas aos moradores da fazenda, trabalhadores, fazendeiros vizinhos, qualquer pessoa que pudesse nos dá informações. E assim o fizeram. Os primeiros resultados positivos vieram de um roçador de cacau, apaixonado por uma moça chamada Maria. Ele disse que a Maria havia estado com um rapaz com as características descritas.Vieram ter comigo e lembrei da moça da qual falavam, não dava para esquecê-la. Tratava-se de uma morena de olhos verdes e cabelos longos. Maria era linda e todos se encantavam pela menina, tinha apenas 17 anos de idade, sua boca carnuda de lábios largos e um corpo estrutural, tipo violão, deixava todos do lugar boquiabertos, sem falar do jeito de andar, a moça possuía uma bunda, desculpem-me meus leitores pelo uso da palavra, mas deixava qualquer homem tonto, sua voz era doce e as palavras saiam de sua boca como se fossem mel e cada um de nós quando a ouvia lambia os próprios lábios como se imaginássemos está passando a língua nos lábios dela.

            E os investigadores, quer dizer advogados, foram procurá-la:
-Ma... Ma... Maria você por acaso não viu por aí um sujeito estranho de óculos escuros e...?

            Perguntou Junior a Maria gaguejando, pois a moça deixava qualquer um embaraçado e Maria respondeu.

-Hum! Ah! Aquele do carrão importado e com sotaque diferente, acho que ele é de outro país, não entendia muito bem o que  falava. Vi sim, ele me...  ... Ah! Deixa para lá.

            Junior, agora, um pouco mais seguro, pediu a Maria que continuasse, por tratar-se de uma coisa muito importante, é coisa de vida ou morte. O Gilberto que também acompanhava tudo, solicitou à moça ratificando a importância do assunto.

-Não Maria, é muito importante precisamos conversar, me conta tudo que ele te disse.

-tá bom, vou contar, mas só o que eu entendi tá.

Eles anotaram tudo que ela disse e perceberam a necessidade de viajarem a Salvador para aprofundarem nas investigações, pois se o rapaz era um estrangeiro teriam de ter com a Policia Federal. Convidaram  Altair para ir com eles, por ser Oficial do Exército, poderia facilitar um pouco nas investigações. Estando na capital baiana, na delegacia da Polícia Federal, apresentaram-se e foram direto ao assunto, indagando sobre o moço que estavam investigando. A Maria havia passado para eles, detalhes da identidade do rapaz, pois ele havia deixado cair seu Passaporte e ela tinha boa memória e gravou tudo. Sabia seu nome, o país de onde vinha. Chamava-se Michel e era americano da cidade de Nova York, tinha chegado ao Brasil, havia 05 dias e estava aqui a trabalho. Com os dados em mãos a polícia descobriu que se tratava de um ex- funcionário da CIA e que fora demitido por vender informações secretas aos Russos, tendo sido preso, mas fugiu antes da condenação. Está sendo procurado por todas as polícias do mundo, inclusive a brasileira, é excelente em matéria de disfarces e aqui no Brasil já levou o nome de Camaleão. Os federais brasileiros prometeram que fariam de tudo para prendê-lo e extraditarem-no.
Os investigadores deram o caso como encerrado e voltaram ao quartel general. Concluindo que o espião deveria está ali buscando informações para vender, só não sabia a quem, mas o que importava é que deveríamos ficar vigilantes e que a polícia federal iria está por perto. Nesta noite, tive um sonho, onde meu avô sentou-se na cabeceira da minha cama e soprou ao meu ouvido dizendo que já sabíamos o que queríamos, mas que havia pessoas interessadas em apagar nossas memórias e por muito dinheiro acender as suas, tomando para si as descobertas. E ainda antes de sair voando com uma tocha de fogo em mãos disse-me: “Essa tarde não vista a mesma roupa que usar pela manhã”. Disse e repetiu “não vista, não vista a mesma” e o som da voz branda e suave foi ficando mais distante se foi.

No dia seguinte acordei e como de costume tomei um banho frio de chuveiro, sentamos à mesa para o café da manhã, eu e todos do grupo, falamos de tudo, demos risadas, mas havia algo pesado no ar, não conseguia me desligar dos últimos acontecimentos, principalmente do sonho e da recomendação que me foi dada pelo meu avô, da troca da roupa. Mais tarde sair na varanda, dei voltas pela fazenda, usava uma calça jean’s e uma camisa gola pólo verde e sol estava muito forte resolvi colocar óculos para proteger dos raios solares. Eu e o Dr. Atum fomos até o rio água preta, faltavam ainda dois dias para a reunião, na qual faríamos a leitura do relatório despistando os repórteres, esta data foi modificada várias vezes para termos maior segurança e evitarmos o assédio prematuro da impressa.

















UM PAPO COM O AUTOR



Ah! Leitores amigos meu, já estou quase no final da história e quase não falei de mim. Sou  Kastrolle, meu nome de registro é Adalci almeida de Castro, não me perguntem porque esse nome,  acho nem meu pai que o escolheu sabe o porquê. Sou  personagem, narrador e autor da história, tenho 1,68 m de altura, olhos, castanhos claros,  a trama ocorre nos anos 80, mas estou escrevendo em 2007, para ser mais preciso em julho de 2007, agora já tenho cabelos grisalhos, sou casado com Semírames Cristina, tenho uma filha que a chamamos por Laiana, moramos  atualmente no oriente de Caculé. Sou bancário, estudei Economia na UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz; atualmente estudo Gestão de Empresas pela FACINTER.
 Bom, agora chega de falar de mim e vamos voltar a história que contava.     











Ao meio dia retornamos a casa e fomos almoçar, após o almoço fui descansar, deitei um pouco, fechei os olhos e sentir um frio estranho no quarto, abrir os olhos e um beija flor entrou pela janela, fez um canto alternando para baixo e para alto, em seguida se aproximou de mim e beijou-me com o bico. Agradeci o aviso, como se soubera o que queria me contar levantei imediatamente, fui ao guarda roupas peguei uma calça azul, uma camiseta branca, que ganhei de minha mãe, na frente tinha uma frase que dizia “HOJE É O MEU DIA”.

Amigos leitores, eu tinha certeza, assim como aconteceu com o meu avô, ia acontecer comigo, primeiro meu avô veio me dizer no sonho que tive, depois o beija flor, me beijando do mesmo jeito que o beijou naquele dia. Só não entendia uma coisa, o canto que o beija flor fez, não foi aquele canto triste daquele dia e porque o meu avô me mandou trocar de roupas. E a coincidência a camiseta que peguei tinha escrito “HOJE É O MEU DIA” fiquei trêmulo, apreensivo e nervoso com tudo.

Procurei o Índio Pena Branca, que só toma banho em rio de água corrente e o convidei para ir ao rio tomarmos banho conversar e nadarmos um pouco, ele topou, no rio nadamos bastante conversamos, trocamos idéias, contei para ele o que aconteceu, ele me pediu, dizendo:
-não se descuide meu filho, faça como foi pedido.
 Ao terminarmos o banho me vesti com as novas roupas que havia pegado no guarda roupas e saímos de volta para casa. Fazia muito silêncio e nem os animais nem os pássaros se manifestavam. Sentir algo estranho no ar. Do rio que tomamos banho para a casa eram uns 500 metros por dentro do mato e do cacau. Ficamos a jogar conversa fora, andando bem devagar, já havia até me esquecido do sonho, do beija flor, sentamos um pouco a beira do caminho e ficamos admirando um pé de sapucaia. Comecei a lhe falar um pouco daquela magnífica obra da natureza, que parece mais ter sido projetada  e plantada em meio a floresta servindo de abrigo e alimento para animais. Os seus frutos nascem dentro de uma cabaça, esta, tem um tampo voltado para baixo e ao amadurecer ele se desprende e cai ao chão, é comum também, os morcegos durante a noite voarem até o alto destas árvores para se alimentarem da parte do fruto que fica grudado no coco dentro das cabaças, eles conseguem retirar do interior delas,  já abertas, frutos que ainda não se desprenderam e voam com o fruto preso no bico e após sugarem o alimento os joga embaixo de outras árvores. A Sapucaia, é característica da floresta pluvial atlântica, ocorrendo desde o Ceará até o Rio de Janeiro, freqüentemente são nativas, especialmente aqui  
 no sul da Bahia e no norte do Espírito Santo.
  Encontrada também, em estado nativo, na região amazônica. Em alguns casos, na
  alta floresta, a árvore apresenta a magnitude da natureza que a gerou,
  alcançando mais de 30 metros de altura. Ficamos ali, por mais um tempo, falando da sapucaia e de outras árvores nativas da região. Pena ouvia com atenção, visto ser um amante da natureza também.

No rio, onde havíamos nos banhado, um homem apareceu a nossa procura era o bandido internacional, o espião Michel. Levou uma topada numa raiz do pé de jaca nas margens do rio e caiu dentro da água molhando toda a sua roupa. Ele estava ali para cumprir a sua missão tirar a minha vida, mas, chegou tarde, nós já havíamos longe dali. Agora todo molhado e com frio tinha falhado temporariamente de cumprir a  sua missão, vendo que havia roupas deixada sobre as pedras no rio, aproveitou e as vestiu, eram as minhas roupas, as mesmas que passei toda a manhã vestido e que esqueci de levá-las de volta, após o banho.

            Os investigadores advogados falharam numa coisa muito importante, não haviam descoberto que o assassino safado, bandido internacional não estava sozinho na empreitada. Havia por perto um comparsa  e este, passou toda a manhã daquele dia a espreita, esperando a oportunidade certa para tirar a minha vida e receber o dinheiro que lhe haviam prometido.

Quando percebeu o moço de jean’s e gola pólo verde, óculos escuros, vindo do rio , não pensou duas vezes, puxou a arma e atirou por diversas vezes, matando seu próprio companheiro que vestia as minhas roupas, aquelas que o atirador viu que eu as vestia pela manhã. Ao percebermos o que aconteceu o Índio Pena Branca me protegeu e tirou seu arco e flecha que levava nas costas por onde quer que fosse e atirou contra o pistoleiro que foi ferido no ombro e caiu se contorcendo em dores.
    
            Ajoelhei-me ao chão agradeci ao Grande Arquiteto do Universo, a meu avô, e ao beija flor, chorei muito e decidi que agora era a hora. Passei uma lista de telefones para Kátia e Álvaro e pedi que ligassem para todos que haviam viajado, pois esse era o momento. Três horas depois, todos já haviam chegado, então, convidei-os a todos para se dirigirem ao armazém de cacau, que ficava a 30  metros da casa sede, sua construção era sólida, paredes de tijolos, assoalho e portas de madeira. Improvisamos no local, cadeiras, sofás, microfone e uma mesa bem grande para ficarmos á vontade. Sobre á mesa uma jarra com água e biscoitos.











APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO AOS AMIGOS E FAMILIARES


-Altair, pode começar a leitura, por favor.

-Boa tarde, senhoras e senhores,

Quero que saibam que o que vou ler vai ser uma surpresa para mim, pois não vi este material antes, sei também, será uma surpresa para muitos aqui, exceção dos que compunha a equipe kastrolle do projeto denominado –TOERIA DA FORMATACÃO DO CÉU. Financiada e projetada pelo Sr. Manoel David de Castro, meu avô, um homem sonhador e inspirado nos Deuses. Então vamos lá:

A pesquisa teve início no ano de 1.984, a partir de uma conversa entre Kastrolle e o seu avô.
O senhor Manoel David de Castro propôs ao seu neto Kastrolle, que pesquisasse sobre a origem das estrelas no céu.
Após estudo de diversos nomes foram escolhidos para integrar a equipe: o senhor Panagiotys Tammy Lindemark, formado em física, e em engenharia química pela Universidade de Harvad,  Dr. Atum; O Índio Pena Branca, nascido no México, sua graduação, foi a vida que lhe deu. O Sr. Pakyolo Kikamato, astronômo formado pela Universidade de Tóquio Gakugei  do Japão, com mestrado na Universidade de Gakushuin, Gakushuin University. 学習院大, Gakushūin Daigaku é uma instituição educacional situada no bairro de Toshima, em Tóquio. Foi estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial como uma filial da Corporação da Escola Gakushuin, a sucessora privatizada da original Escola de Pares do Reino, que tinha sido criada na Era Meiji para educar filhos da Nobreza Japonesa.

O astronauta brasileiro Ednaldo Pina Marçal, formado em Tecnologia Espacial pela Universidade de São Paulo–USP,  com graduação pela Universidade da Virginia. Conheceu ainda na Virginia um colega funcionário da NASA e através dele conseguiu uma especialização para tornar-se o astronauta brasileiro, ficou ali por 05 anos; Adalci Almeida de Castro, o Kastrolle e o velho Chinês Lão Tze Tung.

Após estudarmos e analisarmos documentos por diversos meses, concluímos que todas as estrelas que existem no céu, foram originadas por uma grande explosão que houve na terra no ano de 1830 a.C.
            Possuímos documentos que comprovam tudo que passaremos a relatar.

No ano de 1.830  a. C. a  noite era totalmente tenra e uma escuridão densa tomava conta da terra, não havia luz, o céu  era totalmente escuro e não se via a lua, coberta pela fumaça emitida pelas imensas fogueiras feitas pelos povos para se protegerem de animais selvagens e do forte frio com as temperaturas que giravam em torno de 15 gráus abaixo de zero. Todos os dias homens e mulheres usavam  seus esforços para derrubar grandes quantidades de árvores, juntavam umas sobre as outras, fazendo fogueiras gigantescas. Ocorre que com tempo, florestas inteiras foram dizimadas e viravam desertos. Os desertos hoje, cobrem quase 32 milhões de km2 da superfície terrestre. Só o deserto do Saara tem uma área com cerca de 2,6 milhões sendo a maior região de deserto do mundo. Os Desertos apresentam localização muito variada e caracterizam-se por uma vegetação muito esparsa e mesmo depois de milhares de anos sua vegetação não muda face às condições climáticas que foram também modificadas com o desmatamento. Possui solo árido e a pluviosidade baixa e irregular, abaixo de 250 mm anuais. Durante o dia o calor é forte e a noite a temperatura cai rapidamente, a vegetação característica do lugar tem ciclo de vida curta. Os nossos documentos provam que toda essa região desértica foi provocada pelas derrubadas de árvores.

            A explosão foi provocada porque naquela época já existiam pessoas que se preocupavam com o desmatamento, eram chamados de “OS TERRÍVEIS PROTETORES DE ÁRVORES” e todos os dias faziam protestos e movimentos contra o desmatamento, mas sempre acabava em lutas corporais e às vezes em grandes guerras, com muitas mortes.

 Numa destas noites de fogueiras um grupo de manifestantes haviam descoberto um gás que se colocado em um ambiente fechado sem existência de oxigênio e com a pressão do calor explodia, deram o nome aquilo de “boom”, hoje, sabemos que o nome verdadeiro é “bomba”. Colocaram este objeto por baixo da montanha de madeira e quando atearam fogo na montanha, meia hora depois, houve uma explosão  jamais vista no planeta. Milhares de pessoas morreram com a explosão, durante muitos anos caia no solo tochas de fogo provocando incêndios em  casas, florestas e tudo que passava no seu caminho. Por muito tempo as pessoas se esconderam embaixo de pedras e cavernas. Quando saíram tiveram uma surpresa a noite estava clara, iluminada por pequenas luzes em pontos diversos do céu e a estes pontos deram o nome de: “ESTRELAS”.

Pedi a palavra a Altair e disse-lhes:

-Caríssimos senhores,
Tudo que expomos aqui está comprovado nestes documentos e relatórios que faremos cópias e ficarão à disposição de todos vocês a partir de amanhã. A coletiva com a imprensa e a Comunidade Científica Mundial será daqui a mais dois dias, já providenciei  convites para autoridades do governo, entidades,  imprensa e pedi aos jornais que divulguem o evento




A COLETIVA




Chegou o grande dia da reunião e a coletiva foi marcada para as 15 horas no armazém, mesmo local que apresentamos o relatório à família e aos amigos.

Faltando 20 minutos para a apresentação fui ao escritório pegar os documentos e para minha surpresa o cofre havia sido arrombado e os documentos roubados. Entrei em parafuso, vi o mundo rodar, sentir uma dor forte e cair desmaiado, rapidamente chamaram a médica Djeane, morava na fazenda vizinha e era prima, me examinou, colocou um líquido com cheiro de éter próximo do meu nariz que me fez recuperar os sentidos, fui voltando aos poucos. Nos instantes iniciais da minha recuperação, vi o filme da minha vida passando em minha cabeça, momentos da minha infância, como  minha primeira bicicleta, a comprei de meu primo Menez, morava Camacã, o pagamento seria a perder de vista, mas tive que devolvê-la na semana seguinte, pois não havia pedido autorização de meus pais para compra-la, fiquei decepcionado, passaram ainda, naquele momento, cenas de uma criança infeliz, com lembranças tristes   que carrego comigo e nunca, jamais, serão revelados por mim. Após esse instante de instabilidade emocional, voltei à lucidez e pedi a Ednaldo e a Evandro que reunisse o Staff imediatamente, precisava tomar decisões desagradáveis que não estavam programadas.

            Ednaldo e Evandro eram irmãos e  filhos de tia Dete, umas das filhas Meu avô, eles sempre estavam por perto e dispostos a ajudar quando precisávamos.

 Ainda meio tonto com os últimos acontecimentos, observei que todos os integrantes da equipe estavam presentes, então comuniquei oficialmente o que houvera ocorrido, declarei o encerramento dos trabalhos e pedi que voltassem para casa, não havia mais nada a fazer por ali. Solicitei também, que cancelassem a coletiva e chamassem a polícia. 
           




RETORNO AO QUARTEL GENERAL
23 anos depois



            Caia uma chuva tenra, era mês de setembro, iríamos permanecer ali por uma semana, fazíamos isso desde a adolescência, passávamos o ano todo uns em Itabuna, outros em Camacã, José Almeida Junior e Washington  em São Paulo, eram os que moravam mais longe, mas mesmo assim, em dezembro ficávamos de férias das escolas e retornávamos à fazenda, seja para brincar, seja para reunir a família, sempre estávamos ali. Naquela manhã , desde as sete horas,  despencava do céu uma tempestade e fazia um barulho forte, parecia um dilúvio e que o mundo ia acabar, era mês de setembro do ano de 2007.

Havíamos ali, desta vez, não para brincar como antigamente, nem para passar as férias, mas, para discutirmos problemas da própria fazenda que já não produzia nem para suas despesas de manutenção. Com o sol forte dos últimos anos e a praga chamada vassoura de bruxa, 90% dos pés de cacau já haviam morrido.

Embora, o motivo pelo qual, estávamos todos ali era o de buscar soluções para fazer a fazenda produzir para cobrir suas próprias despesas o assunto que não saia da cabeça de todos era o do roubo dos documentos e provas da pesquisa. Um primo chegou a comentar que passávamos por dificuldades porque eu havia gasto todo o dinheiro que meu avô deixou nessa maldita pesquisa com nome de Teoria da Formatação do Céu. Fiquei irritadíssimo com o comentário desagradável, mas passei em branco e fiz de conta não ter ouvido.

E mesmo sem ninguém perguntar em tom expresso, apenas em pensamento, a pergunta que todos queriam fazer era:

E a investigação policial, qual o resultado?
Resolvi falar:

            -a verdade é que a polícia depois de 02 anos de investigação sem resultados positivos, arquivou o processo, mas há uma notícia, em um pequeno jornal japonês, dizendo que o filho de um velho sábio  monge esquimó, famoso por decifrar enigmas e escritos antigos, estava hospedado no hotel Tóquio Central Pálace da ilha chamada Kyuushuu. O jornal informava que um homem de pouca idade estava comprando ilhas do arquipélago e que aquilo era inaceitável, os japoneses não poderiam aceitar vender suas ilhas dessa forma, não se sabe o que o comprador pretende fazer quando adquiri-las. “Isso é muito perigoso e o governo tem de interferir”-dizia o autor da notícia. A reportagem chamou a atenção do FBI quando o jornal informou que se tratava do filho de um velho esquimó da Mongólia e que o garoto enriqueceu quando vendeu documentos antigos para um milionário excêntrico, conhecido na Ásia como o dono do arquipélago japonês.
O Japão é um arquipélago. Está localizado ao longo da costa oriental do continente asiático, formado por 4 ilhas principais: Hokkaidou, Honshuu, Shikoku e Kyuushuu, além de milhares de pequenas ilhas, a maior  é a Honshuu, onde fica a atual capital, Tóquio.

 -O filho do monge esquimó estava interessado em comprar uma das pequenas ilhas que fica perto da capital.

Fiquei sabendo logo depois que o FBI descobriu. É que quando eles arquivaram o processo eu paguei a um funcionário da área burocrática para  me comunicar qualquer notícia que soubesse do assunto, pois, é comum o FBI arquivar o processo para disfarçar e continuar as investigações as escondidas.

Logo voltamos o assunto ao que nos propomos para aquele momento ou seja, a fazenda.            
Depois de quatro horas de reunião, cansados, já era noite e ainda chovia, fomos jantar. Após o jantar jogamos dominó e baralho até as duas da manhã, então fomos dormir.


A chuva ainda era densa e batia um vento muito forte, derrubava árvores e os animais se agitavam no mato.

Recebi um envelope do Serviço de Encomenda Expressa – SEDEX - internacional, remetido pela Polícia especial do Japão- A Japan’s National Police Agency, abrir o envelope e dentro dele estavam todos documentos roubados, foi um momento especial de alegria. Quando o mensageiro entregou-me a encomenda, juro que tremi, parecia saber o conteúdo daquele envelope. Como já estávamos na fazenda há mais de 03 dias e chovia muito, havia caído um poste da rede elétrica e não havia energia, os telefones não funcionavam e os computadores estavam desligados. Estávamos literalmente isolados do mundo metropolitano e urbano e algumas perguntas rondavam minha cabeça: como aquele SEDEX havia sido entregue? Como o carteiro, mensageiro , sei lá, havia chegado ali? Não importava mais, o importante é que eu estava com os documentos e todas as provas nas mãos.  Olhei pela janela de vidro a minha frente e percebi que a chuva continuava.

Ouvi uma criança chorando lá fora na chuva era o filho do empregado, sair à porta, ainda com o envelope nas mãos, vi a criança embaixo de um pé de jambo na frente da casa, fui pegá-lo, ao me abaixar para segurar a criança, assustada e molhada, vi um clarão e ouvi uma explosão, cair ao chão abraçado com o pequeno. Havia caído sobre a árvore um raio a destruindo quase que inteiramente, causando um grande incêndio no meio da noite, todos acordaram e foram ajudar a apagar o incêndio, na agitação para salvar a vida do menino e a minha própria, nem percebi que o envelope havia caído ao chão em meio ao incêndio e dele só restaram cinzas. A criança que eu acabara de salvar das águas e do fogo ao mesmo tempo, agora nos braços de sua mãe, correu, me abraçou e com lágrimas nos olhos me disse:

-Um homem de barba branca me mandou sair de noite na chuva que ia cair uma estrela que era para eu ver e dizer para o senhor  que a brasa que caiu na árvore foi ele quem deixou cair e que tudo que o fogo queimar é para sempre e é para impedir que os homens ruins façam uma nova boom como a que explodiu a montanha de árvores.

Já eram 05 horas da manhã e acordei assustado, sair correndo para fora da casa para ter certeza que o pé de jambo estava ali. Ao perceber intacto, voltei e deitei novamente. Fiquei imaginando e tentando entender aquele sonho estranho.

Ao levantar-me fui ter com o visinho perguntei pelo seu filho e ele me disse que o menino, agora estava deitado, mas, a pouco havia acordado meio assustado, com frio e espirrando. O menino ouviu a  minha voz e veio correndo, me abraçou e me mostrou a foto de Jesus Cristo sobre a mesa, apontou com o dedo e disse: “ Ó tio, foi aquele homem da foto que me pediu para te dar um recado e um beijo”. Eu abracei aquela criança frágil e linda, sentir ainda, seu corpo quente devido o calor do fogo, como havia no sonho,  agradeci e lhe disse “já me deu o recado filho, obrigado, só falta agora o beijo”. O garoto chegou bem perto do meu ouvido e falou-me: não, não tio, ainda falta te dizer uma coisa, ele pediu para não contar o sonho a ninguém.

Podem não acreditar, meus leitores, mas, cair em depressão, e fiquei sei comer e sem beber durante cinco dias, não me levantei da cama, saia apenas para fazer algumas necessidades biológicas.

 Recebia apenas uma visita todos os dias, a prima Djeane, a me consultar e fazer suas recomendações, mas, não as cumpria, motivo pelo qual já estava muito debilitado e quase morrendo. Até que aceitei receber uma visita especial, o pequeno Davisinho, o menino do recado. Recebi sua visita, pedi a todos que nos desse licença e começamos a conversar, perguntei a ele qual seu verdadeiro nome, pois ainda não sabia. Ele me contou que seu nome era Manoel David da Silva, que “Manoel David” era uma homenagem do seu pai a meu avô  e que “da Silva” era o sobrenome do seu  pai. Comecei a tentar entender o que estava acontecendo. O garoto me disse: tio você tem que comer e beber um pouco de água, se  não se levantar meu pai vai ficar sem emprego e a nossa fazenda Santa Maria precisa de você tio.
           
Chamei minha mãe pedi um copo com leite e me levantei e nunca mais permitir que alguém tocasse no assunto dos tais documentos ou da pesquisa.

A chuva cessou no dia seguinte, a rede elétrica foi reconstituída, onde havia fios quebrados foram substituídos, o poste caído, foi reposto e a energia voltou. Liguei a televisão, era horário do jornal, na manchete a notícia: Vulcão japonês Sakurajima entra em erupção.
TÓQUIO, 8 jun (AFP) - O vulcão Sakurajima, situado no sul do Japão, entrou em erupção na quarta-feira, expulsando nuvens de cinzas a mil metros de altura e espalhando lavas por 5.000 metros, destruindo tudo por onde passava, no curso das lavas estava a casa de um dos homens mais ricos do mundo, o milionário excêntrico, Sr. Nagazaky tanaka, tudo que havia dentro dela foi destruído pela fúria do vulcão. O milionário lamentou a perda de documentos importantes que havia comprado de um mongolês e ainda não houvera apresentado a humanidade.
Situado na ilha meridional de Kyushu, o Sakurajima, de 1.117 metros, entrou em erupção na última hora da tarde de quarta-feira, revelou a agência.
A erupção é a primeira que ocorre na parte leste do vulcão em 60 anos.
O Sakurajima, um dos vulcões mais ativos do Japão, tem atividade permanente em sua parte sul há meio século.

As autoridades consideram a atividade do Sakurajima algo normal, porém a injeção de lavas  foi algo inédito e preocupante.
 Olhei para o alto do céu e pensei: “O poderoso Deus fez o que tinha que fazer”.
        Rezei uma prece, pedindo a Deus que diga a meu avô lá no céu que aqui está tudo bem e agradeci por tudo.
Obrigado meu Deus.





Fim.


Ass. Kastrolle.

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